terça-feira, 30 de março de 2021

NFL amplia temporada regular e número de jogos por equipe a partir de 2021

Cada equipe fará 17 jogos por temporada regular a partir deste ano (foto: Kim Klement/USA Today Sports)

A National Football League oficializou nesta terça-feira, 30 de março, que a partir de 2021, a liga terá 18 semanas de temporada regular, e cada time fará 17 partidas na primeira fase, e não mais 16, como era desde 1978. A medida era esperada desde o ano passado, quando a NFL entrou em acordo coletivo com a NFLPA (o sindicato de atletas da liga), e foi ratificada pelos donos das 32 franquias após o encontro anual que define os rumos da competição.

O 17º jogo de cada equipe será entre duas divisões de conferências distintas, nas quais a equipe de uma determinada divisão enfrentará um oponente de uma divisão da outra conferência que terminou na mesma colocação que no ano anterior. Os demais 16 jogos seguem conforme era anteriormente: seis contra adversários da mesma divisão; quatro contra os times de outra divisão da mesma conferência; quatro contra equipes de uma divisão da outra conferência; e dois contra equipes da mesma conferência terminados com a mesma posição em suas respectivas divisões.

A tabela oficial ainda não foi divulgada, mas o 17º jogo de cada equipe já está definido. Neste ano, serão os times da AFC quem terão o mando de campo neste duelo específico. Veja abaixo quais serão as 16 partidas que entram no calendário de 2021:

AFC Leste x NFC Leste

1º – Buffalo Bills x Washington Football Team

2º – New York Giants x Miami Dolphins

3º – Dallas Cowboys x New England Patriots

4º – Philadelphia Eagles x New York Jets

AFC Norte x NFC Oeste

1º – Pittsburgh Steelers x Seattle Seahawks

2º – Baltimore Ravens x Los Angeles Rams

3º –  Cleveland Browns x Arizona Cardinals

4º – Cincinnati Bengals x San Francisco 49ers

AFC Sul x NFC Sul

1º – Tennessee Titans x New Orleans Saints

2º – Indianapolis Colts x Tampa Bay Buccaneers

3º – Houston Texans x Carolina Panthers

4º – Jacksonville Jaguars x Atlanta Falcons

AFC Oeste x NFC Norte

Kansas City Chiefs x Green Bay Packers

Las Vegas Raiders x Chicago Bears

Los Angeles Chargers x Minnesota Vikings

Denver Broncos x Detroit Lions

Com a definição de um jogo a mais por temporada regular para cada equipe, também há alterações na duração da temporada da NFL, que inicia normalmente em setembro, no dia 9. A semana 18 e derradeira na primeira fase será em 9 de janeiro de 2022. E a mudança mais importante está na data do Super Bowl LVI. A edição 56 da decisão será em 13 de fevereiro, ou seja, a partir do próximo ano, a NFL se encerrará no segundo domingo de fevereiro.

Ainda para 2021, a previsão da liga é que a temporada volte a ter 100% de ocupação nos estádios, desde que a vacinação contra a Covid-19 nos Estados Unidos se mantenha no ritmo atual. Na temporada passada, por causa da pandemia, diversos jogos não tiveram torcedores, embora algumas equipes tenham liberado público parcial. 

Jogos internacionais

O calendário da temporada de 2021 ainda não foi divulgado, e é incerto saber se a NFL realizará algum jogo fora dos Estados Unidos – como ocorria até 2019 na Inglaterra e no México – devido às restrições de viagens internacionais influenciadas pela Covid-19. Apesar disso, a liga olha para o futuro pós-pandemia para crescer mais além das fronteiras estadunidenses. Segundo o site da CBS Sports, a partir de 2022, a National Football League quer usar os confrontos internacionais para outras localidades.

Além dos duelos em Londres, no Tottenham Hotspur Stadium, e no Estádio Azteca, na Cidade do México, a NFL pretende para 2022 a realização de uma partida na Alemanha, na capital Berlim ou em Munique. Outras opções futuras que a liga avalia podem ser no Canadá ou no Brasil, embora sem a certeza de qual ano que estes confrontos ocorreriam. 

Outra novidade importante com relação aos jogos internacionais da NFL é que a liga pretende incluir todos os times na rotatividade para fazer pelo menos uma partida fora dos Estados Unidos a cada oito anos. O primeiro jogo em outro país foi no México em 2005 e, a partir de 2007, a National Football League passou a realizar jogos em Londres em todos os anos. Desde 2016, além da capital inglesa, o México voltou a receber uma partida por ano (a exceção de 2018). No ano passado, não houve jogos fora dos Estados Unidos em razão da pandemia. 

sexta-feira, 26 de março de 2021

Dolphins, 49ers e Eagles trocam de posições na primeira rodada do Draft

Miami Dolphins foi o protagonista de duas movimentações, que envolveram San Francisco 49ers e Philadelphia Eagles (foto: USA Today Sports)

É comum que o Draft da NFL, o sistema de escolha de jogadores universitários para entrarem na liga profissional de futebol americano, passe por constantes alterações na sua ordem de seleção através das trocas proporcionadas pelas equipes. Na Offseason, a única forma de um time adquirir um atleta com contrato com outra franquia é através de trocas, em que, muitas vezes, envolve também a posição de escolha em uma determinada rodada. Porém, antes do dia do Draft, não é tão frequente que haja mudanças na ordem de seleção que não envolvam jogadores. 

Diferente desta escrita, a sexta-feira, 26 de março, proporcionou duas movimentações de relevante impacto que alteram o posicionamento de três times da NFL na primeira rodada de escolha. O Miami Dolphins, que tinha a terceira escolha geral do Draft de 2021, trocou de posição com o San Francisco 49ers (que tinha a 12), e minutos depois, subiu até a sexta posição geral, substituindo o Philadelphia Eagles. 

