segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A dinastia continua - Patriots vence Super Bowl LIII e se torna hexacampeão

Wide receiver Julian Edelman fez o jogo de sua vida, e foi eleito o MVP


Como nasce uma dinastia? Esta palavra é usada no esporte para definir equipes que conquistam vários títulos em poucos anos, independente da modalidade esportiva. Na NFL, todos os outros times que venceram mais de um Super Bowl desde a criação deste jogo, em 1967, não conseguiram um domínio maior que durasse mais de uma década, até por conta dos inúmeros mecanismos que permitem o equilíbrio da liga.

Mas há uma exceção, uma equipe que iniciou a sua dinastia oficialmente há 17 anos, e que, mesmo com o passar das gerações, e com mudanças de grande parte do elenco de um ano para outro, segue no topo. É o New England Patriots, que foi de um time azarão vencedor do Super Bowl XXXVI, em 2002, para se tornar o maior campeão desta era em 2019, com seis títulos, após vencer o Super Bowl LIII neste domingo (3), sobre o Los Angeles Rams por 13 a 3.

Além de 2019, o Patriots também foi campeão em 2002, 2004, 2005, 2015 e 2017. E ao longo deste ciclo, muito se questionou quando acabaria a tal dinastia. Quando seria o fim deste ciclo vitorioso? Em uma equipe com um técnico de mente brilhante como Bill Bellichick, e com um quarterback de 41 anos, que não apresenta nenhum declínio físico por conta da idade, como Tom Brady, fica cada vez mais difícil de responder em que momento haverá o final das glórias. Todos os seis títulos de New England foram conquistados com estes dois no elenco, que ganham cada vez mais argumentos para serem tratados como os maiores da história.

Tom Brady é o único jogador da história com seis títulos de Super Bowl

É bem verdade que, no Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, Brady não foi tão importante em um Super Bowl quanto nos anos dos cinco títulos anteriores. Ele não passou para nenhum touchdown, completou 21 de 35 passes, para 262 jardas e uma interceptação. Mas quando o jogo estava empatado no último quarto, foi o camisa 12 quem fez passes importantes, permitindo ao running back Sony Michel correr para o único TD do jogo. Brady é o único atleta do futebol americano com seis títulos de Super Bowl, independente da posição jogada.

O MVP foi o wide receiver Julian Edelman, que fez 10 recepções para 141 jardas. Edelman conquistou o seu terceiro título como jogador (todos pelo Patriots). Foi ele quem fez a mágica recepção no Super Bowl LI há dois anos. Passou toda a temporada seguinte sem jogar, por ter machucado o joelho, e em 2018-19, perdeu alguns jogos drvido a uma suspensão, até ter a sua redenção definitiva ao ser coroado como melhor do Super Bowl LIII.

Este duelo foi muito defensivo, com a menor pontuação da história. As defesas de Rams e Patriots se revezaram em impedir jogadas efetivas dos ataques adversários. Mas se em New England, o ataque foi determinante no final do jogo, o mesmo não aconteceu em Los Angeles. O quarterback Jared Goff completou 19 passes de 38 tentativas, para 229 jardas e uma interceptação, mas foi mal durante todo o jogo. O running back Todd Gurley  teve 10 corridas para apenas 35 jardas.

Patriots comete erros no primeiro quarto

A primeira posse de bola do Super Bowl LIII foi de New England. O ataque ia bem, com corridas de Sony Michel e James White já levando o time ao campo de ataque, mas no primeiro passe de Brady, o linebacker Cory Littleton o interceptou.

Desde o início, o Rams teve muitas dificuldades ofensivas, e suas campanhas de ataque duravam poucas jogadas. O punter Johnny Hekker era quem mais aparecia durante o jogo, para devolver a bola ao Patriots. Em outra oportunidade com New England atacando, a equipe chegou em condições de abrir o placar com um field goal, mas o kicker Stephen Gostkowski perdeu o chute. O primeiro quarto terminou 0 a 0.

Edelman começa a se destacar

O placar zerado se estendeu pelo segundo período. Estava inofensivo o ataque do Los Angeles Rams, tão prolífico ao longo da temporada regular e dos Playoffs. Todos esperavam que em algum momento o time ia engrenar, mas só a defesa funcionava, garantindo os primeiros sacks que Brady levou nesta pós-temporada.

Edelman teve 141 jardas ao longo da partida


As jogadas do Patriots se configuravam mais em corridas dos running backs e em passes curtos de Brady. Naquele momento, Julian Edelman já começava a aparecer bem em campo. Enquanto os demais recebedores conseguiam poucas jardas, o camisa 11 alcançava bom território em campo, sendo importante para que Stephen Gostkowski se redimisse do erro anterior, para acertar um field goal, marcando os primeiros pontos de New England.

Enquanto isso, o Rams seguiu inerte no ataque, e pela primeira vez desde a chegada do técnico Sean McVay, em 2017, o time foi para o intervalo sem pontuar. O Patriots vencia o jogo por 3 a 0.

