segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Chiefs desfila na prorrogação, vence Super Bowl LVIII, e amplia sua dinastia na NFL

Patrick Mahomes se consolida como um dos maiores jogadores da NFL na história


A era vitoriosa do Kansas City Chiefs na NFL ganhou mais um episódio na noite deste domingo (12) de Carnaval. A equipe de Patrick Mahomes venceu o Super Bowl LVIII, conquistando o segundo título consecutivo, sendo o terceiro nas últimas cinco temporadas. A dinastia, que já tinha sido decretada aqui neste site em 2023, continua viva. Afinal de contas, estamos falando de um elenco sólido, que se tornou potência na NFL, e que será lembrado por décadas.

Na primeira decisão da NFL realizada em Las Vegas, o Chiefs venceu o San Francisco 49ers por 25 a 22, em um confronto emocionante até o último lance. Foi um duelo marcado por uma vantagem expressiva do 49ers até o intervalo. Mas, assim como em 2020, faltou para o time de San Francisco assegurar a liderança no placar. O quarterback Patrick Mahomes passou a se destacar, e teve mais uma atuação memorável para deixar o duelo equilibrado, com direito a empate nos segundos finais, e vitória na prorrogação, de virada, após mais de quatro horas e meia de disputa.

Graças a atuação heroica, Patrick Mahomes foi novamente eleito o MVP da partida, ao passar para 333 jardas, dois touchdowns e uma interceptação. Com o título de 2024, Kansas City conquista o bicampeonato da liga pela primeira vez em sua história, sob o comando do técnico Andy Reid, e repetindo os dois títulos consecutivos do New England Patriots em 2004 e 2005. Ao longo da história, agora, o Chiefs possui quatro títulos, após as vitórias em 1970, 2020, 2023 e 2024.

Derrotado, o 49ers segue amargurando um longo jejum sem títulos, desde 1995. O técnico Kyle Shanahan também já tem a inglória marca de ter ido a três Super Bowls (dois como técnico principal e um como coordenador ofensivo) e perder todos, mesmo vencendo em algum momento por uma vantagem de, pelo menos, dez pontos.

49ers domina as ações no primeiro tempo

Apenas quatro anos depois, quis o destino que Chiefs e 49ers se enfrentassem novamente em um Super Bowl. E, desde o início, o duelo prometeu intensidade. Na primeira campanha de San Francisco, o ataque liderado pelo quarterback Brock Purdy e pelo running back Christian McCaffrey avançou rápido para o campo de ataque. Mas quem pensou que ali sairia o primeiro touchdown do jogo, foi surpreendido com o fumble sofrido por McCaffrey. Embora houvesse o turnover, o Chiefs não conseguiu capitalizar, pois Patrick Mahomes estava bem marcado no início da partida. 

O primeiro quarto terminou 0 a 0, com o 49ers novamente no ataque. Deebo Samuel quase anotou um touchdown, mas a campanha terminou em um longo field goal, anotado pelo kicker Jake Moody.

Com o placar aberto, o Chiefs teve o seu primeiro bom momento na partida, com uma campanha rápida, mas muito efetiva. Mahomes tinha lançado um longo passe para Mecole Hardman, e a equipe de Kansas City chegava na linha de nove jardas. Porém, o touchdown não veio, pois o running back Isiah Pacheco sofreu fumble, e o 49ers voltou a ter o controle da bola.

Apesar do turnover, o 49ers não conseguiu aproveitar o momento para ampliar, e logo devolveu a bola ao Chiefs, que teve mais uma campanha ineficaz. Com a bola de volta a San Francisco, tivemos a primeira grande jogada da noite, em um lance que seria eternamente lembrado neste Super Bowl LVIII se o 49ers vencesse. 

Lance histórico

Na linha de 21 jardas, Purdy recebeu o snap, e entregou a bola para o wide receiver Jauan Jennings, que fez um incrível passe para Christian McCaffrey anotar o primeiro touchdown da partida.

Estava 10 a 0, o intervalo da partida se aproximava. A ótima marcação defensiva do 49ers naquele momento anulava o Chiefs de todas as formas. O clima em Kansas City estava tenso. O tight end Travis Kelce estava apagado, com uma única recepção para apenas uma jarda. Furioso, Kelce chegou a ter uma discussão com o técnico Andy Reid, e empurrou o treinador de 70 anos.

O Chiefs se reencontrou no jogo no final do segundo quarto. Com Mahomes fazendo grandes passes, o momento parecia de que Kansas City finalmente ia engrenar, mas a campanha terminou em field goal do kicker Harrison Buttker. O jogo foi para o intervalo com o placar em 10 a 3 para San Francisco.

49ers erra, e Chiefs entra no jogo de vez

Após o intervalo, com direito ao Halftime Show do rapper Usher, com participação de Alicia Keys e outros artistas, o jogo recomeçou com mais dificuldades do Chiefs. Mahomes foi interceptado logo no reinício da partida, mas o turnover não foi aproveitado pelo 49ers. Na sequência, o Chiefs voltou a pontuar, com outro field goal de Buttker.

Ao longo da história dos Super Bowls, já ficou claro que a receita para as viradas começa da seguinte forma: o time que está ganhando não aproveita as falhas dos adversários para acabar com a partida de vez. Parafraseando o ex-jogador e comentarista Júnior, "quando você enfia a faca, você roda, pra não deixar sobreviver o adversário, porque se ele sobreviver, ele vai te matar". E foi assim que o Chiefs começou a vencer o jogo.



Após não saber matar o jogo, o 49ers começou a sofrer em campo da pior forma possível. Um ponto-chave da partida foi um punt chutado pelo Chiefs se transformou em fumble do 49ers, após Darrell Luter Jr perder o controle da bola.  Com Kansas City recuperando a posse, no lance seguinte, Mahomes fez um incrível passe para Marquez Valdes-Scantling anotar o touchdown. Era a primeira vez que o Chiefs liderava no placar.

Último quarto dramático

Com o 49ers perdendo o jogo pela primeira vez, o time passou a se recuperar com uma campanha longa, que terminou em touchdown, em passe de Purdy para Jauan Jennings. Mas a virada terminou frustrante, pois o extra point foi bloqueado. Isso deu outra cara para a partida.

