quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Diego Maradona adorava a NFL, e a liga não se lembrou disso

Gênio do futebol mundial nos deixou aos 60 anos de idade (foto: divulgação AFA)

Você que clicou para ler este texto provavelmente já sabe que Diego Armando Maradona morreu nesta quarta-feira, 25 de novembro. A partida de um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos causou perplexidade e comoção no mundo inteiro. Dono da camisa 10 da seleção da Argentina, jogou por quatro Copas do Mundo, sendo o principal nome do time campeão mundial de 1986, protagonizando atuações épicas, e marcando um dos gols mais belos da história, contra a Inglaterra.


 

Aqui no Left Tackle Brasil, não vamos nos aprofundar na carreira de Don Diego, nem sobre a causa de sua morte, aos 60 anos. Isso você já deve ter lido em sites de notícias, ouvido nas rádios ou ter assistido nos canais de TV. De alguma forma, resolvi aqui adotar uma abordagem diferente ao enaltecer a vida de D10s, como os argentinos o chamam, e de relacionar Diego com o futebol americano. Afinal de contas, este site cobre o futebol da bola oval, e não o da bola redonda.

Hoje, depois de tanto vasculhar, fiquei frustrado com o fato de a NFL não ter feito uma única menção à morte de Maradona, nem em seu site, nem nas redes sociais. Nada! O perfil oficial da liga para o Brasil no Twitter publicou uma breve homenagem ao jogador, mas esta página tem apenas o alcance local de brasileiros. Assim como em outras vezes, a National Football League novamente ignorou um fato esportivo de grande relevância por ter sido fora dos Estados Unidos, mesmo com a enorme importância que Maradona tem para o esporte. 

Para não dizer que ninguém da principal competição de futebol americano homenageou Maradona, o defensive end do Houston Texans, JJ Watt, o running back Jay Ajayi, atualmente sem time, o kicker Sergio Castillo, que jogou no New York Jets neste ano, e o ex-wide receiver Chad Johnson [este, com um retweet no perfil do Nápoli, clube italiano em que o argentino fez história nos anos 1980], foram os únicos que lembraram do craque.

Se a NFL deixou de homenagear um dos maiores atletas de todos os tempos, isso é um problema apenas da liga. Mas Maradona gostava da NFL, e muito. O jornal espanhol As publicou um texto na tarde desta quarta-feira que mostrava a identificação do jogador com a liga norte-americana. A notícia resgata uma entrevista que Don Diego concedeu ao diário Olé, da Argentina, em 2009. Nela, Maradona fala que, se pudesse adquirir a identidade de um jogador da NFL daquela época, ele escolheria o quarterback Peyton Manning, então no Indianapolis Colts. "Sim, me encanta! Não uma equipe, mas gostava do [Brett] Favre, que deixou Nova York [em referência ao fato de que o quarterback Brett Favre jogou no New York Jets em 2008]. Eu quero ser Peyton Manning", relatou.

E a comparação de Maradona com Manning faz sentido. Ambos estão entre os maiores da história em suas respectivas modalidades. Enquanto o argentino foi lendário jogando na seleção nacional, ganhando uma Copa do Mundo e diversos outros grandes títulos, sendo o melhor do mundo nos anos 1980, o quarterback também trilhou uma excelente carreira, e foi cinco vezes o MVP da NFL, levando dois títulos de Super Bowl – encerrando sua passagem como atleta profissional com o recorde em passes para touchdown e em jardas lançadas. 

Além disso, um dos sonhos do camisa 10 era de poder acompanhar a uma partida de futebol americano no estádio, especialmente, um Monday Night Football. Maradona disse que não perdia nenhuma partida de horário nobre, além de ressaltar que o que mais lhe chamava a atenção no esporte era a estratégia. "Quero ver um [jogo] de futebol americano, estar lá, pois nas segundas-feiras não perco uma partida", destacou, afirmando que gostava muito de ver cada jogada. 

Assim, descobrimos o lado fã da NFL de Diego Armando Maradona. O gênio que desfilava golaços decisivos em faltas e pênaltis, tais quais os field goals anotados pelos kickers nos últimos segundos. O homem que armava passes perfeitos para o gol de seus companheiros, como quarterbacks de elite fazem ao passar para touchdowns. A lenda que, se preciso fosse, até colocava uma mãozinha na bola para conseguir o seu objetivo, como aquele desvio de passe certeiro aplicado por um defensor para impedir um passe completo. E que, sempre que tinha a oportunidade, driblava um time inteiro para marcar um dos gols mais belos de todos os tempos, a exemplo de um running back de alto nível.

Obrigado por tudo, Maradona! Você está eternizado na história do futebol. É um dos maiores entre todos os atletas. Que descanse em paz!

E aproveito para agradecer também ao amigo Jônatha Bittencourt, repórter da RecordTV, que encontrou a referência, sendo possível a realização deste texto.

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