Para quem não lembra, a ordem original de cada Draft é inversa à classificação geral da NFL da temporada anterior. A exemplo disso, o Jacksonville Jaguars terá a primeira escolha geral, e o Tampa Bay Buccaneers, atual campeão do Super Bowl, a escolha 32, a qual fecha a primeira rodada. Em caso de uma troca entre duas equipes, a franquia que herdou a escolha fica na posição daquele time que tinha a seleção original.

Assim sendo, o Miami Dolphins tinha a terceira escolha, graças a uma troca de 2019 feita com o Houston Texans, em que envolveu jogadores e também as seleções que eram de Houston na primeira rodada de 2020 e 2021, e também na segunda rodada deste ano. Como o Texans foi o terceiro pior da liga, Miami tinha um poderoso lugar para escolher um atleta de elite do futebol americano universitário, ou então para barganhar mais escolhas altas de Draft em troca com outras equipes. E foi a segunda opção a preferida.

Primeiramente, Miami trocou de posição com o San Francisco 49ers. Enquanto a equipe de San Francisco agora ocupa a terceira seleção geral, Miami recebeu em troca a 12ª escolha geral, na primeira rodada, mais uma escolha de terceira rodada no Draft de 2022 e também as escolhas de primeira rodada nos recrutamentos de 2022 e 2023. Provavelmente o 49ers pretende ir atrás de um quarterback para ter tido uma escalada tão alta. Há três nomes considerados os maiores prospectos da posição, de acordo com analistas do College Football: Trevor Lawrance, de Clemson, Zach Wilson, de BYU, e Justin Fields, de Ohio State. Se isso ocorrer, pode ser o fim do ciclo de Jimmy Garoppolo em San Francisco.

Alguns minutos após esta primeira troca, o Dolphins voltou a se movimentar por posições no Draft. A equipe de Miami, que havia caído para a posição 12, subiu para a sexta escolha geral, após trocar de posição com o Philadelphia Eagles. A equipe da Philadelphia recebe, além da 12ª seleção, a escolha 123 deste ano, e a escolha de primeira rodada de Miami em 2022. O Miami Dolphins também recebeu, além da sexta seleção, a escolha de número 156.

O Draft deste ano está marcado para ocorrer entre os dias 29 de abril e 1º de maio. Diferente do ano passado, em que o evento foi totalmente remoto para evitar aglomerações no primeiro pico da pandemia da Covid-19, em 2021 a seleção será em Cleveland, e a expectativa é para que tenha público, por conta do avanço na vacinação contra o coronavírus nos Estados Unidos. A meta do governo local é que, até o fim de abril, sejam aplicadas mais de 200 milhões de doses do imunizante nos estadunidenses

quarta-feira, 17 de março de 2021

Deshaun Watson é acusado de assédio sexual

(Foto: Usa Today Sports)

O quarterback do Houston Texans, Deshaun Watson, foi acusado de assédio sexual por parte de uma massagista nesta terça-feira, 16 de março, no condado de Harris, no estado norte-americano do Texas. Segundo a denúncia, o fato teria ocorrido em março de 2020 durante uma sessão ao qual o atleta teria contratado. Os relatos são preocupantes e podem causar desconforto ao ler nos parágrafos seguintes. Portanto, recomendo que, a quem possa sofrer algum gatilho mental com este caso, opte por não ler o restante do conteúdo.

De acordo com a denúncia, Deshaun Watson a contatou através de seu Instagram há um ano, em que ele perguntava se ela oferecia serviços de massagem, e assim agendaram uma consulta na casa da massagista. Ao chegar no local, o quarterback disse que queria uma "massagem para relaxamento", e não uma massagem esportiva. Em seu depoimento, a mulher relata que durante a massagem, Watson colocou seu órgão genital na mão dela. Imediatamente, ela interrompeu o atendimento e pediu para que ele se retirasse da residência. 

O site TMZ Sports revelou detalhes da denúncia. No momento do assédio, Watson teria feito uma ameaça velada à profissional, dizendo "eu sei que você tem uma carreira e uma reputação, e eu sei que você odiaria que alguém mexesse com a sua, assim como não quero ninguém mexendo com a minha". A mulher ainda teria recebido posteriormente uma mensagem do jogador pedindo desculpas, mas ela não o respondeu mais. A vítima, que teve sua identidade preservada, revela ter tido crises de depressão após este episódio, e o denunciou por danos morais. O valor da indenização pedida não foi divulgado.

Na tarde desta quarta-feira, 17, o TMZ Sports revelou mais episódios de assédio por parte do quarterback do Houston Texans. Uma segunda mulher revelou ao site um caso semelhante ao primeiro revelado. Esta vítima, também massagista, é da cidade de Atlanta, e disse que em agosto, Watson a contratou para uma sessão em um hotel em Houston. Pelo depoimento da vítima, ela conta que o jogador ficou "imediatamente nu e subiu na mesa de massagem com o pênis completamente exposto", e também levou seu órgão genital para a mão da vítima. O site que publicou estas informações também relata que outras mulheres também contam que sofreram assédio de Deshaun Watson.