Daquele ponto em diante, o Chiefs precisava novamente de um field goal para empatar. A campanha foi longa, mas a defesa do 49ers evitou que se transformasse em touchdown. Coube a Harrison Buttker empatar o jogo novamente, em 16 a 16. Faltavam 5 minutos e 43 segundos para o jogo terminar.

A bola voltou ao San Francisco 49ers que novamente não soube acabar com o confronto. O time chegou até a área de field goal quando faltavam dois minutos. Porém, a jogada era uma terceira descida, e a defesa do Chiefs bloqueou um crucial passe de Brock Purdy. Coube a Jake Moody voltar a colocar o time na liderança. 

Era tempo suficiente para o Chiefs tentar a virada. No segundo tempo, os passes de Mahomes para Travis Kelce enfim começaram a funcionar. Mesmo em área de field goal nos segundos finais, era nítido que o plano era anotar um touchdown e vencer no tempo regulamentar. Porém, a defesa de San Francisco conseguiu evitar naquele momento, em dois passes desviados. Com o field goal de Harrison Buttker, o jogo terminou empatado em 19 a 19, e foi para a prorrogação.

Prorrogação histórica

Foi a segunda vez na história que o Super Bowl foi para a prorrogação. Com o final dramático, havia a expectativa para um tempo extra longo. E assim foi.

A primeira posse de bola foi do 49ers, com uma campanha de mais de sete minutos. Os avanços foram em jogadas curtas. A equipe de San Francisco se aproximou da endzone, mas a defesa do Chiefs impediu o touchdown. Coube a Jake Moody liderar novamente no placar com um field goal.

Na sequência, veio a posse derradeira do Chiefs. Cansada, a defesa do 49ers conseguia frear jogadas explosivas de Mahomes, mas aos poucos ia cedendo as primeiras descidas. Com o relógio de aproximando do final do primeiro período da prorrogação, houve quem se preocupasse que o Chiefs não estava de olho no relógio e que poderia perder. Porém, em Playoffs, a prorrogação só acaba com o jogo desempatado após os dois times terem uma posse de bola. 

Após um passe decisivo para Travis Kelce, o Chiefs estava em posição tranquila para empatar o jogo com um field goal, mas o touchdown daria o título. E assim ele veio, com um lançamento curto de Mahomes para um herói improvável: Mecole Hardman, que recebeu o passe, e estava livre para correr para a endzone, para o título, e para a consagração da dinastia.

O Chiefs da década atual



Futuramente, nos lembraremos do Chiefs de Mahomes, Kelce e Andy Reid da mesma forma que do New England Patriots de Tom Brady e Bill Bellichick, do San Francisco 49ers de Joe Montana, do Dallas Cowboys de Troy Aikman, do Green Bay Packers de Vince Lombardi, entre outras gerações vencedoras que se superaram para além de uma única temporada com título.

A conquista é fruto de um trabalho muito sólido realizado, que vem desde a chegada de Patrick Mahomes ao Chiefs em 2017. E por falar no quarterback, não é mais especulação: ele já entra no seleto grupo dos maiores atletas da história da NFL. Com 28 anos, três títulos de Super Bowl e apenas três derrotas na carreira em Playoffs, se nenhuma grande lesão o atingir, falaremos deste excepcional quarterback por muito mais vezes em jogos históricos na National Football League. 

quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

NFL no Brasil em 2024 - a realização de um sonho

 

Neo Química Arena, em São Paulo, receberá um jogo da liga em 2024 (Arte: NFL Brasil)

Quando todos nós começamos a ver a NFL, e a nos apaixonar por esta liga, em algum momento pensávamos sobre como seria bom se mais pessoas também gostassem do futebol americano. Como poderia ser legal ter rodas de conversa com várias pessoas comentando sobre como foi um touchdown, uma interceptação, ou um jogo parelho do último domingo. Isso já poderia ser incrível. 

E ao ver aqueles jogos de temporada regular na Inglaterra, ou no México, ou na Alemanha, nos levava a sonhar: e se um dia a NFL chegasse ao Brasil? Mas esse sonho parecia distante, do tamanho da distância entre qualquer cidade brasileira e os Estados Unidos. Há algum tempo, se comentava a possibilidade de o Pro Bowl um dia ser no Brasil, mas esta ideia foi se apagando. Passamos por crises, por uma pandemia global, e até por ameaças à democracia. Mas tudo isso passou. Algumas notícias especulativas nos davam uma certa esperança, ainda distante. Até que a própria liga anunciou: é real! A National Football League desembarcará no Brasil em 2024!

Na tarde desta histórica quarta-feira (13) para os fãs da bola oval no Brasil, a NFL confirmou que terá um jogo em terras brasileiras no ano que vem. A partida será em São Paulo, na Neo Química Arena, o estádio do Corinthians, localizado no bairro de Itaquera, na capital paulista. O jogo em questão ainda não está confirmado, mas o que já se sabe é que será um confronto de temporada regular.

Com esta alegria imensa, é impossível que você, leitor, não tenha comemorado esta notícia. E olhado para o seu início de vida acompanhando o futebol americano e ter refletido o seguinte: valeu a pena toda esta espera. E valeu a pena compartilhar palavras, fotos, vídeos, transmissões, lives, podcasts, textos, e tudo o que envolva a modalidade. Todo este trabalho, em sua maioria voluntário, valeu a pena para que hoje pudéssemos dizer que também somos o país da NFL.

Embora atualmente esteja bem afastado do futebol americano, e consequentemente, do Left Tackle Brasil, é inegável que também dei a minha contribuição para disseminar o futebol americano em nosso país. Inicialmente, comentando jogos no antigo Twitter (agora X). Depois, com uma das grandes oportunidades que tive na carreira, participando do programa Bola Oval, pela Rádio Guaíba. Estas participações me motivaram a  criar este blog, que hoje está em três redes sociais, e existindo há sete anos. Dali, para oportunidades em podcasts e lives, até a realização do Maratona NFL, um grande projeto que durou quatro anos.

