sexta-feira, 30 de abril de 2021

Poucas trocas e apostas definidas no primeiro dia do Draft da NFL

Trevor Lawrence foi a primeira escolha geral (foto: Logan Bowles/Jacksonville Jaguars)

Começou o Draft de 2021 pela NFL nesta quinta-feira, 29 de abril, com a pomposa primeira rodada do recrutamento de jovens atletas universitários. Os primeiros 32 jogadores foram selecionados e já têm seus destinos definidos para a próxima temporada. Resta agora saber quem serão os demais escolhidos nos próximos dois dias, no evento realizado em Cleveland, no estado norte-americano de Ohio.

Draft deste ano foi sem distanciamento social – reflexo da vacinação em massa nos EUA

Entre as primeiras 32 escolhas, a busca por quarterbacks acabou se confirmando, e os cinco que estavam previstos para serem selecionados ainda na quinta-feira já têm seus destinos definidos na NFL. Além dos QB's, foram selecionados também dois running backs, um tight end, cinco wide receivers, quatro offensive tackles, um offensive guard, quatro cornerbacks, quatro linebackers, cinco EDGE's (atletas que fazem as funções de linebackers e de atletas de linha defensiva), e um defensive end.

Depois das seleções do ano passado terem sido totalmente virtuais por causa da pandemia da Covid-19, neste ano, o Draft voltou a ser presencial, com a presença de milhares de torcedores. Isso é resultado da vacinação nos Estados Unidos, que está em ritmo acelerado por lá. Mais de 200 milhões de doses já foram aplicadas, em situação bem diferente que a do Brasil, onde atualmente faltam doses em vários estados, somado ao descontrole de novos casos e mortes. Mais de 400 mil brasileiros perderam suas vidas para o coronavírus

Três escolhas e três QBs

Como foi esperado, as três primeiras seleções do Draft de 2021 foram de quarterbacks. O primeiro escolhido, para a surpresa de ninguém, foi Trevor Lawrence, pelo Jacksonville Jaguars, que jogou em Clemson no futebol americano universitário. O segundo selecionado, pelo New York Jets, foi Zach Wilson, atleta de BYU, escolha essa que também já era esperada.

A terceira seleção do Draft ganhava ares de expectativa, pois era do San Francisco 49ers após uma troca com o Miami Dolphins há algumas semanas. Antes do Draft, inclusive, surgiu a informação de que a equipe teria tentado trocar de posição com o Green Bay Packers para ter o quarterback Aaron Rodgers, o que não vingou, se tornando pública também a informação de que Rodgers não estava satisfeito com as negociações para a renovação de seu contrato, e uma troca do titular de Green Bay desde 2008 não está descartada. Após toda essa situação, o 49ers voltou a mirar apenas os calouros e escolheu Trey Lance, de North Dakota State.

Completando o "top 5" dos selecionados, ainda estão o tight end Kyle Pitts, da Florida, que foi a quarta escolha geral, para o Atlanta Falcons. E na quinta posição, o Cincinnati Bengals selecionou o wide receiver Ja'Marr Chase, de LSU.

Trocas e destinos de outros dois quarterbacks

O quarterback Mac Jones foi o selecionado pelo New England Patriots

Algo que traz drama e emoção durante o Draft, principalmente na primeira rodada, é quando há trocas de escolhas em tempo real. Mas em 2021, pelo menos durante o evento, tivemos apenas três mudanças de posição. A primeira delas foi feita pelo Philadelphia Eagles, que subiu da 12ª para a 10ª escolha geral para selecionar o wide receiver DeVonta Smith, de Alabama. A equipe trocou de posição com o Dallas Cowboys, que recebeu na movimentação uma escolha de terceira rodada.

Na escolha seguinte, veio a maior das trocas durante o Draft, e de maior impacto. O Chicago Bears subiu nove posições para chegar até a 11ª escolha. A equipe selecionou o quarterback Justin Fields, de Ohio State. Para ter o jogador, o Bears trocou com o New York Giants, que recebeu a 20ª escolha geral, mais a seleção de quinta rodada deste ano, e as escolhas de primeira e quarta rodadas de 2022.

Pouco depois, foi a vez do New York Jets se envolver em mais uma troca. A equipe ainda tinha a 23ª escolha geral, obtida com uma troca com o Seattle Seahawks no ano passado, e durante o Draft, subiu nove posições até a 14ª, e escolheu o offensive guard Alijah Vera-Tucker, de USC. Na movimentação, a franquia cedeu duas escolhas de primeira rodada ao Minnesota Vikings. Foi a última troca da noite.

Como falamos na prévia do Draft, haviam cinco quarterbacks favoritos a serem escolhidos ainda na primeira rodada. Quatro deles já tinham sido selecionados. E o quinto deles foi Mac Jones, de Alabama, que jogará no New England Patriots. É o primeiro QB escolhido em primeira rodada por New England desde Drew Bledsoe, em 1993. Vale lembrar que Tom Brady, peça-chave nos seis títulos de Super Bowl da franquia, foi escolha de sexta rodada no Draft de 2000. Será Jones o responsável para a reconstrução do time nos próximos anos.

Draft continua nesta sexta-feira

Nesta sexta-feira, 30 de abril, o Draft continua com as seleções de segunda e terceira rodadas, a partir das 20h, com transmissão da ESPN2 para o Brasil. Também será o dia em que veremos as primeiras escolhas de Houston Texans, Seattle Seahawks, Los Angeles Rams e Kansas City Chiefs, que estiveram ausentes na rodada inicial.

Escolhas da primeira rodada do Draft: 

