segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Mahomes brilha, Chiefs vence o Super Bowl LIV, e quebra jejum de 50 anos

Patrick Mahomes foi eleito o MVP da decisão
Quando Patrick Mahomes nasceu, em setembro de 1995, faziam 25 anos em que o Kansas City Chiefs não ganhava um título de Super Bowl.  Era o fim da primeira metade de um jejum que se tornaria cinquentenário. Era uma época em que o Brasil vivia o primeiro ano após o tetracampeonato mundial, o Plano Real e a morte de Ayrton Senna. Foi o ano em que o Grêmio ganhou a Libertadores, e que teve o sucesso estrondoso da banda Mamonas Assassinas. Aquele garoto norte-americano sonhava em ser quarterback, e em 2013 profetizou, no Twitter, que iria para a Disney no dia em que se tornasse o MVP do Super Bowl.

Esse dia chegou. Foi em 2 de fevereiro de 2020, quase 25 anos depois do nascimento de Mahomes, que o camisa 15 eternizou seu nome como um QB campeão do Super Bowl LIV, em sua terceira temporada como profissional, e em um ano de superação, que quase foi perdido após uma lesão no joelho. Seu time, o Kansas City Chiefs, levou o título, ao vencer o San Francisco 49ers por 31 a 20, encerrando um jejum agonizante que ultrapassou décadas e superou gerações. O segundo título de Super Bowl da franquia vem depois de 50 longos anos. Faz tanto tempo que, se voltarmos a janeiro de 1970, no último título de Kansas City, o Brasil ainda nem tinha sido tricampeão da Copa do Mundo, e o País vivia os horrores da ditadura. Felizmente, esse período de jejum e de tristezas é coisa do passado.

Na noite do bicampeonato, no Hard Rock Stadium, o Chiefs fez história com mais uma virada, a terceira nesta pós-temporada. No Super Bowl, a franquia teve uma atuação duríssima na primeira metade da partida, e perdia por 10 pontos até o início do último quarto, quando brilhou a estrela de Mahomes, que fez dois passes para touchdown nos minutos finais. Além dos TDs, ele lançou para 286 jardas totais, e duas interceptações, além de uma corrida para TD. O running back Damien Williams foi outro destaque, com 104 jardas terrestres, uma recepção para touchdown, e uma corrida para touchdown – a que sacramentou o título, o primeiro de muitos dos nomes desta equipe, e também do técnico Andy Reid.

Se o jejum do Chiefs acabou, o do 49ers continua. Desde 1995 que a equipe não vence um Super Bowl. A defesa, uma das melhores da liga, foi eficaz na maior parte da partida. Mas a decisão não depende de um único setor jogando bem. No quarto derradeiro, o ataque ruiu, parando de conseguir converter primeiras descidas. Jimmy Garoppolo, estreante como titular em Super Bowls, passou para 219 jardas, um touchdown e duas interceptações. A derrota é ainda mais difícil para o técnico Kyle Shanahan. De perfil ofensivo, novamente uma equipe sob sua gestão perde uma decisão após estar vencendo por larga vantagem – ele era o coordenador ofensivo do Atlanta Falcons em 2017, no Super Bowl LI, quando o Falcons perdeu por 34 a 28 para o New England Patriots, após estar vencendo por 28 a 3.

Primeiro tempo parelho

A partida começou bastante equilibrada. As defesas, tanto do Chiefs quanto do 49ers, iniciaram bem o jogo. Quem abriu o placar foi San Francisco, com um field goal do kicker Robbie Gould. Na sequência, houve o primeiro bom momento de ataque do Chiefs. A campanha de mais de sete minutos deu à franquia o primeiro touchdown do jogo, em uma corrida de Patrick Mahomes. Naquele momento, a situação ficou favorável ao Chiefs, principalmente por conta do primeiro turnover do jogo, quando Bashaud Breeland interceptou Jimmy Garoppolo.

Com o placar em 7 a 3, no segundo quarto, o Chiefs teve a oportunidade de ampliar, com um field goal do kicker Harrison Buttker. Na sequência, o 49ers reagiu, com Jimmy Garoppolo conectando passes precisos, apesar de curtos. Perto do intervalo, o camisa 10 fez um passe para o full back Kyle Juszczyk anotar o primeiro touchdown de San Francisco no jogo. Com o placar empatado em 10 a 10, as defesas novamente passaram a ser protagonistas até o intervalo.