Ainda na noite de terça-feira, o jogador publicou uma declaração, ainda a respeito sobre a primeira acusação, até aquele momento, a única pública. Ele diz que tomou conhecimento do processo através das declarações do advogado da vítima, e nega as acusações

Estas revelações são mais um episódio de violência contra a mulher envolvendo atletas da NFL. Porém, até mesmo a liga se torna responsável por não realizar ações efetivas de combate à casos de assédio e abuso sexual, além de já ter oferecido penas brandas a jogadores que cometeram tais delitos. Exemplos não faltam, como os casos de Kareem Hunt e Antonio Brown. O primeiro foi flagrado agredindo uma mulher. e o segundo enfrenta um processo de estupro. Quanto a Deshaun Watson, até agora a NFL não se manifestou sobre o caso, e o seu time, o Houston Texans, apenas se comunicou que vai aguardar informações posteriores para saber o que vai decidir. Em janeiro, o jogador pediu para ser trocado por conta de divergências com a direção da franquia.

terça-feira, 16 de março de 2021

Às vésperas da Free Agency, as primeiras movimentações de impacto para 2021

Entre os contratados, está a aquisição do tight end Hunter Henry, um dos novos reforços do New England Patriots (foto: USA Today Sports)

Março é aquele mês em que já nos acostumamos a estarmos sem o futebol americano, e o qual já nos dedicamos a ver outros esportes. A NBA está à pleno vapor, a Fórmula 1 iniciará sua temporada no final do mês e, no futebol, a temporada 2021 recém começou no Brasil, aos trancos e barrancos, enquanto o ano de 2020 terminou há poucos dias, com a final da Copa do Brasil. Mas não é por isso que não tem novidades na NFL, ainda mais agora, no mês em que abre oficialmente a janela de transferências da liga.

O ano fiscal de 2021 da liga começa em 17 de março. Apesar disso, já houve algumas movimentações importantes até a noite desta segunda-feira. São contratações ou dispensas das franquias já pensando na próxima temporada, que deve ocorrer normalmente em setembro, pois lá nos Estados Unidos, a vacinação contra a Covid-19 segue em ritmo acelerado, realidade bem diferente da nossa, aqui no Brasil, em que vivemos o pior estágio da pandemia

Nesta segunda-feira, 15, houve muitas novidades na contração de jogadores. E entre os times, quem marcou presença foi o New England Patriots. O time treinado por Bill Bellichick, que também é o GM, arregaçou as mangas para retomar o caminho dos Playoffs, o que não aconteceu em 2020, interrompendo uma sequência de 12 temporadas seguidas na pós-temporada. Reforçando a defesa, o time contratou o linebacker Matt Judon, ex-Baltimore Ravens, por quatro anos e US$ 56 milhões em salários. E além dele, a equipe trouxe para seu elenco o defensive back Jalen Mills, ex-Philadelphia Eagles, também por quatro anos e US$ 24 milhões. A expectativa para um melhor setor defensivo neste ano acaba ficando grande, pois devem voltar ao elenco o linebacker Dont'a Hightower e o safety Patrick Chung, que optaram por não jogar em 2020 por causa da Covid-19.

Ainda em New England, o ataque foi fortalecido com as contratações dos wide receivers Nelson Agholor e Kendrick Bourne (ex-Las Vegas Raiders e San Francisco 49ers, respectivamente), e do tight end Jonnu Smith, ex-Tennessee Titans. Agholor receberá por dois anos o valor de US$ 26 milhões, já Bourne chega ao Patriots por US$ 22,5 milhões e três anos de contrato, enquanto Smith ficará com o maior contrato: quatro anos e US$ 50 milhões em salários. Todos devem ser bons alvos para o quarterback Cam Newton, que permanece na equipe para 2021, por US$  14 milhões de salário. Além disso, na manhã desta terça-feira, 16, foi contratado o tight end Hunter Henry, ex-Los Angeles Chargers, que receberá US$ 37,5 milhões por três anos.

No domingo, 14 de março, noticiamos a aposentadoria do quarterback Drew Brees, que após 20 anos na NFL, sendo 15 deles no New Orleans Saints, decidiu pendurar as chuteiras. Quanto a quem será o seu sucessor, abre-se uma disputa para a titularidade, se ficará com o versátil Taysom Hill ou com Jameis Winston, que foi titular entre 2015 e 2019 no Tampa Bay Buccaneers.

Pelos atuais campeões do Super Bowl, havia uma expectativa para que alguns dos principais atletas saíssem do Buccaneers, até por conta da valorização que estes teriam no mercado. Mas não foi bem assim. Tom Brady, o quarterback de sete títulos de Super Bowl, renovou o contrato por mais um ano, e o maior jogador de todos os tempos da NFL fica em Tampa pelo menos até 2022 (isso mesmo, teremos Brady em campo com 45 anos). Seu fiel escudeiro, o tight end Rob Gronkowski, também fica. Ele renovou seu contrato por mais um ano, e receberá US$ 10 milhões.

Já no Kansas City Chiefs, atual vice-campeão, as mudanças chegaram principalmente na linha ofensiva, maior problema da franquia na temporada passada. O Chiefs dispensou os offensive tackles Mitchell Schwartz e Eric Fischer. E entre as contratações, Joe Thuney, ex-New England Patriots.

Contratações de impacto têm surgido por vários times. E o Las Vegas Raiders é um deles. O time contratou o defensive end Yannick Ngakoue, por dois anos e US$ 26 milhões de salário. O atleta já foi selecionado ao Pro Bowl, e surgiu no Jacksonville Jaguars, em 2016. No ano passado, jogaria pelo Minnesota Vikings, mas foi trocado para o Baltimore Ravens antes da temporada começar. Ainda no setor defensivo, o Los Angeles Rams renovou o contrato do linebacker Leonard Floyd, que receberá US$ 64 milhões em seu vínculo de quatro anos.

As movimentações também envolvem aqueles times que foram muito mal em 2020, e que tentam se fortalecer para este ano. O New York Jets é um deles. A equipe contratou o wide receiver Corey Davis, ex-Tennessee Titans, por um grande valor. Ele receberá US$ 37,5 milhões por três anos.