1) Jacksonville Jaguars – Trevor Lawrence (Clemson), quarterback

2) New York Jets – Zach Wilson (BYU), quarterback

3) San Francisco 49ers – Trey Lance (North Dakota State), quarterback

4) Atlanta Falcons – Kyle Pitts (Florida), tight end

5) Cincinnati Bengals – Ja'Marr Chase (LSU), wide receiver

6) Miami Dolphins – Jaylen Waddle (Alabama), wide receiver

7) Detroit Lions – Penei Sewell (Oregon), offensive tackle

8) Carolina Panthers – Jaycee Horn (Soutch Carolina), cornerback

9) Denver Broncos – Patrick Surtain II (Alabama), cornerback

10) Philadelphia Eagles – DeVonta Smith (Alabama), wide receiver

11) Chicago Bears – Justin Fields (Ohio State), quarterback

12) Dallas Cowboys – Micah Parsons (Penn State), linebacker

13) Los Angeles Chargers – Rashwn Slater (Northwestern), offensive tackle

14) New York Jets – Alijah Vera-Tucker (USC), offensive guard

15) New England Patriots – Mac Jones (Alabama), quarterback

16) Arizona Cardinals – Zaven Collins (Tulsa), linebacker

17) Las Vegas Raiders – Alex Leatherwood (Alabama), offensive tackle

18) Miami Dolphins – Jaelan Phillips (Miami), EDGE

19) Washington Football Team – Jamin Davis (Kentucky), linebacker

20) New York Giants – Kadarius Toney (Florida), wide receiver

21) Indianapolis Colts – Kwity Paye (Michigan), EDGE

22) Tennessee Titans – Caleb Farley (Virginia Tech), cornerback

23) Minnesota Vikings – Christian Darrisaw (Virginia Tech), offensive tackle

24) Pittsburgh Steelers – Najee Harris (Alabama), running back

25) Jacksonville Jaguars – Travis Etienne (Clemson), running back

26) Cleveland Browns – Greg Newsome (Northwestern), cornerback

27) Baltimore Ravens – Rashod Bateman (Minnesota), wide receiver

28) New Orleans Saints – Payton Turner (Houston), defensive end

29) Green Bay Packers – Eric Stokes (Georgia), cornerback

30) Buffalo Bills – Gregory Rousseau (Miami), EDGE

31) Baltimore Ravens  – Jayson Oweh (Penn State), EDGE

32) Tampa Bay Buccaneers – Joe Tryon (Washington), linebacker

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Confira o Mock Draft do Left Tackle Brasil

O quarterback Trevor Lawrence é o favorito a ser a primeira escolha geral do Draft deste ano (foto: Mark Rebilas/USA Today Sports)

É dia de Draft da NFL. O recrutamento de atletas universitários que iniciarão sua vida profissional em 2021 se inicia nesta quinta-feira, 29 de abril, a partir das 21h. São grandes as expectativas para este evento, que neste ano volta a ser presencial graças ao avanço da vacinação contra a Covid-19 nos Estados Unidos.

Nestas horas que antecedem o evento, uma aposta bacana é a de avaliar quais serão os selecionados na primeira rodada. São 32 escolhas ao todo, de acordo com os anseios de cada franquia para se reforçar para a próxima temporada. É o chamado "Mock Draft", feito por centenas de especialistas que cobrem a NFL ao redor do planeta. E como hoje é um dia especial, também farei aqui a minha lista.

Vale ressaltar que a ordem da primeira rodada do Draft é até o fechamento deste texto, mas ela pode ser alterada a qualquer momento caso dois ou mais times entrem em acordo para uma troca de posição. Também é comum ver trocas na ordem de seleção durante o próprio Draft, gerando uma emoção a mais para quem está assistindo.

Confira abaixo nossos palpites para a primeira rodada do Draft:

1) Jacksonville Jaguars – Trevor Lawrence (Clemson), quarterback

2) New York Jets – Zach Wilson (BYU), quarterback

3) San Francisco 49ers (via Houston Texans, em troca com o Miami Dolphins) – Mac Jones (Alabama), quarterback

4) Atlanta Falcons – Patrick Surtain (Alabama), cornerback

5) Cincinnati Bengals – Penei Sewell (Oregon), offensive line

6) Miami Dolphins (via Philadelphia Eagles) – Devonta Smith (Alabama), wide receiver

7) Detroit Lions – Micah Parsons (Penn State), linebacker

8) Carolina Panthers – Ja'Marr Chase (LSU), wide receiver

9) Denver Broncos – Jeremiah Owusu-Koramoah (Notre Dame), linebacker

10) Dallas Cowboys – Jaycee Horn (South Carolina), cornerback

11) New York Giants – Rashawn Slater (Northwestern), offensive line

12) Philadelphia Eagles (via San Francisco 49ers, em troca com o Miami Dolphins) – Christian Barmore (Alabama), defensive line

13) Los Angeles Chargers – Christian Darrisaw (Virginia Tech), offensive line

14) Minnesota Vikings – Jayson Oweh (Penn State), defensive line/linebacker

15) New England Patriots – Justin Fields (Ohio State), quarterback

16) Arizona Cardinals – Allijah Vera-Tucker (USC), offensive line

17) Las Vegas Raiders – Kwity Paye (Michigan), defensive line/linebacker

18) Miami Dolphins – Landon Dickerson (Alabama), offensive line

19) Washington Football Team – Kyle Pitts (Florida), tight end

20) Chicago Bears – Trey Lance (North Dakota State), quarterback

21) Indianapolis Colts – Jaylen Waddle (Alabama), wide receiver

22) Tennessee Titans – Elijah Moore (Mississipi), wide receiver

23) New York Jets (via Seattle Seahawks) – Greg Newsome (Northwestern), cornerback

24) Pittsburgh Steelers – Teven Jenkins (Oklahoma State), offensive line

25) Jacksonville Jaguars (via Los Angeles Rams) – Caleb Farley (Virginia Tech), cornerback

26) Cleveland Browns – Azeez Ojulari (Georgia), defensive line/linebacker

27) Baltimore Ravens – Zaven Collins (Tulsa), linebacker

28) New Orleans Saints – Tyson Campbell (Georgia), cornerback

29) Green Bay Packers – Kadarius Toney (Florida), wide receiver

30) Buffalo Bills – Jaelan Philips (Miami), defensive line/linebacker

31) Baltimore Ravens (via Kansas City Chiefs) – Quinn Meinerz (Winsconsin-Whitewater), offensive line

32) Tampa Bay Buccaneers – Travis Etienne (Clemson), running back

Draft presencial e provável top 3 com quarterbacks: as expectativas para o evento de 2021

Após recrutamento "home office" de 2020, evento deste ano tem palco montado em Cleveland (foto: Steve Luciano/AP)


Todos os anos, a esperança para que cada franquia da NFL melhore seu desempenho à longo prazo se reforça através do Draft. É ele que o futuro de seu time é definido, com a chegada daqueles que podem se tornar ídolos por gerações. Ou a escolha feita pode não sair como planejado e dar tudo errado nos próximos anos, gerando consequências desastrosas. É um evento e tanto para quem gosta de conhecer os novos atletas da National Football League.

Nesta quinta-feira, 29 de abril, a NFL inicia o Draft de 2021, que vai até sábado, 1º de maio. Mais de 250 atletas universitários serão selecionados pelas 32 franquias da liga, um a um, de acordo com a ordem de escolha de cada time. O evento deste ano será na cidade de Cleveland, no norte dos Estados Unidos, e será o retorno da realização de um Draft presencial, especialmente por conta do avanço na vacinação contra a Covid-19 no país, em que mais de 200 milhões de doses já foram aplicadas na população. No ano passado, o recrutamento foi totalmente virtual, ainda por conta da primeira onda da pandemia. 

Pelo primeiro dia, somente a primeira rodada é realizada, com 32 atletas escolhidos (um para cada equipe), de acordo com a ordem inversa do ano anterior. Mas na prática, quatro equipes estarão fora desta rodada inicial, pelo menos por enquanto, por terem trocado suas escolhas com outras franquias, casos de Houston Texans, Seattle Seahawks, Los Angeles Rams e Kansas City Chiefs. Vale ressaltar que durante o recrutamento são realizadas trocas entre os times na ordem de escolha, e nestas movimentações, mais times podem se afastar das primeiras 32 seleções.