E é por esta contribuição de cada um de nós que precisamos comemorar, e muito, a presença da NFL no Brasil no próximo ano. Não tenho dúvidas de que a Neo Química Arena estará lotada neste dia histórico, com fãs desembarcando em São Paulo dos mais variados pontos do país. Quem puder, vá ao jogo, e comece a se programar para estar presente na partida. E quem não puder, que continue espalhando a NFL em todos os lugares, ampliando cada vez mais o alcance da liga no Brasil, contribuindo diretamente para este momento histórico para o esporte brasileiro.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Com virada e emoção até os segundos finais, Chiefs vence Super Bowl LVII

Patrick Mahomes foi eleito o MVP da decisão pela segunda vez


Como se define uma dinastia no esporte? Normalmente, é quando uma determinada equipe ou atleta consegue títulos consecutivos de uma determinada competição, ou em curtos ciclos de tempo. Aqui, podemos citar inúmeras destas dinastias, como a da Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 1958, 1962 e 1970, os seis títulos de Lewis Hamilton na Fórmula 1, entre 2014 e 2020, ou bicampeonato da seleção feminina dos Estados Unidos na Copa do Mundo Feminina, em 2015 e 2019. Na NFL, houve muitas eras vitoriosas, de títulos de Super Bowl em sequência ou em poucos anos. A mais recente delas, foi a do New England Patriots em dois momentos neste século. De 2002 a 2005, com três títulos de Super Bowl, e de 2015 a 2019, com mais três conquistas. Mas na National Football League, neste ano de 2023, oficialmente podemos dizer: há o início de uma nova dinastia.

Na noite deste domingo (12), o Kansas City Chiefs venceu o Philadelphia Eagles no Super Bowl LVII, por 38 a 35. Resumidamente, estamos falando apenas da vitória de um time sobre o outro, na decisão da NFL. Mas na prática, o que podemos definir como uma nova dinastia no esporte, foi fruto de uma batalha dramática e imprevisível até o último segundo, como o que se espera de um grande Super Bowl. Para conquistar o título de 2023, foi necessário um duelo dramático, no qual a franquia de Kansas City chegou a estar perdendo por 10 pontos no intervalo. Porém, a reação veio, e a vitória suada e sofrida foi conquistada somente a oito segundos do fim. 

O Chiefs conquistou neste ano o seu terceiro Super Bowl, título esse também vencido em 1970 e 2020. A conquista foi a segunda da coroada geração do quarterback Patrick Mahomes e do tight end Travis Kelce, além do técnico Andy Reid, responsável pela remontada da franquia nos últimos anos. Mahomes, inclusive, vai se tornando cada vez mais uma lenda do esporte, e um dos maiores jogadores revelados pela NFL no século XXI. Foi eleito MVP do Super Bowl graças aos seus 21 passes completados, para 182 jardas e três touchdowns. E mais, o camisa 15 quebrou um tabu que já durava 23 anos na NFL, em conseguir, na mesma temporada, ser o MVP da temporada e do Super Bowl. Dos demais destaques da decisão, Travis Kelce – que em campo venceu seu irmão, o center Jason Kelce, do Eagles –, conseguiu seis recepções, para 81 jardas e um touchdown. E o running back Isiah Pacheco conseguiu correr para 76 jardas e um TD.

Mesmo derrotado, o Philadelphia Eagles sai deste Super Bowl gigante, por protagonizar uma grande atuação ofensiva e defensivamente. O quarterback Jalen Hurts também fez um grande jogo, completando 27 passes, para 304 jardas e um touchdown, além de, no jogo terrestre, correr com a bola para três touchdowns. Após um ciclo recente de reconstrução, a equipe do técnico Nick Sirianni teve uma atuação muito digna. Se o time manter o bom elenco que tem, esta franquia deve continuar figurando entre os melhores da NFC.

Início intenso desde as primeiras posses

O Super Bowl LVII começou com o Eagles no ataque. A primeira posse de bola foi muito rápida, com o quarterback Jalen Hurts controlando as ações em campo. Na linha de uma jarda, a equipe conquistou o primeiro touchdown, com o próprio Hurts alcançando a endzone com a jogada QB sneak, na qual o quarterback recebe o snap e tenta avançar pelo campo junto com a linha ofensiva. Não demorou muito e o Kansas City Chiefs logo empatou, também com uma campanha curta, que terminou em touchdown. Já perto da endzone, Patrick Mahomes acertou o passe para Travis Kelce anotar o TD. 

Mesmo sem pontos no restante do primeiro quarto, o jogo seguiu bastante intenso. O Chiefs teve a oportunidade de virar com um field goal de Harrison Buttker. Porém, o chute foi na trave, mantendo o placar empatado. Na sequência, já no segundo quarto, o Eagles aproveitou a falha para rapidamente voltar a anotar um touchdown, em passe de 45 jardas de Jalen Hurts para AJ Brown. O momento do jogo era todo do time da Philadelphia, já que o Chiefs não estava conseguindo avançar ofensivamente. Porém, o próprio Hurts acabou pecando em excesso de confiança. Sem marcação, ele perdeu o controle da bola, sofrendo fumble, retornado para touchdown do Chiefs, com Nick Bolton.

Eagles abre boa vantagem

Nem o turnover que resultou em touchdown tirou o Eagles do domínio em campo. A campanha seguinte após o fumble foi bem mais longa, de mais de sete minutos. Jalen Hurts foi criando os espaços nas jogadas, e na linha de quatro jardas, correu para o seu segundo TD terrestre em campo. Por outro lado, para complicar mais a situação do Chiefs, Patrick Mahomes voltou a sentir forte a lesão que tinha no tornozelo desde a final da AFC, e pouco fez em campo nos minutos que antecederam o intervalo. 

Com Philadelphia no ataque de novo, o time conseguiu ampliar a vantagem com um field goal de Jake Elliott, deixando a partida em 24 a 14. Com dez pontos de vantagem no placar, somada à lesão de Mahomes, parecia que aquele momento deixava o Eagles favorito a vencer o jogo. 

Rihanna, maravilhosa

Rihanna retornou aos palcos com uma grande apresentação no Halftime Show

Impossível seguir esse texto sem mencionar a épica apresentação de Rihanna no Halftime Show do Super Bowl. A cantora voltou aos palcos após quase sete anos, cantando grande parte de seus maiores sucessos. E o mais impressionante. Ela revelou em pleno palco do Super Bowl que está grávida. A íntegra deste show espetacular pode ser vista aqui

Chiefs começa a reação no segundo tempo

Se os fãs de Rihanna ficaram tristes após o fim do Halftime Show, os fãs do Chiefs ficavam ainda mais apreensivos com a volta do jogo, já que era incerto o estado físico de Patrick Mahomes. Mas, logo na volta do intervalo, ele estava em campo, jogando daquele jeito que estamos acostumados a ver. Com uma campanha de cinco minutos, Kansas City anotou mais um touchdown, em corrida do running back Isiah Pacheco. Com o TD, o Chiefs estava de volta! 