E na função de quarterback, um famoso andarilho tem uma nova casa garantida. Ryan Fitzpatrick assinou com o Washington Football Team por uma temporada. Ele receberá US$ 10 milhões para jogar na franquia, e pode ser que seja o titular, pois Alex Smith, o Comeback Player of the Year de 2020, foi dispensado, e tentará arranjar um emprego em outro time. Fitzpatrick irá para o nono time diferente em sua 17ª temporada na carreira. O quarterback tem passagens por Los Angeles Rams (na época, St Louis Rams), Buffalo Bills, Cincinnati Bengals, Houston Texans, New York Jets, Tennessee Titans, Tampa Bay Buccaneers e Miami Dolphins – time em que defendeu em 2020.

Até o fechamento deste texto, estas foram as principais movimentações das equipes da NFL. Assim que tivermos outras novidades, atualizaremos aqui no Left Tackle Brasil. 


domingo, 14 de março de 2021

Aos 42 anos, Drew Brees anuncia a aposentadoria

Atleta encerra a carreira como recordista em jardas lançadas na história da NFL (foto: USA Today Sports)

Oficialmente, chega ao fim o ciclo de um dos mais importantes quarterbacks da história da NFL. Drew Brees, que desde 2006 era o titular do New Orleans Saints, e que era jogador profissional desde 2001, anunciou sua aposentadoria neste domingo, 14 de março. O agora ex-quarterback da NFL confirmou sua despedida através de um vídeo publicado em sua conta no Instagram, em que seus filhos dão a notícia para todos os fãs do futebol americano.

Na descrição da postagem, Drew Brees disse que após 20 anos na NFL, e 15 anos como jogador do New Orleans Saints, esta era a hora para se retirar do futebol americano. "Até o fim, me cansei de dar tudo de mim mesmo para a organização Saints, meu time e a grande cidade de Nova Orleans. Compartilhamos alguns incríveis momentos juntos, muitos dos quais estão gravados em nossos corações e sempre farão parte de nós. Vocês me moldaram me fortaleceram, me inspiraram, e me deram uma vida inteira de memórias. Minha meta nos últimos 15 anos foi me esforçar para dar para vocês tudo o que vocês me deram e muito mais", explicou.

Brees encerra sua carreira como um atleta consolidado, e que futuramente estará no Hall da Fama da NFL. Individualmente, sai de cena como o recordista na história da NFL em jardas lançadas e em passes completos, além de ser o segundo com mais passes para touchdown de todos os quarterbacks– marca esta que chegou a ter sido dele durante a temporada de 2020, até ser superado por Tom Brady, hoje no Tampa Bay Buccaneers, quando fraturou 11 ossos da costela, desfalcando o Saints por quatro partidas. 

Sua última partida como profissional foi  em 17 de janeiro, quando o New Orleans Saints perdeu justamente para o Buccaneers por 30 a 20. Na ocasião, Brees lançou para um touchdown e três interceptações. O problema de a despedida de um histórico atleta na NFL ser nos Playoffs, é que, se o time deste não for o campeão do Super Bowl, a aposentadoria vem em um jogo perdido. Mas para não termos dúvidas do legado de Brees como quarterback, relembramos aqui o tamanho da sua carreira. O camisa 9, número este que provavelmente será aposentado na franquia de Nova Orleans, teve anos difíceis em seu começo de carreira na NFL, mas uma drástica mudança de ares foi fundamental para mudar o seu futuro, e o futuro do time ao qual defendeu por 15 temporadas.

Nascido em Dallas, estado americano do Texas, em 1979, Drew Brees começou no esporte pelo High School, na região de Austin, no mesmo estado. Cogitou jogar basquete, mas foi no futebol americano em que se encontrou. Quando se formou no ensino médio, foi para a universidade de Purdue tentar a vida no College Football. Entre 1997 e 2000, Brees completou 1026 passes, para 11.792 jardas, 90 touchdowns e 45 interceptações. Em sua vida universitária, até mesmo enfrentou Tom Brady em 1999, que era o QB de Michigan, e saiu derrotado naquele dia.

Os bons números na carreira o alçaram como um dos principais prospectos do Draft de 2001. Mas Drew Brees só foi selecionado na segunda rodada, pelo San Diego Chargers, onde foi reserva em seu ano de calouro. Os maus desempenhos em 2002 e 2003 deixaram a franquia como a pior da NFL, e depois do controverso Draft de 2004, o time adquiriu o novato Philip Rivers. Mesmo assim, Brees seguiu como titular no time, e levou o Chargers aos Playoffs naquela temporada. Porém, em 2005, a franquia então residida em San Diego tentou renovar com Brees ao final daquela temporada. Porém, com Rivers na disputa interna pela posição, o camisa 9 decidiu que era a hora de partir.

E em 2006, depois de o Miami Dolphins ter tentado contratá-lo, Brees escolheu a oferta do New Orleans Saints, time que, até aquele momento não tinha título de Super Bowl, e viveria a temporada de retorno ao Superdome, estádio do time que em 2005 foi utilizado como abrigo para as vítimas do furacão Katrina. E seu primeiro ano na nova cidade marcou o início de uma nova era, com o Saints chegando à final da NFC. 

Nos anos em que se passaram, veio a maestria a cada jogo. Drew Brees se tornou efetivamente um dos quarterbacks de elite da NFL, enquanto o Saints se tornava um símbolo para a reconstrução de Nova Orleans. Em 2009, veio o auge. O quarterback foi peça fundamental para colocar seu time com a melhor campanha da NFC. E na final da conferência, nem mesmo o Minnesota Vikings de Brett Favre foi capaz de impedi-lo a avançar até o Super Bowl, o primeiro da história da franquia. Na decisão, o time bateu o Indianapolis Colts, de Peyton Manning, para conquistar o tão sonhado título da NFL.