O quarterback Trevor Lawrence é o favorito a ser a primeira escolha geral no Draft (foto: Mark Rebilas/USA Today Sports)


Voltando os olhos para os prospectos, como são chamados os calouros ainda sem time, a posição de quarterback reúne cinco atletas que são vistos com bons olhos por muitos general managers. E três deles devem ser escolhidos já nas três primeiras seleções. O favorito para a primeira escolha geral, que será do Jacksonville Jaguars, é Trevor Lawrence, de Clemson, que há anos é tido como uma potencial estrela da NFL. O possível segundo escolhido, pelo New York Jets, é Zach Wilson, de BYU. Já o San Francisco 49ers tem a terceira escolha, adquirida via troca com o Miami Dolphins, e, segundo o repórter Ian Rapoport, da NFL Network, a franquia ainda está na dúvida de quem selecionar, se será Trey Lance, de North Dakota State, ou Mac Jones, de Alabama. O quinto quarterback no grupo dos bem avaliados é Justin Fields, de Ohio State, que provavelmente deve ser selecionado na primeira rodada também.

Nas demais posições de ataque, os favoritos para serem os primeiros selecionados são os wide receivers Devonta Smith, de Alabama e Ja'Marr Chase, de LSU; o running back Travis Etienne, de Clemson; o tight end Kyle Pitts, da universidade da Florida; e o offensive tackle Penel Sewell, de Oregon. Pelo setor defensivo, os calouros com potencial de escolha na primeira rodada são os cornerbacks Patrick Surtain II, de Alabama, e Jaycee Horn, de South Carolina; os linebackers Micah Parsons, de Penn State, e Jeremiah Owusu-Koramoah, de Notre Dame; e o defensive tackle Christian Barmore, de Alabama.

O Draft de 2021 começa nesta quinta-feira, 29 de abril, a partir das 21h, horário de Brasília, com transmissão ao vivo da ESPN – que também exibirá as escolhas de segunda e terceira rodada, na sexta-feira, 30. O Left Tackle Brasil fará ampla cobertura dos selecionados nas redes sociais, pelo Twitter, Facebook e Instagram.

Ordem da primeira rodada do Draft de 2021 até este momento:

1) Jacksonville Jaguars

2) New York Jets

3) San Francisco 49ers (via Houston Texans, em troca com o Miami Dolphins)

4) Atlanta Falcons

5) Cincinnati Bengals

6) Miami Dolphins (via Philadelphia Eagles)

7) Detroit Lions

8) Carolina Panthers

9) Denver Broncos

10) Dallas Cowboys

11) New York Giants

12) Philadelphia Eagles (via San Francisco 49ers, em troca com o Miami Dolphins)

13) Los Angeles Chargers

14) Minnesota Vikings 

15) New England Patriots

16) Arizona Cardinals

17) Las Vegas Raiders

18) Miami Dolphins

19) Washington Football Team

20) Chicago Bears

21) Indianapolis Colts

22) Tennessee Titans

23) New York Jets (via Seattle Seahawks)

24) Pittsburgh Steelers

25) Jacksonville Jaguars (via Los Angeles Rams)

26) Cleveland Browns

27) Baltimore Ravens

28) New Orleans Saints

29) Green Bay Packers

30) Buffalo Bills

31) Baltimore Ravens (via Kansas City Chiefs)

32) Tampa Bay Buccaneers

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Efeito Superliga também já atingiu a NFL, e implodiu em poucos anos

Competição europeia contribuiria com a desproporcionalidade do futebol mundial, mas naufragou logo após seu anúncio (foto: Reuters)

Nos últimos dias, tem sido pauta no debate esportivo, e também em rodas de conversas, a criação da polêmica Superliga Europeia de clubes, na qual 12 equipes da Inglaterra, Espanha e Itália, decidiram romper com a União Europeia de Futebol (UEFA) e com as federações de seus respectivos países para criar um torneio próprio, restrito a estes times, e que faturariam bilhões de euros. O caminhão de dinheiro distribuído seria muito maior do que se estes seguissem jogando apenas a UEFA Champions League, de fato, a maior competição de futebol da Europa.

Os ingleses Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester United, Manchester City e Tottenham; os espanhóis Barcelona, Real Madrid e Atlético de Madrid; e os italianos Milan, Internazionale e Juventus, são os fundadores da ideia. Eles anunciaram a novidade com pompas no último domingo, 18 de abril, como se tivessem ordenado o fechamento de um congresso, a prisão de adversários e rompido com a democracia através de um golpe de estado. Basicamente, o torneio criado reuniria estas 12 equipes ano após ano, sem nenhuma fase de acesso à competição. Independente de seu rendimento, estariam sempre ali, competindo e ganhando muito mais dinheiro que os times conterrâneos que não disputassem a Superliga. Uma ideia que nasceu errado, e continua dando errado.

Inúmeros protestos de torcedores, dirigentes e entidades do futebol ocorreram nos últimos três dias. Isso porque a ideia da Superliga surgiu dos proprietários e presidentes dos 12 clubes rebeldes, e não dos torcedores. Diante de tanta pressão, nesta terça-feira, 20, os seis times ingleses anunciaram que deixariam a Superliga. Após a própria Superliga anunciar sua suspensão, outras quatro equipes também completaram a debandada: Atlético de Madrid, Juventus, Milan e Internazionale. Até o fechamento deste texto, somente Real Madrid e Barcelona continuam abraçados no fracassado projeto.

Ainda está longe de um final toda esta questão envolvendo o futebol europeu, mas no esporte como um todo, já houve diversas tentativas de rompimento com a ordem natural das estruturas das grandes competições. Aqui no Brasil, a maior destas histórias está com a Copa União de 1987, torneio criado por 13 equipes brasileiras, e que seria o início de uma liga nacional gerida pelos clubes. Porém, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que inicialmente estaria fora da aventura e deu o aval às equipes se organizarem, entrou no meio da competição e resolveu propor um regulamento próprio, com direito a uma decisão entre os melhores da Copa União e do Módulo Amarelo (o campeonato organizado pela CBF), gerando um imbróglio jurídico que ultrapassou décadas e parou nas mãos do Supremo Tribunal Federal. Assim sendo, o Sport, vencedor do Módulo Amarelo, foi declarado definitivamente como campeão brasileiro daquele ano, e não o Flamengo, vencedor da Copa União.

No futebol americano, há também os seus exemplos. Em vários momentos da história, magnatas norte-americanos resolveram tentar desbancar o império que é a NFL. E um exemplo em questão tem como principal personagem alguém que até o início de 2021 estava em evidência na mídia em todo o mundo: Donald Trump. O hoje ex-presidente dos Estados Unidos é bilionário, e fez fortuna sendo um empresário do ramo dos imóveis norte-americanos. E na década de 1980, teve sua aventura no mundo dos esportes.