Mas não antes sem o Eagles seguir tentando ampliar a vantagem. A equipe da Philadelphia teve uma longa posse de bola, de quase oito minutos e 19 jogadas. O avanço, porém, terminou de forma frustrante, com um field goal de Jake Elliott. A equipe continuava na liderança do placar, mas a vantagem permanecia em uma posse de bola, com o placar de 27 a 21. O jogo ficou perigoso demais. 

Não demorou muito para que os temores de Philadelphia viessem à tona. Mahomes não só estava com condições de jogo, como também foi preciso nos passes, alternando recebedores. Se Travis Kelce não recebia lançamentos, estavam ali nomes como JuJu Smith-Schuster, Jerrick McKinnon, ou, simplesmente, Kadarius Toney, que, já no último quarto, recebeu seu primeiro passe, e logo para touchdown. Graças ao extra point, pela primeira vez na partida, o Chiefs liderava no placar. 

O Eagles sentiu o TD, e teve uma posse de bola muito curta, sem avançar, precisando devolvê-la aos rivais. O baque foi de todos os jogadores, já que o punt chutado ao Chiefs quase foi retornado para outro touchdown. Kadarius Toney teve outro grande momento, em um retorno em que só foi parado na linha de cinco jardas. Com apenas três jogadas, Kansas City ampliou a vantagem, em touchdown lançado por Mahomes para Skyy Moore – outro que não havia recebido passes até aquele momento. 


O epílogo de um grande jogo

Enganou-se quem pensou que Kansas City estava com a mão na taça. Apesar da vantagem em oito pontos, novamente, o Eagles voltou a reagir. Jalen Hurts lançou outro grande passe para DeVonta Smith, que quase anotou o TD. Mas na jogada seguinte, teve o touchdown, em mais uma ida de Hurts para a endzone, na jogada QB sneak. Para empatar o jogo, foi necessária a conversão de dois pontos, a qual Hurts conseguiu, de novo, correndo com a bola. O placar era de 35 a 35.

Naquele momento, faltavam cinco minutos e 20 segundos para o fim do jogo. Uma coisa já era certa. A equipe que perdesse o Super Bowl, teria o inglório feito de quebrar o recorde de pontos anotados sem vencer, superando os 33 pontos que o New England Patriots fez em 2018, derrotado pelo Philadelphia Eagles na ocasião. 

Mahomes correu com a bola no final do jogo para garantir a vitória

O Chiefs ganhou a posse de bola. Uma única jogada poderia ser fatal para ambos os lados. Com jogadas curtas, o ataque de Kansas City foi avançando aos poucos. Até que, dois lances específicos, foram cruciais para que a campanha longa se tornasse a campanha derradeira pelo título. O primeiro momento foi quando Mahomes correu 26 jardas com a bola – provavelmente esquecendo que tinha uma lesão no tornozelo ali. E o segundo, quando foi marcada falta de holding de James Bradberry em JuJu Smith-Schuster – por ser uma segurada defensiva, o time de ataque ganha uma primeira descida automática. 

Com a primeira descida, coube ao Chiefs literalmente queimar todo o tempo possível para vencer o Super Bowl. Primeiro, Jerrick McKinnon correu até perto da endzone. Depois, Mahomes começou a ajoelhar com a bola, como se o jogo tivesse ganho, porque o Eagles não tinha mais tempos para pedir. O final lindo para o Chiefs se tornou um terror para Philadelphia, que nada podia fazer a menos torcer para que o kicker Harrison Buttker errasse outro field goal. Ele não errou! A oito segundos do fim, Buttker acertou o field goal da vitória do Super Bowl LVII, por 38 a 35.

A importância do título do Chiefs

Nos oito segundos finais, ainda houve espaço para uma breve emoção. O ato final foi uma frustrante tentativa de hail mary de Jalen Hurts, que nem perto da endzone foi. O jogo acabou. O Kansas City Chiefs foi campeão do Super Bowl. A franquia que revolucionou a NFL, criando uma liga rival, e participando do primeiro Super Bowl da história, que depois, em 1970, venceu seu primeiro título, e que esperou 50 anos para a segunda conquista, na noite de ontem, encerrou mais um jejum de troféus Vince Lombardi, com o tricampeonato, em uma espera bem menor.

Field goal de Harrison Buttker confirmou o título do Chiefs

Não há dúvidas de que foi um grande Super Bowl. Provavelmente um dos melhores da história e com certeza um dos maiores deste século. O duelo prometia muito por diversos motivos, e foi de muita entrega de ambas as equipes. Além disso, as atuações em campo de Mahomes e Hurts fizeram jus ao fato de ambos serem os dois mais votados para MVP da temporada. 

E a presença dos dois quarterbacks em campo, naquele que foi o primeiro Super Bowl em que os dois titulares na posição eram negros, enterra de vez qualquer discussão estúpida sobre ter pessoas pretas na posição. Por décadas a NFL, equipes e técnicos foram extremamente racistas, com argumentos absurdos de que nenhum negro poderia ser um QB por não ser inteligente. Pois bem, na noite deste 12 de fevereiro de 2023, Mahomes e Hurts protagonizaram um dos maiores Super Bowls da história, calando qualquer opinião preconceituosa. 

sábado, 4 de fevereiro de 2023

O caminho até o Arizona: as campanhas de Eagles e Chiefs até o Super Bowl LVII

Decisão será no StateFarm Stadium, casa do Arizona Cardinals


Faltam poucos dias para mais um Super Bowl. No próximo domingo (12), será realizado o Super Bowl LVII entre Philadelphia Eagles e Kansas City Chiefs. Ambos os times se destacaram ao longo da temporada de 2022/23, e terminaram com as melhores campanhas dentro de suas conferências. Com vantagens e dificuldades diferentes ao longo do ano, merecidamente chegam à decisão da NFL, na luta pelo Troféu Vince Lombardi.