O auge de sua carreira foi o título do Super Bowl XLIV, em 2010 (foto: Andy Lyons/Getty Images)

Na década de 2010, Brees se consolidou de vez em números pelo Saints. Em três temporadas nos últimos anos, somou mais de 5 mil jardas lançadas, sendo a de 2016 com o recorde absoluto, com 5.208 jardas. Em 2018, foi o último ano em que o Saints ficou muito perto de retornar ao Super Bowl, se classificando até a final da NFC, até a eliminação no tempo extra contra o Los Angeles Rams. Mas antes disso, a quebra de uma histórica marca. No Monday Night Football da semana 5, contra Washington, Brees superou Peyton Manning com o maior número de jardas passadas na história da NFL. 

Em 2019, Drew Brees completou 40 anos, e na temporada regular, viveu de perto o declínio físico, natural em qualquer atleta de alto nível. Naquele ano, ele perdeu cinco jogos devido a uma lesão na mão. Como o Saints sobreviveu mesmo sem o QB titular, quando Brees voltou, deu tempo para que a equipe conseguisse chegar aos Playoffs como campeã da NFC Sul. Porém, no Wildcard, o time foi derrotado em casa para o Minnesota Vikings.

Nesta última temporada, o camisa 9 precisou se ausentar novamente por conta de uma lesão, desta vez, bem mais séria. Ele fraturou 11 ossos da costela, e ficou de fora por quatro jogos. Voltou nas últimas semanas e contribuiu para mais um título da NFC Sul, até a queda no Divisional Round para o Tampa Bay Buccaneers.

Ainda é incerto o futuro de Brees. Mas ele já garante que ficará na cidade em que o acolheu como um dos maiores quarterbacks da história da NFL. "Estou somente me retirando de jogar futebol americano. Não estou me retirando de Nova Orleans. Isto não é um adeus, mas um novo começo. Agora começa o trabalho da minha vida real", finaliza.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Análises dos premiados no NFL Honors pela temporada 2020/21

Aaron Rodgers foi eleito o MVP da temporada (foto: Matt Ludtke/AP)

Se o Super Bowl é o ápice do futebol americano para qualquer equipe e qualquer jogador, individualmente, o NFL Honors traz a completa premiação para os destaques individuais da temporada. No dia 6 de fevereiro, véspera do Super Bowl LV, conhecemos os eleitos do Oscar da NFL. Por conta de todo o clima com a decisão da National Football League, vencida pelo Tampa Bay Buccaneers por 31 a 9 contra o Kansas City Chiefs, optei por falar destes nomeados individualmente em uma publicação seguinte ao confronto decisivo ocorrido no mês passado.

Provavelmente você já sabe que o Aaron Rodgers foi o MVP, ou que Justin Herbert foi eleito o Calouro Ofensivo do Ano, e está tudo bem em ter o conhecimento destas informações. E aqui neste conteúdo, falaremos exatamente sobre o porquê de estes e demais atletas e membros da comissão técnica terem sido escolhidos os melhores em suas funções. Curiosamente, nenhuma pessoa do Tampa Bay Buccaneers e nem do Kansas City Chiefs foi nomeada, apesar de que isso não diminui a grande campanha do campeão e vice do Super Bowl, respectivamente. Veja abaixo a lista e nossas análises.

Calouro Ofensivo do Ano

Herbert foi o grande destaque do Los Angeles Chargers na temporada (foto: Harry How/Getty Images)

Escolhido: Justin Herbert, quarterback do Los Angeles Chargers

Ele foi o terceiro quarterback escolhido no Draft de 2020, na sexta posição geral do recrutamento, após as nomeações de Joe Burrow, pelo Cincinnati Bengals, e de Tua Tagovailoa, pelo Miami Dolphins. Justin Herbert foi selecionado para ser o sucessor de Philip Rivers no Los Angeles Chargers, após este ter feito história na franquia e ir para o Indianapolis Colts em sua última temporada na carreira. 

O novo QB do Chargers seria reserva nas primeiras semanas, mas após o médico da equipe perfurar o pulmão de Tyrod Taylor, então titular, Herbert foi alçado para jogar na semana 2 a minutos da partida contra o Kansas City Chiefs. E foi muito bem! Não só neste duelo como em vários outros ao longo da temporada regular. Nos 15 jogos em que atuou, Herbert passou para 4336 jardas, 31 touchdowns e 10 interceptações. A franquia de Los Angeles terminou em terceiro em sua divisão, com campanha de 7-9, insuficiente para ir aos Playoffs. Porém, o desempenho de seu quarterback, escolhido o Calouro Ofensivo do Ano, dá sinais de esperança para os próximos anos.

Calouro Defensivo do Ano

Young fortaleceu o setor defensivo da franquia de Washington (foto: Getty Images)

Escolhido: Chase Young, defensive end do Washington Football Team

Chase Young foi a segunda escolha geral do Draft passado, e as análises prévias do recrutamento já indicavam que ele tinha potencial de ser um grande jogador. Na temporada regular, jogando pelo Washington Football Team, correspondeu bem às expectativas. O jovem atleta foi um dos melhores do setor defensivo da franquia, e nas 15 partidas em que atuou, fez 42 tackles ao todo, com 7,5 sacks e 4 fumbles forçados. Young foi peça fundamental para contribuir com a classificação de seu time até a pós-temporada. Washington não frequentava os Playoffs desde a temporada de 2015.

Assistente Técnico do Ano

Escolhido: Brian Daboll, coordenador ofensivo do Buffalo Bills

Daboll contribuiu para o fortalecimento do ataque do Bills (foto: USA Today Sports)

A carreira de Brian Daboll na comissão técnica é de mais de 20 anos, seja pelo High School, College Football e NFL. Já foi cinco vezes campeão do Super Bowl como assistente no New England Patriots. Como coordenador ofensivo do Buffalo Bills desde 2018, não é a primeira vez que ocupa esta função. Porém, Daboll nunca havia sido escolhido o melhor auxiliar de toda a liga.