Hoje ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump tentou desafiar a NFL, e ajudou na implosão da USFL (foto: Dave Pickoff/AP)

Em 1982, surgiu nos Estados Unidos a United States Football League (USFL). Diferente da AFL, que rivalizou com a NFL nos anos 1960 até a definitiva fusão entre ambas as ligas, criando assim o Super Bowl e a NFL atual, a USFL seria uma liga alternativa que ocorreria durante a offseason da NFL. Ou seja, seria realizada nos primeiros meses do ano.

Tudo ocorreu bem após a primeira temporada, em 1983, mas a liga expandiu logo após a sua primeira temporada, e os times almejavam oferecer contratos maiores que os que eram dados aos atletas da NFL na época. Só que faltava dinheiro e garantias para bancar tudo isso. Diante desta crise, a USFL forçou que determinadas franquias fossem vendidas para bilionários. E foi o caso do New Jersey Generals, da área metropolitana de Nova York, que foi vendido para Donald Trump.

Antes de brincar com a democracia norte-americana, soltando fake news à rodo e aliado aos piores chefes de Estado do planeta, Trump iniciou sua aventura de gestor no futebol americano de um jeito que iniciou a derrocada da USFL. Contratou jogadores por salários astronômicos, e até tirou atletas da NFL, como o quarterback Brian Sipe, que jogava no Cleveland Browns. Como não havia um teto salarial na USFL, o Generals se fortaleceu ante aos rivais, e tiveram ótimo desempenho na temporada regular de 1984, mas caíram nos Playoffs na primeira fase.

No ano seguinte, o Generals de Trump seguiu a mesma escrita, contratando jogadores por salários acima do que era pago na época e sem critérios específicos. E novamente a franquia decepcionou caindo na primeira fase dos mata-matas. Posteriormente, a debandada começou pela ABC, a emissora de TV aberta que transmitia a USFL, e que abandonou os direitos de transmissão. A ESPN, que exibia os jogos em TV fechada, resolveu renegociar o seu contrato também, pois os valores investidos já eram altos demais pela fraca qualidade técnica da liga. 

Com todos estes problemas, Trump se tornou o principal articulador da USFL, e passou a chamar as atenções da mídia com críticas à NFL. E influenciou a maioria dos demais donos de franquias da USFL a mudar seu calendário para ocorrer na mesma época da NFL, já em uma tentativa desesperada de a liga mais velha abraçar todos os times da competição concorrente, como foi com a AFL. E não deu certo, dadas as diferenças competitivas em ambas as ligas. 

Não contente com a negativa da NFL, Trump resolveu processar esta liga, algo semelhante ao que o próprio fez ao tentar exigir a recontagem dos votos nas eleições presidenciais de 2020. A USFL processou a NFL alegando que esta impedia o seu crescimento. A liga pediu US$ 1 bilhão para reparar os danos, e nos bastidores, especulava-se que esse dinheiro seria usado para bancar novos contratos com jogadores, e assim sobreviver financeiramente. A NFL até foi condenada, mas a indenização aplicada pela justiça foi de apenas TRÊS DÓLARES. Com juros, o valor passaria a ser US$ 3,76.

Passado este caso, a USFL definitivamente fechou as portas antes mesmo da temporada de 1986 começar. Diferente da Superliga europeia, que respira por aparelhos e deve deixar de existir mesmo antes de seu primeiro jogo, a USFL existiu e poderia até mesmo ser competitiva. Além disso, poderia servir como alternativa à NFL para o recrutamento de novos jogadores, mas deu tudo errado. Quanto a Donald Trump, seu negócio como dono do Generals não vingou, mas passou a ser cada vez mais visto na mídia norte-americana após este episódio, até ser o ex-presidente que hoje conhecemos.

NFL não é Superliga

Apesar de, em tese, ser parecida, por ter um número fixo de times e estes estarem sempre presentes, a NFL não se assemelha à Superliga Europeia. Isso porque, desde sua criação, a NFL trabalha com a ideia de que todas as equipes possam crescer financeiramente juntas, a ponto de permitir um equilíbrio entre todas, e garantindo que haja o limite de gastos com salários. Isso sem contar com o sistema do Draft, em que atletas universitários são escolhidos pelos times da NFL em ordem inversa à temporada anterior. É assim na National Football League e também nas demais ligas profissionais norte-americanas.

Por outro lado, na Superliga, ideias como as da NFL não seriam aplicadas. Os 12 times receberiam muito dinheiro para gastarem como quiserem com seus novos reforços, sem haver nenhum mecanismo que permitisse o equilíbrio entre todos. Além disso, o abismo entre Superliga e demais times seria ainda maior que o que já ocorre entre times da Europa e da América do Sul, em que os ricos ficam ainda mais ricos com premiações e reforços que são os melhores jogadores do mundo. E os times pobres ficam mais pobres, sem ter como fazer contratações no mesmo nível que os europeus, em equipes que, por muitas vezes, acabam ficando endividadas. O futebol respira aliviado diante da possibilidade de extinção desta competição.

domingo, 18 de abril de 2021

Escolhas que deram errado no Draft da NFL


Abril é aquele mês marcado pelo Draft da NFL, o recrutamento de atletas universitários que sonham com o futebol americano profissional. É a chance de cada jogador garantir sua entrada na National Football League e assim garantir uns belos trocados financeiramente – vale lembrar que, no College, os jogadores não recebem salário, e sua presença em campo se dá através de bolsas de estudo.

Todos os anos, o evento é sempre marcado por diversas expectativas, afinal de contas, é como um reality show da NFL. Vale lembrar que é uma cerimônia de várias horas em que os selecionados vão surgindo para o público, gerando manifestações felizes ou frustradas de seus torcedores ao vivo. A exceção do Draft de 2020, totalmente virtual por causa da primeira onda da pandemia da Covid-19, o recrutamento é um belo espetáculo de entretenimento.

Para os novatos em futebol americano, o Draft reúne jogadores recém saídos do futebol americano universitário e que tentam uma vaga na principal liga da modalidade. Ao longo de três dias, as 32 equipes da NFL escolhem os seus futuros atletas. É selecionado um jogador por vez por cada time, seguindo uma ordem inicialmente estabelecida de acordo com a classificação invertida do ano anterior – com a possibilidade da equipe trocar de posição com outra se lhe for conveniente. Em tese, o pior time tem a chance de garantir o melhor atleta vindo do College, e assim sucessivamente. É como se fosse aquele jogo de futebol praticado na rua, em que a galera se junta e escolhe, nome a nome, quem vai para cada equipe – com os melhores escolhidos primeiro e os piores por último.

No papel, o Draft permite o equilíbrio entre as franquias, já que as piores equipes podem se reconstruir no longo prazo e virarem grandes potências em poucos anos. Mas nem sempre isso dá certo. Há muita tensão entre donos e general managers para decidirem suas escolhas, e nesse clima sempre pode ter espaço para algum deslize. E aí aquela escolha dos sonhos pode virar um tremendo pesadelo. 