Rams empata no terceiro quarto, mas sem empolgar

Quando aconteceu o intervalo, o que se via era um domínio do Patriots, mesmo com o placar tão baixo. O que ainda deixava o jogo equilibrado era que a defesa do Rams estava pressionando muito Tom Brady, impedindo jogadas que resultassem em pontos.

Jared Goff teve atuação sofrida na partida


Teve a apresentação do Marron 5 no Halftime Show, embora tenha sido tão pouco empolgante quanto a primeira metade do Super Bowl LIII. Na volta dos vestiários, o Rams precisava resolver com seu ataque. Jared Goff tinha apenas cinco passes completos, e Todd Gurley, apenas dez jardas corridas. Mas pouca coisa mudou inicialmente. Foram oito campanhas seguidas da equipe que terminaram em punt.

Mas a defesa de Los Angeles deixava o jogo parelho, o que deu uma reanimada breve no ataque. Em uma única campanha, Goff conseguiu enfim conectar bons passes, em especial para Robert Woods e Brandin Cooks. Quase houve um touchdown de Cooks, não fosse a boa marcação do defensor Jason McCourty, mas depois, Dont'a Hightower sacou Goff em uma terceira descida. De maneira frustrante, o Rams empatou com um field goal do kicker Greg Zuerlein, no único momento em que realmente foi bem no ataque.

A confirmação do título do Patriots

O último quarto chegou com o jogo ainda empatado, e por mais igual que fosse o placar, parecia um confronto fadado a ser vencido pelo Patriots. Julian Edelman conseguiu as 141 jardas recebidas, e merecidamente foi o melhor em campo. A equipe de Los Angeles deu uma acordada, com Jared Goff completando passes mais longos, mas não houve virada.

Voltamos a falar de Tom Brady. Era nítido o semblante de frustração dele, em um jogo que pouco pôde fazer porque a defesa do Rams não o deixava em paz. Mas ele é veterano, e tem uma vasta experiência em Super Bowls. No momento certo, ele conseguiu passes decisivos, em especial para Rob Gronkowski, em que o tight end deixou o time na linha de duas jardas no campo de ataque. Por mais mitológico que Brady seja, ele não joga sozinho e todos os seus companheiros são importantes para contribuir com as vitórias do Patriots. Na jogada seguinte a da recepção de Gronk, o calouro Sony Michel correu para a endzone. Foi touchdown, o tão esperado primeiro TD do jogo, a sete minutos para o final.



Quando o duelo é bem defensivo, um touchdown de distância no placar pode parecer uma tarefa duríssima. E foi. Goff enfim começou a calibrar mais os passes e arriscar lances em profundidade. O field goal não adiantaria mais. O Rams já estava no campo de ataque, até que o camisa 16 foi interceptado por Stephon Gilmore. Esta jogada derrubou de vez Los Angeles.



A New England, só restava correr com a bola, para o elenco correr para o abraço celebrando o título. Sony Michel e o também running back Rex Burkhead tiveram corridas suficientes para queimar mais relógio e eliminar cada vez mais as chances de derrota. Deu tempo ainda para o kicker Stephen Gostkowski dar o golpe derradeiro no placar, acertando o field goal que deixou o jogo em 13 a 3, faltando 1:12 para o fim.

Nos instantes finais, a expectativa era somente para o fim do jogo, pois o Rams precisaria de duas posses para tentar empatar em pouco tempo. Nem diminuir a vantagem conseguiram, com um field goal perdido por Zuerlein já nos segundos finais.

Um exemplo de time vencedor

É o sexto título do New England Patriots, que junto ao Pittsburgh Steelers, se torna o maior campeão do Super Bowl. As seis conquistas foram em apenas 17 anos, em uma liga tão dinâmica e equilibrada. Entre os outros campeões, ninguém venceu mais que duas vezes entre 2002 e 2019.

Os três primeiros títulos do Patriots foram em apenas quatro anos (2002, 2004 e 2005). A primeira vez em que houve a dúvida do fim da dinastia foi em 2007-08, quando após uma temporada invicta, o time foi derrubado no Super Bowl para o New York Giants. Quatro anos depois, o mesmo aconteceu, com o mesmo algoz. Em 2014, teve quem decretou "acabou a dinastia", logo após um jogo terrível de Brady ainda na semana 4. Aquela temporada (encerrada em 2015), terminou com troféu. Em 2017? Taça também, na maior virada da história do Super Bowl. E em 2018, derrota na decisão. Fim da dinastia? Que nada! Título no ano seguinte e recorde de troféus Vince Lombardi.



Depois do que aconteceu no Super Bowl LIII, perguntar quando acabará esta era ao Patriots não vale a pena. Testemunhamos algo único na história de qualquer esporte coletivo. Em Atlanta, o Patriots demonstrou que, quanto mais questionarem a capacidade deste time vencer, mais motivado o elenco estará para seguir trilhando o caminho das vitórias. O maior campeão do Super Bowl prova mais uma vez que não chega a uma temporada para brincadeira, e que a filosofia de vencer sempre está enraizada na sua história.

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