Junto com o técnico Sean McDermott, Daboll auxiliou na revolução ofensiva do time, que mudou seu patamar desde a escolha do quarterback Josh Allen no Draft de 2018. Em 2020, a equipe avançou para os Playoffs pela segunda vez consecutiva, e chegou até a final da AFC, quando saíram derrotados pelo Kansas City Chiefs. Além disso, o Bills desta última temporada foi o vencedor da AFC Leste, divisão a qual o time não vencia desde 1995.

A eleição é feita com base apenas no desempenho da temporada regular, mas aqui cabe destacar que também poderia ser premiado como Assistente Técnico do Ano o coordenador defensivo do Tampa Bay Buccaneers, Todd Bowles, por transformar a defesa do time campeão do Super Bowl LV como uma potência. Vale lembrar que este setor não cedeu nenhum touchdown ao Chiefs na decisão. Mas a escolha de Daboll também foi uma boa decisão.

Técnico do Ano

Treinador foi o responsável por recolocar o Browns nos Playoffs após 18 anos (foto: Michael Ainsworth/AP)
Escolhido: Kevin Stefanski, treinador do Cleveland Browns

Depois de 14 temporadas como funcionário do Minnesota Vikings (ocupando diversos cargos até ser efetivado como coordenador ofensivo em 2019), Kevin Stefanski se mudou para o Cleveland Browns com um imenso desafio. Em seu primeiro ano como head coach, tinha a missão de colocar a franquia novamente nos Playoffs, o que não acontecia desde 2002. 

E conseguiu isso logo de cara. O Browns finalmente conseguiu jogar bem depois de tantos anos tentando sua reconstrução e com diversas trocas de treinador. A equipe de Baker Mayfield, Myles Garrett, Nick Chubb e Jarvis Landry conseguiu 11-5 na temporada regular, e nos Playoffs, foi além, conseguindo uma enorme vitória sobre o Pittsburgh Steelers. O time acabou caindo na fase seguinte para o Kansas City Chiefs, mas nada que apagasse o grande ano de Stefanski, eleito o melhor técnico de forma merecida.

Comeback Player Of The Year

Atleta passou por 17 cirurgias até retornar aos gramados (foto: Justin Aller/Getty Images)

Escolhido: Alex Smith, quarterback do Washington Football Team

Em 2018, Alex Smith sofreu um tackle e foi para o chão. Os médicos da equipe de Washington rapidamente o atenderam, e viram que havia uma grave lesão na perna. Imediatamente o levaram para o hospital. Uma cirurgia de emergência foi feita, até a descoberta que o problema era ainda maior, devido a uma infecção bacteriana grave. E assim iniciou uma saga que envolveu a luta pela vida do atleta, que quase veio à óbito, e que após sobreviver, por muito pouco não precisou amputar a perna. Quase dois anos depois, além das 17 cirurgias de recuperação, o jogador voltou a entrar em campo.

Na recente temporada, Smith participou de oito partidas apenas. A maioria delas como titular. Ele passou para 1.582 jardas, 6 touchdowns e 8 interceptações. Apesar dos números, o Washington Football Team cresceu com ele em campo. Com Alex Smith de titular, o time teve cinco vitórias e uma derrota. E mesmo que a equipe não fosse aos Playoffs (foi campeã da divisão e eliminada no Wildcard), depois de tudo o que o camisa 11 passou, não teria como o prêmio Comeback Player Of The Year ser para outra pessoa. O prêmio é destinado para quem retornou à liga jogando bem após uma grave lesão no ano anterior.

No entanto, para 2021 o destino de Smith é incerto. Washington confirmou que dispensará ele nesta Offseason. Aos 36 anos, ele ainda pretende continuar jogando na NFL e continuar com sua saga de superação.

Jogada da Temporada

Lance derradeiro deu ao Arizona Cardinals a vitória contra o Buffalo Bills na temporada regular (foto: Christian Petersen/Getty Images)

Lance escolhido: A Hail Mary lançada pelo quarterback do Arizona Cardinals, Kyler Murray, para o wide receiver DeAndre Hopkins, garantindo a vitória contra o Buffalo Bills

Nos últimos anos, o nome de Aaron Rodgers, o quarterback do Green Bay Packers, virou sinônimo de Hail Mary. Até mesmo o apelido de Hail Rodgers ele chegou a ganhar, por ter sido o protagonista de três lances assim entre as temporadas de 2015 e 2016. Porém, em 2020, Rodgers ganhou um concorrente em lançar passes em profundidade no apagar das luzes. Kyler Murray, que fez uma ótima temporada pelo Arizona Cardinals, apesar da ausência nos Playoffs, protagonizou o gigantesco momento da equipe, ao lançar para DeAndre Hopkins anotar o touchdown da vitória sobre o Buffalo Bills.


 A Hail Mary é uma jogada que só é usada em situações extremas. Ela consiste em um passe gigante do quarterback para a endzone, normalmente nos últimos segundos da partida, para que alguém receba para touchdown. Raramente dá certo, mas quando dá certo, o lance vira memorável. A jogada se chama Hail Mary por causa de Roger Staubach, quarterback do Dallas Cowboys nos anos 1970, que anotou um TD desta maneira. Ao explicar o lance, Staubach disse que jogou a bola para o alto e rezou uma Ave Maria para ver se dava certo. Ave Maria em inglês é... Hail Mary. O nome se popularizou e até hoje é utilizado na NFL.