É neste ponto que nós queremos chegar neste texto. Esqueçam escolhas certeiras, como as de Peyton Manning pelo Indianapolis Colts, ou, em um exemplo mais recente, a de Patrick Mahomes pelo Kansas City Chiefs. E esqueçam as apostas para quem vai ser o primeiro selecionado no Draft de 2021 – haverá um texto específico para o recrutamento de atletas universitários nos próximos dias. Hoje é dia de recordar das seleções ruins, daquelas em que o público vaiou logo de cara, ou que, até acreditou que poderia dar certo, mas acabou em um enorme abacaxi para descascar. Não elencaremos os fatos em um ranking ou ordem cronológica. Mas provavelmente você vai se lembrar de algumas destas movimentações.

2000 – Qualquer QB escolhido antes de Tom Brady

Chad Pennington, Giovanni Carmazzi, Chris Redman, Tee Martin, Marc Bulger e Spergon Wynn. Talvez você nem saiba quem são as pessoas citadas acima, mas todas têm algo em comum: foram quarterbacks escolhidos no Draft de 2000 antes de Tom Brady. Aqui vale ressaltar que, antes daquele recrutamento, Brady nem era cotado para ser uma estrela, e as avaliações prévias do Combine (em que os atletas disponíveis para o Draft fazem diversos testes físicos e mentais) não eram favoráveis ao jogador. Mas 21 anos depois, a aposta do New England Patriots na escolha de número 199 se mostrou mais do que certeira, e hoje Brady, agora no Tampa Bay Buccaneers, é o maior quarterback de todos os tempos.

E quanto aos demais selecionados antes, que fim levaram? Pennington e Bulger ainda tiveram momentos de titularidade, mas nenhum deles teve uma carreira de sucesso. Entre os outros, há quem sequer jogou um único snap na NFL. Além disso, até kicker e punter foram escolhidos antes de Tom Brady – o então Oakland Raiders foi o protagonista desta dupla façanha há 21 anos.

1999 – Um por todos e todas por uma

Antes e durante um Draft, só há uma maneira para que uma equipe possa mudar sua posição de escolha, seja lá por qual motivo: através das trocas. Elas podem envolver jogadores ou mais escolhas do Draft, de acordo com o interesse das duas equipes envolvidas. E por causa disso, para alcançar uma determinada posição, é comum um time ceder mais de uma escolha do Draft do ano corrente ou dos seguintes. 

Mas em 1999 ocorreu algo ainda mais insano. O New Orleans Saints, ainda vivendo a era anterior ao ex-quarterback Drew Brees e o atual técnico Sean Payton, queria sair do ostracismo de décadas. E para isso, o técnico da época, Mike Ditka, convenceu a direção da franquia a tomar uma decisão absurda: trocar TODAS as suas escolhas do Draft para subir da 12ª escolha geral para a 5ª, com o objetivo de selecionar o running back Ricky Williams. Foram as seis escolhas que o Saints tinha em 1999, mais duas do Draft de 2000 (incluindo a primeira rodada) enviadas para Washington. O desejo de Ditka por Ricky Williams foi tão icônico que a revista ESPN fotografou os dois para a capa... vestindo eles como noivos.

Valorize quem faz de tudo para ter você, como Mike Ditka ao selecionar Ricky Williams (foto: reprodução/Revista ESPN)

O que poderia dar errado comprometendo um Draft inteiro por um jogador? Uma campanha lamentável de três vitórias e 13 derrotas, e a obvia demissão de Mike Ditka ao fim da temporada. Williams ainda teve um desempenho ruim em seu ano de estreia, de apenas dois touchdowns, e conviveu com diversos problemas extra-campo em Nova Orleans, sendo trocado em 2002 para o Miami Dolphins. Após o mau início de carreira, o running back se destacou em Miami, entre altos e baixos, encerrando sua passagem na NFL em 2011 pelo Baltimore Ravens, após acumular mais de 10 mil jardas terrestres.

2007 – A pior primeira escolha geral da história

A animação contagiante de Jamarcus Russell já era um sinal de que não era uma boa escolhê-lo


O Las Vegas Raiders volta a aparecer por aqui. Ainda nos tempos em que era o Oakland Raiders, o time queria voltar aos tempos de glórias em 2007. Com a primeira escolha geral do Draft daquele ano, Al Davis, o dono da franquia e que também ocupava o cargo de general manager até seu falecimento, em 2011, pretendia iniciar a reconstrução, que começaria por um quarterback ou um wide receiver, que eram bem avaliados na época. Davis seguiu sua intuição, e ela tinha nome e sobrenome: Jamarcus Russell, o quarterback.

No futebol americano universitário, Russell tinha ido bem em LSU, e isso o credenciou com a primeira escolha geral, mesmo com alguns boatos de que ele era desinteressado. Antes mesmo de estrear pelo Raiders, já vieram os primeiros problemas. Ele só assinou seu contrato durante as primeiras semanas da temporada regular de 2007. E que contrato. O vínculo foi de seis anos, US$ 68 milhões em salários, sendo US$ 31,5 milhões garantidos. E mesmo com esse grande contrato, absurdo para um calouro, só jogou naquele ano como titular na última rodada (após ter entrado em campo como reserva em algumas partidas, com atuações muito ruins).

Russell ainda ficou em Oakland por mais dois anos, e continuou sendo um fiasco nas partidas em que foi o titular. Seu desinteresse por jogar era tão grande que a Raiders o enviou um livro em branco, alegando que era para estudar sobre o adversário da próxima rodada. Ao ser questionado sobre, o quarterback disse que passou a madrugada estudando o conteúdo, e que ajudaria seu time a vencer a próxima partida. Não teve jeito. Ao fim da temporada de 2009, o Raiders finalmente o dispensou, após uma carreira em que completou míseras 4083 jardas lançadas, para 18 touchdowns e 23 interceptações. 

Ficou claro que o time, que poderia pegar na primeira escolha geral quem quisesse, fez besteira ao selecionar o QB. Até porque o segundo selecionado, aquele wide receiver bem avaliado que o time cogitou contratar, era Calvin Johnson, escolhido pelo Detroit Lions, e que fez história. Em 2021, garantiu seu lugar no Hall da Fama da NFL. Outro "legado" dessa história com Russell foi que, a partir de 2011, as franquias da NFL passaram a adotar contratos mais baixos para jogadores calouros, com vínculo máximo de quatro anos, com opção de ativar um quinto ano caso este atleta tenha sido selecionado na primeira rodada.

1998 – A pior segunda escolha geral da história

A maioria dos times vencedores do Super Bowl tinham como protagonistas um quarterback. Mas antes de qualquer QB erguer o Vince Lombardi, é necessário que este evolua profissionalmente após sua seleção no Draft. Mas antes do recrutamento, times que estão sedentos por mudanças na posição fazem de tudo para garantir o melhor ou um dos melhores disponíveis entre os que chegarão do futebol americano universitário. 

