segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

Buccaneers domina Chiefs, vence Super Bowl LV, e Tom Brady passa a ter mais títulos que qualquer equipe

Brady agora tem SETE títulos de Super Bowl (foto: Kevin C. Cox/Getty Images)

A receita para o sucesso de uma franquia na NFL costuma ser semelhante. Selecionar grandes talentos no Draft, lapidar estes jogadores para que se tornem estrelas e, além destes atletas, adquirir outros de determinada rodagem para completar um grande elenco. Por não ser uma ciência exata, e nem por oferecer resultado imediato, muitas vezes esta jornada leva alguns anos para ser concluída com o título do Super Bowl, isso se ele vier. Porém, se voltarmos para este 7 de fevereiro de 2021, veremos uma escrita totalmente diferente.

O Tampa Bay Buccaneers nos últimos anos era um exemplo de equipe que vivia brigando para não ser a pior de toda a NFL. Apesar do time ter tido um título de Super Bowl em 2003, desde 2008 que sequer fazia um jogo de pós-temporada. No atípico 2020 marcado pela pandemia da Covid-19, o Buccaneers resolveu rasgar o manual da jornada à longo prazo para tentar o Troféu Vince Lombardi imediatamente, e apostar em um roteiro diferente. Trouxe Tom Brady, com 43 anos, que já havia ganhado tudo o que podia, e que, mesmo assim, ainda tinha motivação para vencer mais. Vieram junto outros nomes como Rob Gronkowski, então aposentado, e Leonard Fournette, entre outros que estavam sem emprego. A temporada, obviamente, foi desafiadora, mas as recompensas vieram. Primeiro, a volta aos Playoffs, e depois, duelos eliminatórios marcantes, que, por mais que dissessem que os adversários eram favoritos, ao final de cada confronto, era a equipe de Tampa quem vencia. 

E o ápice vem com a maior das vitórias. O Buccaneers venceu o Super Bowl LV, derrotando o Kansas City Chiefs pelo placar de 31 a 9. Com o título, a franquia agora é bicampeã do Super Bowl, e estará eternizada por ser a primeira, e única, a jogar a decisão da liga em sua casa e vencer. Pela quinta vez na carreira, o quarterback Tom Brady se tornou o MVP da decisão, com suas 201 jardas lançadas e três passes para touchdown. Brady ampliou seu recorde de mais nomeações como o melhor da final da NFL, assim como sua marca de títulos conquistados. O camisa 12 venceu sete vezes o Super Bowl, sendo seis pelo New England Patriots, além do título deste ano pela equipe de Tampa. Nenhuma franquia da liga conquistou o Troféu Vince Lombardi mais que seis vezes, marcas pertencentes ao Patriots e ao Pittsburgh Steelers. Os anos dos títulos de Brady foram: 2002, 2004, 2005, 2015, 2017, 2019 e 2021.

Mas antes de contarmos detalhadamente o jogo, não podemos esquecer de quem coletivamente poderia merecer o prêmio de MVP da partida: a defesa do Buccaneers. O setor, que tem como coordenador defensivo Todd Bowles, simplesmente anulou aquele que futuramente pode ser um dos melhores quarterbacks da história. Patrick Mahomes, do Chiefs, simplesmente não conseguiu jogar. Seus passes em profundidade, passes laterais e até mesmo os lançamentos móveis, que são o terror das defesas adversárias, foram engolidos por todo o setor defensivo de Tampa. Estatisticamente, o camisa 15 saiu de campo com 270 jardas lançadas e duas interceptações. A equipe de Kansas City não pontuou com um touchdown no Super Bowl de nenhuma forma.

E ainda, mencionamos também o técnico Bruce Arians. Com 68 anos, se tornou o mais velho a vencer o Super Bowl, o primeiro da carreira como treinador principal – ganhou outros dois como assistente técnico no Pittsburgh Steelers. E, por fim, Rob Gronkowski, o tight end que, basicamente, é o fiel escudeiro de Tom Brady. Gronk saiu da aposentadoria nesta temporada para jogar mais uma vez com seu amigo, e na decisão, teve seis recepções, para 67 jardas e dois touchdowns.