Campeão da NFC, o Eagles chega ao Super Bowl pela quarta vez em sua história, e tenta o seu segundo título, repetindo o feito de 2018, quando finalmente se sagraram campeões desta decisão pela primeira vez. Já o Chiefs, vencedor da AFC, vive uma era grandiosa, com a quinta ida da franquia ao Super Bowl. Porém, será a terceira vez nas últimas quatro temporadas que o time de Kansas City disputa o título.

Abaixo, o desempenho dos finalistas de 2023. O Super Bowl LVII será na cidade de Glendale, no Arizona, na casa do Arizona Cardinals. 

Philadelphia Eagles

Eagles retorna ao Super Bowl após cinco anos

Não faz muito tempo que o Philadelphia Eagles esteve em um Super Bowl, há apenas cinco anos. Inclusive, relatamos aqui como foi aquela épica decisão contra o New England Patriots. Porém, sabemos que, em uma liga tão equilibrada como a NFL, mais difícil que chegar ao topo, é justamente se manter no topo. 

É bem verdade que alguns nomes daquele elenco campeão continuam na Philadelphia, como o center Jason Kelce e os defensores Brandon Graham e Fletcher Cox. Mas nos últimos anos a equipe passou por um declínio e está em um processo de reconstrução, que chega, em 2022/23, ao ápice desta retomada. O quarterback titular é Jalen Hurts, que chegou à equipe em 2020. O atual treinador é Nick Sirianni, que assumiu o Eagles em 2021. 

Antes da temporada começar, o Eagles não era considerado um time favorito ao título. Nem mesmo na sua divisão, a NFC Leste. Mas logo no início da temporada, o bom desempenho do time foi se consolidando, e a equipe da Philadelphia conquistou o favoritismo de forma natural. Em seus primeiros oito jogos, foram oito vitórias, contra Detroit Lions, Minnesota Vikings, Washington Commanders, Jacksonville Jaguars, Arizona Cardinals, Dallas Cowboys, Pittsburgh Steelers e Houston Texans.

A primeira derrota veio apenas na semana 10, para o Washington Commanders. Mas depois, mais cinco vitórias consecutivas, contra Indianapolis Colts, Green Bay Packers, Tennessee Titans, New York Giants e Chicago Bears – porém, nesta última vitória, o Eagles passou a conviver com o drama de ficar sem Jalen Hurts, que se machucou.

Hurts, inclusive, era favorito para ser o MVP de 2022, pois na temporada regular, passou para 3.701 jardas, 22 touchdowns e apenas 6 interceptações. Mas por conta da lesão, caiu um pouco nesta disputa. Com o Eagles classificado, Gardner Minshew foi o quarterback titular enquanto Hurts esteve fora, com o Eagles perdendo para o Dallas Cowboys e o New Orleans Saints. Porém, o QB titular voltou na semana 18, e contribuiu para a vitória sobre o New York Giants, assegurando o primeiro lugar na NFC., com campanha em 14-3

Nos playoffs, já em janeiro, o Philadelphia Eagles teve atuações relativamente tranquilas. A equipe começou a jogar o mata-mata pelo Divisional Round, e venceu o New York Giants por 38 a 7. Na final da NFC, o Eagles enfrentou o San Francisco 49ers, que chegava àquela decisão de forma surpreendente, com um quarterback calouro que foi a última escolha de todo o Draft de 2022. Porém, o que se esperava ser um duelo equilibrado, caiu por terra quando Brock Purdy se lesionou, derrubando completamente os ânimos de San Francisco. Então, sem maiores dramas, o Eagles conquistou o título da Conferência Nacional por 31 a 7, retornando ao Super Bowl após cinco anos.

Kansas City Chiefs

Dois anos depois, o Chiefs está de volta ao Super Bowl

No caso da AFC, quem chega ao Super Bowl é um velho conhecido dos fãs da NFL, o Kansas City Chiefs. Sob o comando do técnico Andy Reid, e do quarterback Patrick Mahomes, será a terceira vez que a franquia chega a um Super Bowl nos últimos quatro anos, e tentam o terceiro título de sua história. 

Grande parte do elenco campeão em 2020 continua no Chiefs. Em especial, o tight end Travis Kelce, principal alvo de Mahomes nos últimos anos. Mas para quem venceu o Super Bowl há três anos, voltar a vencer a decisão pode significar uma dinastia, que marque por gerações. E é essa a obsessão de Kansas City para conquistar o Troféu Vince Lombardi novamente.

Assim como o Eagles, a campanha do Chiefs foi de 14-3, também com a melhor campanha da AFC. Nas primeiras sete semanas da temporada regular, apesar de Kansas City ter tido mais vitórias que derrotas, a campanha começou e forma mais instável. Até a semana de folga, o Chiefs venceu Arizona Cardinals, Los Angeles Chargers, Tampa Bay Buccaneers, Las Vegas Raiders e San Francisco 49ers. Porém, perdeu para o Indianapolis Colts e o Buffalo Bills. 

Após a folga, o Chiefs emplacou uma boa sequência de quatro vitórias, sobre Tennessee Titans, Jacksonville Jaguars, Los Angeles Chargers e Los Angeles Rams. Já em dezembro, o Chiefs teve outra derrota, para o Cincinnati Bengals, que também se consolidou como uma grande força da AFC. Nas cinco semanas finais da temporada regular, foram mais cinco vitórias de Kansas City, sendo duas contra o Denver Broncos, além de triunfos sobre Houston Texans, Seattle Seahawks e Las Vegas Raiders. O primeiro lugar na AFC foi conquistado somente na última semana, dada uma intensa batalha pela liderança da AFC contra o Buffalo Bills.

Na pós-temporada, os dois jogos que o Chiefs teve não foram fáceis. Pelo Divisional Round, a equipe venceu o Jacksonville Jaguars por 27 a 20. Já na decisão da AFC, se repetiu o confronto contra o Cincinnati Bengals, assim como na final da conferência de 2022. Em um emocionante duelo, e com Patrick Mahomes lesionado, a equipe venceu por 23 a 20 apenas nos segundos finais. A vitória foi com ares de revanche, já que no ano passado, foi Cincinnati quem foi para o Super Bowl. Depois de dois anos, o Chiefs está de volta à grande decisão.