Em 1998, havia a expectativa para que dois QBs fossem as duas primeiras escolhas: Peyton Manning e Ryan Leaf. Sabendo disso, o então San Diego Chargers (hoje Los Angeles Chargers) subiu no Draft e garantiu a segunda escolha geral para selecionar um dos dois. Manning foi o primeiro escolhido, pelo Indianapolis Colts, e o resto é história. Leaf foi o segundo. E dali em diante, virou farsa.

Além de péssimas atuações pelo Chargers, Leaf somou diversos problemas extra-campo. Ele brigou no vestiário algumas vezes, além de ter sérias discussões com a imprensa. O ex-jogador também se lesionou em alguns momentos, isso sem contar que chegou a mentir que estava machucado. Em seu ciclo em San Diego, venceu apenas quatro partidas entre 1998 e 2000, e em 2001, foi para o Dallas Cowboys, onde jogou em três derrotas e nunca mais voltou a atuar. Seus números: 3666 jardas lançadas, 14 touchdowns e 36 interceptações. 

1995 – Ele não queria jogar na NFL, e foi selecionado

Eli Herring era jogador de linha ofensiva de BYU, e teve uma carreira de destaque no futebol americano universitário. As análises prévias do Draft da NFL de 1995 indicavam que ele poderia até mesmo ser selecionado na primeira rodada. Ou seja, em tese, era um dos melhores na posição que estariam aptos a se profissionalizar. Só tinha um problema. Herring não queria jogar na NFL por ser Mórmon, e, segundo as tradições da religião, os Mórmons não trabalham aos domingos, dia reservado para orações. E como você já deve saber, é domingo o dia em que acontece a maioria dos jogos da liga. O futuro ex-atleta avisou a todos os times que não queria jogar por seguir sua doutrina religiosa. Mesmo assim, alguém foi atrás dele no Draft.

 Lá vem o Raiders de novo! Olha só que absurdo! Parafraseando Galvão Bueno no tenebroso 7 a 1 que a Alemanha aplicou no Brasil na Copa de 2014, a franquia de Las Vegas, que na época ainda residia em Oakland, selecionou Herring na sexta rodada daquele Draft. O time até tentou oferecer um contrato de US$ 1,5 milhão para ver se ele mudaria de ideia, mas não teve efeito. Foi uma escolha gasta à toa. 

2016 – Subir no Draft por um kicker

Você que chegou na NFL em 2020, e que viu o Tampa Bay Buccaneers levar o título do Super Bowl em fevereiro deste ano, provavelmente deve achar que a franquia sempre foi vencedora. Mas não é bem assim. Entre 2003 (ano do primeiro título) e 2021, o time passou por alguns maus bocados. E temporada após temporada, o Draft era visto como a chance perfeita para o Bucs saísse das piores posições da liga para enfim voltar a brigar para vencer a competição.

E aí voltamos para 2016. Passada a primeira noite do Draft, reservada apenas à primeira rodada do recrutamento, o segundo dia estava mais tranquilo, com cada equipe selecionando seus jogadores no tempo estabelecido, ocorrendo eventuais trocas em tempo real. Até que o Buccaneers resolveu dar as caras e chamar a atenção de todo mundo. O time subiu 15 posições para ter mais uma chance de escolher na segunda rodada. A equipe de Tampa enviou ao Kansas City Chiefs suas escolhas de terceira e quarta rodadas na troca, e selecionou um kicker.

Existem muitos kickers de alto nível na NFL atual, assim como alguns medianos e outros medíocres, como em qualquer profissão na vida. Mas quando se trata desta posição, é comum que as equipes só selecionem um kicker no final do Draft, ou até mesmo esperem passar o recrutamento para contratar alguém por um valor ainda mais barato. A título de exemplo, Adam Vinatieri, o maior kicker da história, não foi draftado em seu ano de início de carreira na NFL, em 1996. Mesmo assim, o Buccaneers gastou cartucho e fez acontecer a seleção de Roberto Aguayo.

O atleta vindo de Florida State tinha qualidades na posição antes do Draft. Até mesmo recebeu o prêmio Lou Groza, dedicado ao melhor kicker da temporada do College Football – o brasileiro Cairo Santos, que joga hoje no Chigago Bears, recebeu tal honraria, mas não foi selecionado no Draft. Ou seja, a troca realizada pelo Buccaneers e a seleção de Aguayo na segunda rodada se tornaram uma imensa pressão sobre o jogador. 

Ainda em 2016, durante a temporada regular, já haviam questionamentos sobre seu talento. Ao final do seu ano de calouro, Aguayo acertou 22 field goals de 31 tentativas, em um aproveitamento de 71% nos chutes, considerado muito baixo para a posição. Em 2017, para pressioná-lo, o Buccaneers contratou um outro kicker e assim ativar uma competição interna entre os jogadores. Sobrou para Aguayo, que foi cortado antes mesmo da temporada começar. Ele ainda tenta voltar à NFL, e passou por Chicago Bears, Carolina Panthers, Los Angeles Chargers e New England Patriots, mas jamais ficou nos elencos para atuar na temporada regular.

2017 – Trocar uma posição por Mitchell Trubisky

Trubisky foi a aposta do Bears em 2017, e deu errado (foto: Matt Rourke/AP)


Que fique claro que não estamos colocando Mitchell Trubisky como um dos piores quarterbacks da história, mas como o texto cita as más escolhas feitas no Draft, a seleção deste jogador pelo Chicago Bears em 2017 merece o devido destaque. 

O Bears é o time que está na NFL desde o ano de sua fundação, em 1920. A histórica e centenária franquia já teve inúmeros grandes jogadores, sendo campeã por nove vezes (oito títulos na era antiga da NFL, e um de Super Bowl). Apesar disso, a posição de quarterback nunca foi de alguém que teve uma excelente carreira, sendo o personagem principal na conquista de títulos. Querem um exemplo? O líder em passes para touchdown e em jardas lançadas no Bears é ninguém menos que Jay Cutler, que jogou por lá entre 2009 e 2016, a quem os próprios torcedores de Chicago não têm boas lembranças.

Assim chegamos à 2017. Depois de anos de sofrimento, finalmente o Bears decidiu demitir Jay Cutler, que, cabe ressaltar, só jogou uma temporada completa sem se afastar por lesões ou qualquer outro motivo, com direito a uma única ida aos Playoffs neste período. No Draft de quatro anos atrás, o Bears tinha a terceira escolha geral, e estava sedento por um quarterback. A pressão por um franchise QB, aquele que tem uma longa carreira por uma equipe e é o responsável por títulos, foi maior do que nunca. E o desejo por alguém desta posição foi tão grande que, após a escolha do Cleveland Browns, a primeira geral daquele recrutamento, o Bears realizou uma insana troca com o San Francisco 49ers, que tinha a segunda seleção, para escolher Mitchell Trubisky. Chicago enviou escolhas de primeira, terceira e quarta rodadas, e mais uma seleção de terceira rodada de 2018, para subir uma única posição e escolher o quarterback que queriam.