Um Super Bowl diferente

Com público reduzido por causa da pandemia, houve distanciamento social entre os presentes e torcedores de papel nos lugares vazios (foto: Lynne Sladky/AP)


Por causa da pandemia da Covid-19, pela primeira vez um Super Bowl não teve lotação máxima. Cerca de 22 mil pessoas, apenas, estiveram presentes no Raymond James Stadium, em Tampa, aproximadamente um terço da capacidade total. Destas, 7,5 mil eram médicos e profissionais da saúde, convidados pela NFL a assistir o Super Bowl LV. Eram pessoas já vacinadas contra o novo coronavírus, e a medida também era um incentivo para a vacinação. 

Nas imagens divulgadas com o estádio inteiro, havia a falsa impressão de que o estádio estava lotado, quando na verdade, os lugares vazios estavam ocupados por torcedores em fotos impressas, e os que estavam presencialmente cumpriram o distanciamento social. Inclusive, houve a presença brasileira nas arquibancadas, obviamente em papel. As cantoras Anitta e Ludmilla estavam lá, assim como o lateral-esquerdo Marcelo, do Real Madrid.

Antes do jogo, não faltaram homenagens à todos os que estão lutando diariamente no combate à Covid-19. Inclusive, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e sua esposa, a primeira-dama Jill Biden, gravaram um discurso antes da partida, ressaltando a importância do uso de máscaras e do distanciamento social, além de mobilizar a população a se vacinar.

Desde o início, Tampa Bay no domínio

Logo de cara, o Super Bowl começou com a impressão de que as defesas seriam as grandes protagonistas do espetáculo, principalmente a do Buccaneers. Na segunda posse de bola ofensiva do Chiefs, o placar saiu do zero, com o field goal anotado pelo kicker Harrison Buttker. Mas naquele momento, algo já chamava a atenção. A equipe avançava pelo campo, mas correndo com a bola. Os passes de Patrick Mahomes não estavam funcionando. Mal se esperava que isso se repetiria por todo o jogo.

Rob Gronkowski teve duas recepções para touchdown

Se o Chiefs pontuou com field goal, o Buccaneers já tratou de virar o placar. Tom Brady fez passes importantes, e somados com as corridas de Leonard Fournette, a equipe logo chegou na redzone. Na linha de oito jardas, Brady passou para Rob Gronkowski anotar o touchdown. Era o primeiro TD do jogo, porém, o 13º desta dupla só em Playoffs, que se tornava naquele momento a maior parceria em passes para touchdown na história da pós-temporada.

Erros do Chiefs custam caro

Com o placar em 7 a 3, ainda estava difícil para Kansas City avançar pelo campo, e a solução foi chutar o punt para devolver a bola para o Buccaneers, já no início do segundo quarto. O chute do punter Tommy Towsend havia sido bom, mas a falta da sua equipe o obrigou a chutar novamente. A jogada que valeu foi um desastre, e Brady e amigos começariam a atacar já em área de field goal. Para sorte do Chiefs, o time de Tampa ficou até centímetros da endzone, mas o running back Ronald Jones não alcançou o touchdown.

Mas na campanha seguinte de tampa, a defesa do Chiefs demonstrou que tudo iria dar errado por causa das faltas. O safety Tyrann Mathieu havia conseguido interceptar Tom Brady, mas um defensor cometeu falta de holding, uma segurada em um rival, anulando o turnover. Na sequência, a defesa evitou a conversão de primeira descida ao Buccaneers, forçando um field goal. Na jogada do chute, um offside, ou seja, alguém queimou a largada antes do início do lance. Depois deste terceiro erro, o Bucs tratou de resolver com mais um TD, de novo em passe de Brady para Gronkowski.

Ainda antes do intervalo, houve tempo para o Chiefs reagir, apesar da campanha longa ter terminado frustrante com mais um field goal. Com menos de um minuto para o relógio zerar, o Buccaneers teve tempo para avançar pelo campo, e Tom Brady lançou para o seu terceiro touchdown. O recebedor que pegou a bola não terá aqui o seu nome divulgado, pois ele enfrenta acusações de estupro e nem deveria estar na NFL. Ao final do segundo período, o placar era de Buccaneers 21 a 6 no Chiefs.