O jogo

O Super Bowl LVII será no StateFarm Stadium, em Glendale, no Arizona, em 12 de fevereiro, às 20h30, pelo horário de Brasília. Na TV, o jogo será transmitido pela ESPN2 e pela RedeTV!. Em serviços de streaming, a decisão entre Eagles e Chiefs poderá ser acompanhada pelo Star+ e NFL Game Pass.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Há lendas do esporte que merecem a eterna reverência – e Pelé é uma delas



Quando se fala em "maior atleta de todos os tempos", podem ser mencionados muitos homens e mulheres que fizeram coisas incríveis em seus respectivos esportes, mudando uma cultura local, de um país, ou do planeta inteiro. E em todas as listas entre os maiores, independente da modalidade praticada, um nome está sempre presente nelas. Pelé! Pode-se questionar se ele é o maior de todos os tempos entre todos os esportes, mas dentro do futebol, ele foi único, uma lenda, um cara que foi reconhecido por tudo o que fez em qualquer lugar do planeta Terra em que pisasse. 

E quis o destino que nos momentos finais de 2022, neste dia 29 de dezembro, o Rei do Futebol partiria para a viagem de encerramento de sua passagem por este plano. Pelé faleceu, aos 82 anos, vítima de um câncer, e de outras complicações de saúde. Para o Brasil e o mundo, foi uma lenda do esporte, revolucionando o jeito de jogar futebol, conquistando inúmeros títulos: três títulos da Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, dois Mundiais de Clubes, duas Copas Libertadores, seis Campeonatos Brasileiros, onze títulos paulistas (todos pelo Santos), além de um título nacional nos Estados Unidos, pelo New York Cosmos, onde se despediu dos gramados, nos anos 1970. E todas essas conquistas são reunidas em 1.282 gols, algo que nenhum outro jogador, ou jogadora, alcançou.

Por falar em Estados Unidos, quem disse que Pelé não tem ligação com a NFL, liga essa que é o foco principal deste blog? Ele amava futebol americano. E em seus tempos de Cosmos, quando se aproximava do fim da carreira, foi convidado a jogar pelo New York Giants como kicker, mas recusou. Nas palavras dele, em uma postagem nas redes sociais, disse: "eu não acho que me acostumaria a chutar a bola por cima da trave". Quando Tom Brady disse que se aposentaria, em fevereiro – antes de voltar atrás para seguir jogando nesta temporada –, Pelé o homenageou, falando sobre a linda jornada do quarterback no New England Patriots e no Tampa Bay Buccaneers.

Poderão se passar anos, décadas e séculos após o dia de hoje, e mesmo assim, ao se falar de futebol, e dos maiores deste esporte, o nome de Pelé estará presente. Neste dia triste para o esporte, só resta fazer eternas reverências ao maior jogador de futebol todos os tempos. O que Pelé fez no campo – e também fora dele, parando até uma guerra – já o eternizará para sempre. 

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Depois do tudo ou nada, a glória: Rams vira no último minuto, e vence o Super Bowl LVI


Time de Los Angeles conquista seu segundo título (foto: Getty Images)


Já dissemos aqui algumas vezes, que na maior parte dos casos, a formação de um time grande na NFL costuma ser um processo longo e trabalhoso, com a aquisição de grandes talentos via Draft, somada às chegadas de alguns craques através de trocas ou entre quem está livre no mercado. Mas há casos em que se tenta encurtar esta trajetória, com ousadas movimentações que almejam o título do Super Bowl em pouco tempo. 

Desde que voltou a jogar em Los Angeles, em 2016, o Rams trocou escolhas altas de Draft, com o objetivo de conquistar o Troféu Vince Lombardi o mais breve possível, unindo atletas jovens de incrível talento a outros veteranos que ainda poderiam mais, e que não estavam rendendo tão bem em seus times anteriores. Em 2019, o titulo da NFL ficou perto de ser alcançado, mas faltava algo a mais para completar este elenco. Com os ajustes feitos, superando adversários mais fortes, e com uma enorme capacidade de recuperação, o "all in", ou o "tudo ou nada", deu certo. Com uma virada no último minuto, o Los Angeles Rams venceu o Cincinnati Bengals por 23 a 20, e levou o Super Bowl LVI.

A partida consagra o fortíssimo elenco de Los Angeles, que coincidentemente jogou a decisão em casa, no SoFi Stadium. Um time formado pelo talentoso quarterback Matthew Stafford, que está na NFL desde 2009, e passou por inúmeros maus bocados enquanto jogava no Detroit Lions, até ser trocado para o Rams e conquistar de cara o título do Super Bowl, passando para 283 jardas, três touchdowns e duas interceptações. É também o Rams do wide receiver Cooper Kupp, que chegou no time via Draft, e hoje é um dos melhores em sua posição em toda a liga, e merecidamente foi eleito o MVP da decisão, com 99 jardas totais, duas recepções para touchdown, incluindo o TD do título. Também lembramos do já lendário defensor Aaron Donald, que fez dois sacks na decisão, e tem seu nome na jogada derradeira. E é o time de outras estrelas que se juntaram nos últimos anos via troca ou contratações de meio de temporada, como a do também wide receiver Odell Beckham Jr, do linebacker Von Miller e do cornerback Jalen Ramsey, e que tem como treinador Sean McVay, o mais jovem a vencer o Super Bowl, com 36 anos. É esta franquia a campeã de 2021/22 da NFL.

É o segundo título de Super Bowl do Rams, o primeiro desde 2000, e o primeiro com a franquia mandando seus jogos em Los Angeles. Além disso, o time é o segundo a vencer o Super Bowl jogando em casa, e repete o feito do Tampa Bay Buccaneers de 2021.  Por outro lado, o Cincinnati Bengals fez um jogo decente, e ameaçou vencer em parte da partida. O quarterback Joe Burrow passou para 263 jardas e um touchdown, mas sofreu sete sacks, um recorde na decisão. O wide receiver Tee Higgins recebeu para 100 jardas e dois TD's (um em passe do running back Joe Mixon), e Ja'Marr Chase recebeu para 89 jardas. O Bengals jogou o terceiro Super Bowl de sua história, e continua sem títulos.

Rams inicia bem

No Super Bowl LVI, as defesas começaram aparecendo nas primeiras posses de bola de Rams e Bengals. Porém, um erro de Cincinnati ao arriscar a quarta descida no meio-campo foi determinante para o placar sair do zero. Matthew Stafford logo conectou um importante passe para Cooper Kupp, e na sequência, fez o lançamento para o wide receiver Odell Beckham Jr anotar o primeiro touchdown do jogo. A reação do Bengals veio logo na sequência, quando Joe Burrow fez um belo passe para Ja'Marr Chase, embora a campanha terminou com um field goal do kicker Evan McPherson.