Quando foi feito o anúncio de Trubisky, ninguém entendeu nada, um pagamento tão caro de escolhas para subir uma única posição, e o 49ers nem foi atrás de QB. No papel, ele nem era o melhor quarterback disponível, já que foi o mesmo Draft de, pasmem, Patrick Mahomes (hoje no Kansas City Chiefs) e Deshaun Watson (ainda no Houston Texans, e enfrentando dezenas de acusações de assédio sexual). E na prática, também não. Nos quatro anos em que permaneceu em Chicago, Trubisky teve muitas atuações ruins. Seu melhor ano como titular foi em 2018, em que foi selecionado ao Pro Bowl e levou o Bears aos Playoffs, mas a grande força da franquia estava mesmo na defesa. 

Em 2020, com Trubisky já pressionado pela posição, o Bears contratou Nick Foles para ser o quarterback reserva. Foles chegou através de uma troca, e recebendo um salário relativamente alto, reflexos do título de Super Bowl conquistado por Foles no Philadelphia Eagles na temporada 2017/18. Mesmo assim, Foles foi para a reserva e Trubisky seguiu titular. Tudo ia bem (porque a defesa segurava o rojão e mantinha o time invicto) até o duelo contra o Atlanta Falcons. O técnico Matt Nagy perdeu a paciência de vez com ele e o substituiu por Foles, que garantiu uma inacreditável virada.

Antes do fim de seu ciclo em Chicago, Trubisky ainda teve tempo de voltar a se tornar o titular, mas apenas porque Foles se machucou seriamente. Ao final da temporada, foi cortado do elenco. Recentemente, foi contratado para o Buffalo Bills, mas será o reserva por lá, já que Josh Allen é o quarterback titular e está consolidado na posição dentro da franquia. Ou seja, o Bears apostou muito alto para subir uma posição, por alguém que não rendeu como esperavam.

2004 – Eli Manning e o ranço pela equipe que o escolheu

Eli Manning super animado ao ser escolhido pelo Chargers (foto: USA Today Sports)

Seria impossível fazer um texto sobre as más escolhas no Draft da NFL sem citar a peripécia causada por Eli Manning. Se vocês soubessem o que aconteceu em 2004 ficariam enojados. Não foi feita aqui uma ordem da melhor para a pior seleção entre as citadas nesta publicação, mas a polêmica envolvendo o ex-jogador do New York Giants há 17 anos é algo que estará marcado para sempre na história do Draft.

O ano de 2004 proporcionou a chegada de três grandes quarterbacks da NFL. Além de Eli Manning, naquele Draft, também foram selecionados Ben Roethlisberger, até hoje no Pittsburgh Steelers, e Philip Rivers, que fez carreira no Los Angeles Chargers e pendurou as chuteiras recentemente após uma temporada no Indianapolis Colts. Mas voltamos para Eli, o irmão mais novo de Peyton Manning. Sua carreira universitária, por Ole Miss, o alçou para ser o favorito para a primeira escolha geral do Draft.

Mas quem tinha o direito de ter esta escolha era o então San Diego Chargers. A franquia desejava ter Eli Manning como o seu QB. Porém, o próprio Eli deixou bem claro que não queria ir para lá. O pai do jogador, o ex-quarterback Archie Manning, também interviu em nome do filho para que não houvesse a seleção. Tudo isso irritou profundamente a torcida e a direção do Chargers, que resolveu vingar a afronta do calouro. Na noite do Draft, a franquia de San Diego selecionou Manning como a primeira escolha geral em nome do deboche. O momento foi tão incrível que dá para ver claramente o desconforto do jogador ao segurar a camisa do Chargers.


        

Provavelmente foi o ponto alto na história do Draft. Mas apesar deste fato, Manning só tocou na camisa do Chargers naquele dia. Interessado no jogador, e sabendo que a franquia de San Diego fez a escolha em nome do entretenimento, o New York Giants já tinha feito um acordo com a equipe que escolheu Eli. A solução foi, na quarta escolha geral, a franquia de Nova York escolheu o também quarterback Philip Rivers, e pouco depois do Draft realizou uma troca para ter Eli Manning. Na transição, o Giants enviou uma escolha de terceira rodada, e escolhas de primeira e quinta rodada do Draft de 2005.

Apesar do momento afrontoso, depois da troca, Manning e Rivers acabaram fazendo história por suas respectivas franquias, provando que, independente de toda a questão que envolveu as escolhas de ambos no Draft, eram atletas talentosos. Rivers se tornou titular no Chargers a partir de 2006, e se tornou extremamente identificado com a torcida de San Diego – a ponto de permanecer na cidade mesmo com a mudança da franquia para Los Angeles, em 2017. Apesar de não ter conquistado títulos por lá, se tornou o recordista na franquia em diversas estatísticas, e está eternizado na história do Chargers. Sua última temporada profissional foi em 2020, em que defendeu o Indianapolis Colts.

Já Manning teve uma carreira de maior impacto, e também marcou seu nome na história do Giants. Assumiu a titularidade ainda em 2004, e só perdeu de vez a posição em seu último ano como profissional, em 2019. Antes disso, chegou ao auge e foi bicampeão do Super Bowl, em 2008 e 2012. Ambos os títulos são memoráveis para o atleta, eleito o MVP. 

Haverá mais escolhas ruins no futuro?

Obviamente! Os fatos ditos acima são só alguns dos piores escolhidos pelo Draft da NFL. Como visto, nem todos eram jogadores ruins, mas sim o ato de escolha acabou sendo mais polêmico. Em breve, teremos o Draft de 2021, reunindo futuras grandes histórias, seja de escolhas certeiras ou de seleções que, bem, não darão tão certo assim. E o Left Tackle Brasil estará aqui para contar tudo isso para você, amigo leitor. 

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Julian Edelman deixa o New England Patriots e anuncia aposentadoria

Edelman foi três vezes campeão do Super Bowl – em 2019, como MVP da decisão (foto: Al Belo/Getty Images)

Um dos últimos remanescentes da notória campanha de ouro do New England Patriots nos últimos anos encerra sua passagem pela franquia e, consequentemente, pela NFL. O wide receiver Julian Edelman, três vezes campeão do Super Bowl defendendo o Patriots, anunciou oficialmente a sua aposentadoria após ter sido dispensado nesta segunda-feira, 12 de abril. O atleta de 34 anos estava na NFL desde 2009, sempre vestindo a camisa de New England.