Jogador Defensivo do Ano

Defensor do Rams leva o prêmio pela terceira vez (foto: Stephen Brashear/AP)


Escolhido: Aaron Donald, defensive tackle do Los Angeles Rams

Se fecharmos os olhos para citar nominalmente os dez melhores defensores da NFL na atualidade, sem pensar muito e independente da posição, o nome de Aaron Donald estará na lista. Na liga desde 2014, quando foi selecionado pelo Rams, Donald não ficou de fora de nenhum jogo. Soma-se isso ao fato de que, com a nomeação de 2020 como o Jogador Defensivo do Ano, recebe este prêmio individual pela terceira vez na carreira, assim como em 2017 e 2018. 

Nesta última temporada, Aaron Donald teve 44 tackles totais, com quatro fumbles forçados e 13,5 sacks. Sua escolha como melhor atleta de defesa da temporada não chegou a ser uma unanimidade, pois concorreu com o defensive end do Pittsburgh Steelers, TJ Watt. Porém, esta nomeação continua sendo merecida.

Jogador Ofensivo do Ano

Escolhido: Derrick Henry, running back do Tennessee Titans

Henry se tornou o oitavo na história a correr para 2000 jardas em uma única temporada (foto: Wade Payne/AP)

Normalmente este prêmio é dado ao MVP da temporada. Mas desta vez, quem levou a melhor como Jogador Ofensivo do Ano não foi eleito como o melhor de toda a liga. Derrick Henry, o running back do Tennessee Titans, fez a melhor temporada de sua carreira. O camisa 22 correu para impressionantes 2.027 jardas, e para 17 touchdowns. Henry se tornou o oitavo na história da NFL a correr para mais de 2 mil jardas. 

Desde 2016 na NFL, o running back vive o auge como profissional. É inegável que, com Derrick Henry, o Tennessee Titans cresceu consideravelmente. Não é a toa que a franquia tem garantido a presença nos Playoffs nos últimos anos. 

MVP

(foto: Quinn Harris/Getty Images)

Escolhido: Aaron Rodgers, quarterback do Green Bay Packers

MVP é a sigla em inglês para Jogador Mais Valioso. Mas, na prática, o prêmio vai para o melhor atleta da liga na temporada. Quase sempre vai para um quarterback, e desde 2013, somente QBs são os escolhidos. E se voltarmos os nomeados para atletas de defesa, foi em 1986 em que o último defensor foi eleito o melhor atleta.

Mas nossa análise é de 2020. E Aaron Rodgers foi o grande merecedor da honraria. É a terceira vez que o quarterback do Green Bay Packers leva o prêmio de MVP, assim como foi em 2011 e 2014. Na última temporada, Rodgers completou 372 passes, para 4.299 jardas, 48 touchdowns e apenas cinco interceptações. Dos 50 representantes da imprensa dos Estados Unidos que votam para decidir quem é o melhor, 44 deles votaram em Rodgers. Outros quatro votaram em Josh Allen, o QB do Buffalo Bills, e duas pessoas votaram em Patrick Mahomes, o quarterback do Kansas City Chiefs, vice-campeão do Super Bowl LV.

Ainda sobre Rodgers, ele é outro exemplo que envolve atletas em idade avançada que continuam jogando em alto nível. Ele está com 37 anos e sem indícios de que irá se aposentar em breve. Ou seja, ainda vai castigar muito as defesas adversárias com seus grandes passes.

segunda-feira, 8 de março de 2021

Por que não devemos parabenizar as mulheres pelo dia 8 de março

Sarah Fuller se tornou a primeira mulher a jogar na conferência SEC, do College Football (foto: Hunter Dyke/Getty Images)

Hoje é dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. É uma data na qual é celebrada para reforçar a luta pela igualdade de gênero entre mulheres e homens. Oficializado em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), este dia é marcado por atos desde o início do século XX ao redor do mundo. E cabe reforçar que são reinvindicações importantes, e que devem ser reforçadas a cada ano por mais direitos para elas.

Os primeiros movimentos por igualdade de gênero foram registrados em 26 de fevereiro de 1909, em Nova York, nos Estados Unidos. Na ocasião, 15 mil mulheres marcharam nas ruas da cidade por melhores condições de trabalho, pois muitas delas chegavam a trabalhar 16 horas por dia e em seis dias da semana. Na Europa, em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs a criação de uma jornada de manifestações durante uma reunião da Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, sem ter uma data específica. Após este encontro, o primeiro dia oficial da mulher foi datado em 11 de março do ano seguinte, em 1911.

O uso do 8 de Março como data do Dia Internacional da Mulher começou ainda em 1917. Na Rússia, em 8 de março daquele ano, milhares de mulheres foram às ruas protestar contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial. Aquele movimento foi o início da Revolução Russa, que derrubou o regime dos czares para o surgimento da União Soviética. Anos depois, em 1975, a ONU definiu oficialmente a data, celebrada hoje em diversos países com protestos pela igualdade entre mulheres e homens.

Mais de 100 anos depois dos primeiros atos em favor dos direitos iguais para as mulheres, ainda é evidente que há muito trabalho para que esta igualdade seja efetiva. E isso se inclui no mundo dos esportes. Em 2019, as jogadoras da seleção de futebol dos Estados Unidos processaram a federação por discriminação de gênero. Em 2015, o time norte-americano venceu a Copa do Mundo Feminina, e recebeu como prêmio US$ 1,72 milhão, enquanto a seleção de futebol masculino recebeu US$ 5,4 milhões por sua participação até as oitavas de final da Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

E quando falamos em desigualdade de gênero nos esportes, no futebol americano isso é ainda mais evidente. Enquanto a NFL é uma liga multibilionária nos Estados Unidos, e obviamente é a maior da modalidade, para o gênero feminino, não há uma competição que tenha a mesma visibilidade do que a da National Football League. A maior das ligas para mulheres em terras estadunidenses é a Women's Football Alliance, criada em 2009 e que para a edição de 2021 promete 66 times. A competição não é transmitida no Brasil, e é jogada em regras semelhantes às da NFL.