Entre o final do primeiro período e o início do segundo, o Rams avançou rapidamente pelo campo, até conquistar o seu segundo touchdown, em passe de Stafford para Kupp. A vantagem no placar ficou em 10 pontos, pois houve um fumble na tentativa de extra point. Com a bola nas mãos, o Bengals entrou no jogo com uma campanha bastante demorada, com o running back Joe Mixon sendo mais explorado, alternando com passes curtos de Burrow. Na linha de seis jardas, Cincinnati anotou o seu primeiro TD, mas não com passe do quarterback. Em uma ousada trick play, Burrow entregou para Mixon, que conectou um belo lançamento para Tee Higgins, livre na endzone, marcar o touchdown.  

Pouco antes do intervalo, o jogo parecia mudar de momento, a favor do Bengals, pois Stafford forçou um passe longo, mas acabou interceptado por Jessie Bates. Não houve tempo para que alguém pontuasse e a partida foi para o intervalo com uma curta vantagem do Rams por 13 a 10. Além disso, o time de Los Angeles sofreu uma enorme baixa, já que o wide receiver Odell Beckham Jr machucou o joelho, e não poderia mais continuar em campo.        
Intervalo histórico

Desde que foram reveladas as atrações do Halftime Show do Super Bowl LVI, havia muitas expectativas para a apresentação de Eminem, Snoop Dogg, Dr. Dre, Mary J. Blige e Kendrick Lamar. E todos cumpriram com um dos maiores shows do intervalo de todos os tempos, com diversos clássicos do rap e hip hop apresentados ao vivo. Houve ainda espaço para surpresas, já que 50 Cent também apareceu para a festa. 

Em protesto, Eminem ajoelhou durante o Halftime Show (Foto: Mike Segar/Reuters)


E mesmo que no contrato com a NFL havia uma cláusula proibindo os cantores a fazerem qualquer protesto, teve sim manifestação durante o show. Após cantar "Lose Yourself", ele ajoelhou no palco, em alusão aos protestos antirracistas liderados pelo ex-quarterback Colin Kaepernick. Então jogador do San Francisco 49ers em 2016, ele começou a se ajoelhar no hino americano como forma de se manifestar contra a violência policial contra negros. Após aquela temporada, perdeu seu contrato e nunca mais conseguiu espaço em nenhum time da liga, porém, se tornou símbolo da luta antirracista nos Estados Unidos.

A íntegra do Halftime Show você pode conferir aqui:

Bengals volta com tudo

Quando houve o kickoff de retorno da partida, mal deu tempo dos torcedores se acomodarem no sofá. Na primeira jogada de ataque do Cincinnati Bengals, teve touchdown. Joe Burrow fez um grande lançamento. Tee Higgins se livrou de Jalen Ramsey, e conseguiu um touchdown de 75 jardas – vale ressaltar que deveria ter havido falta na jogada, mas a arbitragem não assinalou. Pela primeira vez, o Bengals liderava no placar, e tinha motivos para comemorar mais, já que Chidobe Awuzie interceptou Matthew Stafford logo na sequência. Apesar do Turnover, o Bengals sofreu com seu setor mais carente, a linha ofensiva, que permitiu cinco sacks em Burrow apenas no terceiro período.

Mesmo com os problemas ofensivos, o Bengals conseguiu pontuar com mais um field goal, ampliando sua vantagem. Porém, o Rams conseguiu reagir, também com um field goal, anotado pelo kicker Matt Gay. A vantagem de Cincinnati era de quatro pontos no momento em que começou o último quarto.

Após várias trocas de posse de bola, enfim, a reação do Rams

Por grande parte do terceiro quarto, e mais da metade do último período, o jogo se resumiu na alternância da posse de bola entre Bengals e Rams, sem grandes avanços nem grandes jogadas. Tudo começou a mudar quando Joe Burrow, ao sofrer o seu sétimo sack na partida, saiu de campo machucado. Ele voltou a jogar, mas não conseguia mais se posicionar para fazer os passes em que fazia ao longo da partida. 

Restando pouco mais de seis minutos para o fim do jogo, o Rams teve a bola mais uma vez. Ainda parecia difícil a reação, pois a defesa do Bengals estava jogando bem. Mas aí a parceria entre Matthew Stafford e Cooper Kupp, que levou este Rams ao Super Bowl, veio para se eternizar na história. Primeiro, apenas com Kupp, que correu com a bola em uma ousada quarta descida arriscada no campo de defesa. Depois, com recepções do camisa 10 após passes precisos do camisa 9. Mas novamente, Cincinnati parecia que daria um freio nesta investida final, até que, o que seria uma quarta descida para o Rams, já a menos de dois minutos para o final, Logan Wilson cometeu falta de interferência de passe, permitindo à Los Angeles a ter mais quatro tentativas para o touchdown. 

Na sequência, veio o TD, mas as faltas de ambos os times anularam o lance. Porém, Eli Apple, do Bengals, fez outra falta. Dado o excesso de erros de Cincinnati, o Rams aproveitou a chance para a virada. Na linha de uma jarda, Stafford passou para Kupp, e foi confirmado o touchdown. Era a virada por 23 a 20, a 1:29 do final da partida.  

Com dois touchdowns, Cooper Kupp foi eleito o MVP da partida


Coube ainda uma última chance para o Bengals. O time até tentou, mas a defesa de Los Angeles, com Von Miller e, principalmente, Aaron Donald, estava sedenta pelo título. Na quarta e última descida de Cincinnati, Joe Burrow estava na iminência de ser derrubado de novo por Donald, jogou a bola fora e errou o passe. Era o fim da festa. O Los Angeles Rams garantia o título do Super Bowl LVI.

Título coroa uma forte geração

Desde 2017, quando Sean McVay virou treinador do Rams, já era nítida a mudança de patamar da franquia. Mas ainda faltava a aquisição de grandes talentos para formar um elenco completo. Desde 2016 que Los Angeles não escolhe na primeira rodada do Draft, e isso seguirá até 2024. Pode não ter sido o caminho normal de evolução de uma equipe, mas valeu a pena. A recompensa foi justa ao vencer um Super Bowl com todos os seus méritos. 