Halftime Show

Teve também o tradicional Halftime Show, com o cantor The Weeknd. Por causa da pandemia, desta vez não houve aquele mega palco montado dentro do campo, e boa parte da apresentação foi em um palco montado atrás de uma das endzones. No final do show, The Weeknd e alguns dançarinos foram para o gramado durante a canção "Blinding Lights". A íntegra do show você confere aqui.

Buccaneers controla o jogo no segundo tempo

A metade final do confronto ainda veio com expectativas, pois era o Chiefs do quarterback Patrick Mahomes e do técnico Andy Reid. A campanha até havia começado promissora, com uma corrida de 27 jardas de Clyde Edwards-Helaire. Mas de novo, a marcação defensiva em cima dos recebedores de Kansas City era intensa. Para se ter uma ideia, Tyrek Hill recebeu para apenas 73 jardas ao todo, e a maior parte destas recepções foram já no fim do jogo. Na primeira posse de bola depois do intervalo, novamente, o Chiefs anotou um field goal.

Aprendemos com Tom Brady a nunca desistir de um Super Bowl. Mas neste Super Bowl LV, também aprendemos com ele que, quando se tem a oportunidade de matar um jogo, se faz o que for necessário para tal. Em uma rápida posse de bola após o field goal do Chiefs, veio o quarto touchdown de Tampa, agora em uma corrida de 27 jardas de Leonard Fournette. Como o jogo estava 28 a 9, Mahomes teria que tirar um coelho da cartola para tentar a virada, assim como Brady fez em um Super Bowl há quatro anos.

 

Só faltou combinar com a defesa do Buccaneers. Três jogadas após o TD adversário, Mahomes tentou lançar em profundidade para Hill, mas o safety Antoine Winfield Jr, um calouro, fez a interceptação. Alguns minutos mais tarde, mais três pontos foram anotados para Tampa Bay, agora em um field goal de Ryan Succop.

Mahomes sofreu com a pressão defensiva adversária, e teve atuação abaixo de seu nível (foto: Mark Humphrey)

O quarto período foi um verdadeiro pavor para o Chiefs, enquanto para o Buccaneers, cada segundo era um segundo a menos para o seu título. Mahomes sofreu novamente com sacks, e também foi vítima dos constantes drops de seus recebedores. Ele tentou suas jogadas mágicas, mas não era o dia dele. Do outro lado do campo, Brady alternava passes curtos com corridas, e basicamente cada campanha ofensiva de Tampa era um punhal cravado nas chances de reação de Kansas City. Teve tempo para um momento icônico, em que uma pessoa invadiu o campo e... bom, é melhor vocês verem com seus próprios olhos. Quis o destino que o golpe de misericórdia para encerrar o jogo fosse justamente mais uma interceptação de Mahomes, agora feita por Devin White, a menos de dois minutos para o final. Aí, foi só Brady ajoelhar para o abraço.

Título é uma quebra de vários tabus

Juntos, Gronkowski e Brady conquistaram quatro Super Bowls (foto: Mike Ehrmann/Getty Images)

Além de ser o primeiro a conquistar o Super Bowl em sua própria casa, o Buccaneers também quebrou outro tabu. É a primeira equipe, desde o Green Bay Packers de 2011, a ser campeã jogando todos os jogos das fases anteriores dos Playoffs fora de casa.

Já Brady também conquista outra façanha com esta conquista. Se tornou o segundo quarterback da história a vencer o Super Bowl jogando por duas equipes diferentes, igualando o feito do agora integrante do Hall da Fama, Peyton Manning, que conquistou o Super Bowl em 2007 e 2016 jogando por Indianapolis Colts e Denver Broncos. 

O QB, que está na liga desde 2000, nesta noite provou mais uma vez que é o maior de todos os tempos. Seu contrato com o Buccaneers ainda tem a duração de mais uma temporada, assim como o de outros nomes do vitorioso elenco. Juntos, protagonizaram um feito que seria inimaginável há um ano atrás. E agora, estão eternizados por mais um excelente feito. E, segundo o próprio Brady falou na entrega do Troféu Vince Lombardi, ele e o Bucs prometem voltar no ano que vem. Aguardaremos! 

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