Porém, mundialmente, a liga feminina de futebol americano que ganhou notoriedade, inclusive chegando a ser exibida em solo brasileiro há alguns anos, é a Extreme Football League, antiga Legends Football League e que surgiu como Lingerie Football League, em 2009. Por mais que seu nome tenha mudado, a cultura da competição ainda é a mesma. Basicamente, em seus jogos, mulheres usando lingerie, e com o mínimo de proteção contra lesões após os tackles, jogam futebol americano. O objetivo do campeonato até pode ser o de definir uma equipe campeã, mas na prática, a exibição foca apenas nos corpos das atletas, servindo como um espetáculo de entretenimento barato, do nível daqueles antigos programas da TV aberta nos anos 90 que exibiam as mulheres de forma sexista, como aquele da "Musa da Camiseta Molhada", por exemplo.

Apesar deste péssimo exemplo, acredito na esperança de que a desigualdade de gênero no futebol americano seja reduzida. No caso da NFL, as mulheres já vêm ganhando espaço na comissão técnica de alguns times. A pioneira foi Jen Welter, que estava no corpo de treinadores do Arizona Cardinals de 2015, que foi finalista da NFC. Atualmente, há outras integrantes, como a assistente técnica de wide receivers do San Francisco 49ers, Katie Sowers – primeira a integrar um time participante do Super Bowl, em 2020; Lori Locust e Maral Javadifar, assistente técnica de linha defensiva e preparadora física, respectivamente, do Tampa Bay Buccaneers – pioneiras na comissão de um time campeão do Super Bowl, em 2021. Citamos como exemplo também Callie Brownson, que atuou como técnica interina de tight ends no Cleveland Browns em uma partida de 2020, e se destacou por seu trabalho, sendo mencionada no Hall da Fama da liga. E, no corpo de juízes, impossível não mencionar Sarah Thomas, a primeira árbitra de campo, que graças ao seu brilhante trabalho, esteve na equipe atuante no Super Bowl LV, em fevereiro deste ano. E fora da NFL, ainda tivemos a atleta Sarah Fuller, a primeira a jogar em um time da SEC, uma das principais conferências do futebol americano universitário. Ela atuou como kicker pela universidade de Vanderbilt.

Embora importantes, estes passos são apenas o começo na luta por direitos iguais entre mulheres e homens no futebol americano, esporte o qual cubro aqui neste site há quase cinco anos. Que em breve o público feminino tenha ainda mais espaço dentro da modalidade em campo, e não apenas fora dele. Que exemplos como de Sarah Thomas, Jen Welter e Sarah Fuller se multipliquem ainda mais. E que a luta de vocês, mulheres, por igualdade de gênero, seja ainda mais fortalecida.

Portanto, é válido que você, homem que está lendo este texto, não parabenize pelo Dia Internacional da Mulher. De nada adianta que elas recebam parabéns, flores e chocolates em uma data do ano, se durante todos os outros 364 dias elas ainda têm de enfrentar um mundo cheio de misoginia, sexismo, desigualdade e desrespeito. Principalmente no meio esportivo, onde elas têm sua competência questionada o tempo todo.

terça-feira, 2 de março de 2021

O que muda para o Arizona Cardinals com a chegada de JJ Watt

Atleta de 31 anos foi confirmado como novo reforço nesta segunda-feira, 1º de março (foto: Twitter de JJ Watt)

Depois do repentino anúncio de sua demissão do Houston Texans, o novo destino de JJ Watt virou uma incógnita, e motivo de apostas, pois haviam muitas equipes interessadas em seus talentos. Neste dia 1º de março, veio a confirmação. O defensive end jogará no Arizona Cardinals em 2021, e até o momento, já é o principal reforço da equipe para este ano.

Com contrato para duas temporadas, Watt receberá, em salários, US$ 31 milhões, sendo US$ 23 milhões garantidos. E reforça o setor defensivo da equipe do Arizona, que já tem outros importantes nomes como o linebacker Chandler Jones e o safety Budda Baker. 

O Cardinals também ganha com um reforço que pode ser efetivo pressionando os quarterbacks adversários. Vale lembrar que a equipe está na NFC Oeste, em que o time enfrenta duas vezes o Seattle Seahawks, do quarterback Russell Wilson, e o Los Angeles Rams, do recém chegado QB Matthew Stafford. Sem contar também com o San Francisco 49ers, que está com Jimmy Garoppolo na posição.

O objetivo da defesa em 2021 com JJ Watt será o de ceder ainda menos jardas por jogo do que em 2020. No ano passado, a equipe cedeu, em média, 351,9 jardas por partida na temporada regular, sendo a 13ª de toda a liga neste quesito. Quanto ao ataque do Cardinals, a situação já é mais positiva, pois a equipe está com o quarterback Kyler Murray em seus primeiros anos e jogando em um bom nível, e seu principal alvo agora é o wide receiver DeAndre Hopkins, ex-Houston Texans.

Com este novo reforço, o Cardinals fica ainda mais forte para brigar por uma vaga aos Playoffs. A equipe não joga a pós-temporada desde 2015. E JJ Watt também está ainda mais animado para jogar com um novo treinador, que é o promissor Kliff Kingsbury. Ao longo da sua carreira, Watt tem 494 tackles, 101 sacks e 25 fumbles forçados. Em Houston, ele fez história e se tornou o maior atleta que já vestiu a camisa da franquia fundada em 2002. E agora, no Arizona, tentará manter o grande nível e também deixar sua marca como ídolo.