Herói da jogada derradeira, Aaron Donald pode estar se aposentando

Resta agora a dúvida sobre o futuro da equipe. Jogadores como Von Miller e Odell Beckham Jr podem sair, por estarem em final de contrato. Há a possibilidade de Aaron Donald e o offensive tackle Andrew Withworth se aposentarem. Pode ser que haja uma reformulação do elenco para a próxima temporada, ou pode até mesmo ser que os atletas que poderão sair acabem ficando com contratos reestruturados. Mas esta conversa poderá vir mais para frente. Agora, o momento da torcida ainda é de comemoração pelo título da NFL.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

É dia de Super Bowl LVI: Bengals e Rams medem forças pelo título da NFL

SoFi Stadium, em Los Angeles, recebe Bengals e Rams

Chegou a hora de acompanharmos o Super Bowl LVI! Neste domingo (13), às 20h30, a bola oval começa a voar para a grande decisão da NFL, entre Cincinnati Bengals e Los Angeles Rams. A partida no SoFi Stadium, área metropolitana de Los Angeles, promete, em um duelo entre dois times que se reestruturaram de diferentes formas para brigarem pelo Troféu Vince Lombardi nesta noite. O jogo terá a transmissão no Brasil pela ESPN2, RedeTV!, Star+ e NFL Game Pass.

Em busca do primeiro título

Bengals retorna ao Super Bowl após 33 anos

O Cincinnati Bengals tentará seu primeiro título neste domingo. A franquia do estado de Ohio vai para o terceiro Super Bowl em sua história, e nas duas ocasiões anteriores, perdeu para o San Francisco 49ers, em 1982 e 1989. O time do técnico Zac Taylor vem em franca ascensão. Após ser o pior de toda a NFL em 2019, com a chegada de nomes como o quarterback Joe Burrow e o wide receiver Ja'Marr Chase, o elenco se estruturou para se tornar uma emergente força da Conferência Americana (AFC). E com todos os seus méritos, retornaram aos Playoffs em 2021/22 após seis anos, e derrotaram grandes equipes na pós-temporada: o Las Vegas Raiders, o Tennessee Titans e o Kansas City Chiefs (os dois últimos, fora de casa). 

Nas casas de apostas, o Bengals não é o favorito. Mas não há como menosprezar o time que derrotou gigantes na temporada regular e nos Playoffs. O time de Cincinnati forma um grande elenco, tanto no ataque com Joe Mixon e Tyler Boyd, como na defesa, com Eli Apple, e nos times especiais, como  o kicker Evan McPhearson, que anotou dois field goals da vitória somente nesta pós-temporada. A capacidade de reação nos últimos jogos mostrou que podem fazer uma grande partida, e se conquistarem o título, ele virá por seus próprios méritos.

Tudo ou nada, de novo

Rams tentará o bicampeonato jogando em casa

O Los Angeles Rams do técnico Sean McVay se mostrou nos últimos anos ser uma das grandes forças da NFC, a Conferência Nacional. Recentemente, chegaram ao Super Bowl pela última vez em 2019, mas aquela derrota para o New England Patriots foi frustrante, fazendo com que a franquia voltasse suas atenções para o mercado para voltar à decisão da NFL com outro "all in", ou, como falamos em português, no tudo ou nada. Através de trocas, em 2021, o time adquiriu o quarterback Matthew Stafford, o running back Sony Michel e o linebacker Von Miller. Além disso, a franquia da Califórnia contratou também o wide receiver Odell Beckham Jr, que se juntam a outros grandes atletas como o wide receiver Cooper Kupp, e os defensores Aaron Donald e Jalen Ramsey.

Mesmo com todo o favoritismo, o Rams vai à campo com os pés no chão, para que não joguem mal diante de uma possível soberba. A franquia foi campeã do Super Bowl apenas no ano 2000, e, além do bicampeonato, tenta o primeiro título sendo um time de Los Angeles. É a quinta vez que o Rams vai para o Super Bowl. Além do título de 2000, o Rams foi vice-campeão em 1980, 2002 e 2019. Além disso, o time de Los Angeles tentará repetir o feito do Tampa Bay Buccaneers em 2021, de ganhar o Super Bowl em casa, embora o time da NFC usará os vestiários de visitante nesta semana em razão do rodízio de mando de campo nas decisões entre as conferências.

Super show no intervalo

É normal que no Super Bowl muita gente queira ver por causa do Halftime Show, que é o show do intervalo. Neste ano, a exibição promete muito, com grandes astros do rap e hip hop dos Estados Unidos. O show será feito por Snoop Dogg, Eminem, Dr. Dre, Mary J. Blige e Kendrick Lamar, todos juntos e misturados. 

Vocês sabem que a cultura pop no Super Bowl está cada vez mais presente. E neste Super Bowl LVI, fora de campo, o Brasil também está presente. A cantora Anitta, que recentemente lançou nos Estados Unidos a música "Boys Don't Cry", entrou também na onda do Super Bowl. A própria já disse que está ficando com um jogador do Bengals, e no sábado (12), divulgou fotos e fez um show vestida com o uniforme da equipe de Cincinnati, com o número do wide receiver Tyler Boyd. Com a chegada dela, muitos fãs da cantora pretendem acompanhar a partida. E já deixamos bem claro que todos estes serão bem-vindos pela comunidade da NFL no Brasil.

Na TV aberta

A ESPN é tradicionalmente a casa do Super Bowl no Brasil, exibindo a decisão da NFL desde 1993 (com algumas exceções). E em 2022, a presença do canal na partida entre Bengals e Rams está confirmada, na ESPN2, com a narração de Fernando Nardini e os comentários de Paulo Antunes. 

Mas o alcance da NFL em nosso país, que já é bom, ficará ainda melhor. A RedeTV! exibirá a partida final pela primeira vez em sua história, garantindo a volta do Super Bowl na TV aberta. O jogo será narrado por Marcelo do Ó e os comentários de Gabriel Golim. 

Na TV aberta, o Super Bowl já foi exibido pela Band e pela extinta TV Manchete, entre os anos 1980 e 1990. A última emissora com sinal liberado a exibir o jogo foi o extinto Esporte Interativo, entre 2012 e 2017, embora o sinal fosse mais restrito às antenas parabólicas com sinal via satélite.