Segundo o repórter Ian Rapoport, da NFL Network, Edelman cogitou jogar a temporada de 2021, mas falhou no teste físico ao qual o Patriots realizou recentemente, e que o corte veio por conta desta situação. Em 2020, o wide receiver sofreu uma lesão no joelho, e ainda não está com uma pronta recuperação do problema. Cerca de uma hora após o anúncio de seu corte, Edelman anunciou em vídeo que estaria se retirando da carreira profissional. "Foi uma decisão difícil, mas foi a decisão certa para mim e minha família", disse o agora ex-jogador.


Com suas chuteiras penduradas, Edelman sairá como o maior wide receiver da história do New England Patriots. Ele foi o principal alvo do quarterback Tom Brady a partir da temporada de 2013, e dividiu por muitos anos a preferência nas recepções com o tight end Rob Gronkowski. Edelman foi também peça importante nas conquistas dos Super Bowls XLIX (49), LI (51) e LIII (53), em 2015, 2017 e 2019 – neste último, foi o MVP da decisão.

O camisa 11 foi selecionado pelo New England Patriots na sétima rodada do Draft de 2009. Era quarterback no futebol americano universitário, e ao desembarcar em Foxborough, o técnico Bill Bellichick queria aproveitar seus talentos de alguma forma – já que a titularidade na posição de QB sempre foi incontestável para Brady. Assim sendo, foi transformado em wide receiver, e durante quatro temporadas, era o retornador de punts e kickoffs do time.

Em 2013, Bellichick o alçou para o time titular de ataque, se tornando o principal wide receiver do Patriots. Naquele ano, teve a primeira temporada com mais de 1 mil jardas recebidas. Dali em diante, se consolidou entre os principais nomes da franquia. Ao todo, Edelman teve 620 recepções para 6822 jardas e 36 touchdowns. 

Seus números históricos não impressionam a nível de comparações para o Hall da Fama da NFL, e nem entramos nesta questão aqui. Mas para o torcedor do New England Patriots, a importância de Edelman para o ciclo vencedor da equipe na última década fica em patamar semelhante às de Brady e Gronkowski. Em janeiro de 2015, nos Playoffs, em um dramático duelo contra o Baltimore Ravens, Edelman fez um passe para touchdown, surpreendendo a defesa adversária, e revivendo os tempos de quarterback. A jogada permitiu que o time vencesse no Divisional Round e seguisse para o Super Bowl XLIX.

E por falar em Super Bowl, Julian Edelman teve participação decisiva nos três confrontos em que o Patriots venceu, em 2015, 2017 e 2019. No Super Bowl XLIX, contra o Seattle Seahawks, o camisa 11 recebeu o passe para touchdown da virada naquela decisão, vencida pelo placar de 28 a 24 e marcada pela famosa interceptação na linha de uma jarda. 

Em 2017, Edelman protagonizou épica recepção no Super Bowl LI (foto: Ezra Shaw/Getty Images)

Dois anos mais tarde, tinha uma atuação discreta no Super Bowl LI. Após New England estar perdendo para o Atlanta Falcons por 28 a 3, a equipe se recuperava e Edelman fez uma impressionante recepção na campanha ofensiva que resultou no empate no tempo normal. No lance em questão, o wide receiver completou o passe mesmo com três jogadores do Falcons o pressionando, se tornando fundamental para a virada por 34 a 28

Em 2019, no Super Bowl LIII, Julian Edelman foi eleito o MVP da decisão, por seu papel fundamental em várias jogadas ofensivas do Patriots que contribuíram para a vitória sobre o Los Angeles Rams por 13 a 3. O atleta recebeu 12 passes naquela noite, para 141 jardas totais. 

No ano passado, Edelman ficou no New England Patriots, em temporada marcada pela saída de Tom Brady para o Tampa Bay Buccaneers, e também com a volta da aposentadoria de Rob Gronkowski para se juntar com o quarterback para a franquia da Florida. Apesar da permanência para jogar com o QB Cam Newton, Edelman não teve um ano bom devido a uma lesão no joelho. Jogou apenas seis partidas, completando 21 recepções e 315 jardas, sem receber para touchdown.

Após o anúncio da aposentadoria de Edelman, o técnico Bill Bellichick disse que o ex-jogador tinha os atributos necessários para a carreira de um jogador de sucesso: produção, vitórias e títulos. "Então, nos maiores jogos e momentos, com campeonatos em jogo, ele alcançou patamares ainda maiores e apresentou algumas de suas melhores e mais emocionantes atuações", relembra o treinador. Já o dono do Patriots, Robert Kraft, disse que Edelman foi uma das maiores histórias de sucesso da franquia. "Não há muitos jogadores que ganham uma vaga no elenco da NFL em uma posição que nunca jogaram antes. Julian não só fez isso como uma seleção de sétima rodada no Draft, mas está encerrando sua carreira com o segundo maior número de recepções na história da franquia e como três vezes campeão do Super Bowl, incluindo a última como MVP do Super Bowl", declarou.

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Sam Darnold é trocado para o Carolina Panthers

Atleta de 23 vai para sua quarta temporada na NFL (foto: Al Pereira/Getty Images)

Após três temporadas como titular do New York Jets, o quarterback Sam Darnold deixa a franquia e irá para o Carolina Panthers, por meio de uma troca entre os dois times. A mudança de elenco ocorreu nesta segunda-feira, 5 de abril, e envolveu também escolhas do Draft. Para ceder o jogador, o Jets recebeu uma escolha de sexta rodada do Draft de 2021, e também as escolhas de segunda e quarta rodadas do recrutamento de 2022.

Com a movimentação, a franquia de Nova York recomeçará sua reconstrução a partir de um novo quarterback, que provavelmente virá pelo Draft deste ano, já que o time tem a segunda escolha geral. Sam Darnold era a antiga aposta do Jets na posição, e foi a terceira escolha geral do Draft de 2018. Foi o titular absoluto nas últimas três temporadas, ausente apenas em casos de lesão. Apesar disso, teve muita dificuldade em evoluir, principalmente entre 2019 e 2020, quando o time foi treinado por Adam Gase – demitido ao final da temporada passada. Ao todo, o jogador passou para 45 touchdowns e 39 interceptações.

Pelo Carolina Panthers, a chegada de Sam Darnold significa que a equipe apostará nele como o quarterback titular para o seu futuro. O jogador de 23 anos ainda está em seu contrato de calouro, que era de quatro temporadas, e seu novo time já confirmou que ativará o quinto ano deste vínculo inicial. Enquanto isso, Teddy Bridgewater, que chegou em 2020 e foi o quarterback titular, permanece até o momento no elenco, mas pode ir para o banco de reservas. A equipe da Carolina do Norte já tinha planos de substituir o QB, e recentemente haviam tentado trocar por Deshaun Watson, mas o Houston Texans recusou a oferta – a negociação foi antes das denúncias de assédio sexual contra Watson

Sam Darnold passa agora a ter uma nova chance como profissional. Seu ciclo no Jets foi instável demais para notar uma evolução. E, diferente de outros jogadores, ainda terá oportunidades para ser o QB titular de uma franquia.