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49ers se destaca no terceiro período

O San Francisco 49ers teve a primeira posse de bola do segundo tempo, e começou dominante. Debbo Samuel e George Kittle se destacaram com jogadas que permitiram o avanço pelo campo. A campanha terminou com um field goal, mas se mostrou promissora para a franquia. A defesa também se animou no início do segundo tempo. Enquanto Nick Bosa pressionava Mahomes, a secundária se garantia com turnovers. Fred Warner foi o primeiro a interceptar o QB, e logo na sequência, o 49ers anotou mais um touchdown, em corrida de Raheem Mostert, que se destacou na final de conferência há duas semanas. A segunda interceptação em Mahomes foi de Tarvarius Moore, no que poderia encaminhar o título ao time campeão da NFC.

A épica reação de Kansas City

Só que o Chiefs, campeão da AFC, voltou para o jogo rapidamente. A defesa impediu que o 49ers tivesse o controle da posse de bola no último período, e forçou o punt. Deste momento em diante, voltamos a lembrar da maestria de Patrick Mahomes como quarterback. Vale lembrar que ele estava longe de ter suas atuações grandiosas como nos demais jogos da pós-temporada. Até aquele momento. O quarterback se destacou, em uma campanha de cinco minutos, com direito a um passe de 44 jardas ao wide receiver Tyrek Hill. Uma falta de interferência de passe na endzone deixou a equipe na linha de uma jarda. O passe de Mahomes para o tight end Travis Kelce foi decisivo para o TD. O Chiefs voltou para o jogo.


Quando se está ganhando um Super Bowl, tudo o que um ataque precisa fazer é gastar relógio para, se perder a posse de bola, fazer o adversário ter menos tempo possível para tentar reagir. Só que, para o 49ers se garantir, teria que depender da defesa do Chiefs, que não deixou acontecer o first down, com dois passes incompletos de Garoppolo, além de uma curta corrida de Mostert. A bola oval voltou ao Chiefs, com pouco mais de seis minutos de jogo. Novamente, Patrick Mahomes soltou o braço com passes precisos, em especial, o lançamento de 38 jardas para Sammy Watkins. A 2:50 do fim, Kansas City conseguiu a tão sonhada virada, com o passe para TD para Damien Williams.

O 49ers ainda teria três tempos para pedir, mais a pausa no relógio do Two Minute Warning. Havia muito tempo para tentar virar, mas a obrigação era fazer um touchdown. Já faltando menos de dois minutos, o ataque parou de funcionar, com três passes incompletos consecutivos de Garoppolo, e na quarta descida, ele só não sofreu o sack porque ainda jogou a bola no chão com a defesa do Chiefs o pressionando.

Damien Williams correu para o touchdown do título do 49ers

As esperanças de título do Chiefs cresceram muito neste momento. Bastava um first down correndo com a bola que o Troféu Vince Lombardi iria para Kansas City. A defesa de San Francisco precisava evitar a primeira descida, e nada mais. Porém, em uma segunda para cinco jardas, Damien Williams correu pelo lado esquerdo, e correu muito, garantiu o first down, e seguiu correndo, em uma jogada de poucos segundos, mas que foi para a eternidade por conta de sua genialidade. Touchdown Kansas City Chiefs! O touchdown que acabava com uma agonia que durava 50 anos.
Na teoria, ainda tinha jogo, apesar de parecer praticamente irreversível que o 49ers viraria. Na base do desespero, o ataque entrou em colapso, já com a derrota entregue. Jimmy Garoppolo ainda foi interceptado mais uma vez, e aí foi só correr para o abraço. Terminou o jejum, com o histórico título.


Agora, o Chiefs tem um Super Bowl depois de cinco décadas, e Mahomes tem um prêmio de MVP para chamar de seu. Ainda não sabemos bem como será 2020 no mundo, como foi em 1970, no título anterior, ou em 1995, quando nasceu o QB. Mas o fato é de que este ciclo pode marcar o início de uma nova era à franquia.

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