quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

TBT do LT #2 – A ascensão, queda e o futuro de Carson Wentz

Quarterback deixa de ser o titular do Philadelphia Eagles (foto: Adam Wesley/CBS)

Este é o segundo episódio da série TBT do LT, que tem como objetivo de trazer à tona recordações da NFL trazendo para um contexto atual, publicando preferencialmente às quintas-feiras. E no capítulo de hoje, trazemos à tona sobre um dos principais fatos desta semana, e que define o futuro do Philadelphia Eagles. Nesta terça-feira, 8 de dezembro, o técnico da equipe, Doug Pederson, definiu que o calouro Jalen Hurts será o novo quarterback titular do time, e que a partir do próximo jogo, contra o New Orleans Saints, Carson Wentz vai para o banco de reservas, e provavelmente deixará Philadelphia ao final da temporada.

Neste TBT, vamos voltar alguns anos no tempo e traçar cada ponto da carreira de Wentz. O quarterback de 27 anos chegou à NFL com status de estrela, brigou para ser o MVP de uma temporada até se lesionar, e hoje perdeu rendimento até virar reserva, um ano após o Eagles ter lhe confiado à possibilidade de virar um franchise quarterback – aquele QB que se consolida como titular por muitos anos, sendo o responsável por idas constantes aos Playoffs ou até mesmo de títulos de Super Bowl.

Da segunda divisão do College para a segunda escolha geral do Draft

Eagles trocou sua posição no Draft para garantir a seleção de Wentz em 2016 (foto: Kamil Krzaczynski/USA TODAY Sports)

Carson Wentz iniciou sua carreira no futebol americano universitário jogando por North Dakota State, uma instituição que, no College, integra a segunda divisão – vale lembrar que não há um sistema de promoção ou rebaixamento no College, como acontece no futebol da bola redonda. Na segunda divisão estão universidades menos badaladas. Seu desempenho nos últimos anos passou a chamar a atenção da NFL, principalmente após a boa avaliação que ele teve durante o Combine, que avalia aspectos físicos e psicológicos dos atletas que pretendem estar no Draft.

Isso colocou Wentz em uma posição de ser um dos principais quarterbacks à disposição para aquele Draft, de acordo com a avaliação prévia ao evento, assim como Jared Goff. Por conta disso, dois times que precisavam de um novo quarterback titular trocaram com Tennessee Titans e Cleveland Browns para terem a primeira e segunda escolha gerais no recrutamento: o Los Angeles Rams e o Philadelphia Eagles. O Rams foi de Goff, e o Eagles selecionou Wentz.

Titular desde o início, quase MVP e a lesão de 2017

Em 2017, rompeu os ligamentos do joelho quando brigava para ser o melhor jogador da NFL (foto: Wally Skalij/TNS)

Mesmo com a segunda escolha geral de 2016, a confirmação de Carson Wentz como titular se deu a poucos dias daquela temporada começar. Um dos quarterbacks titulares de 2015, Sam Bradford, era o favorito para começar jogando nas primeiras semanas, mas uma troca do Eagles a poucos dias da temporada regular começar, enviando Bradford ao Minnesota Vikings – que ficou sem quarterback titular devido à lesão de Teddy Bridgewater –, definiu Wentz como o QB em campo desde a semana 1.

Naquele ano, o desempenho do Eagles começou positivo, com três vitórias consecutivas, mas a franquia demonstrou bastante instabilidade, e ao final da temporada, a campanha foi de 7-9, com o time fora dos Playoffs. Wentz lançou 16 passes para touchdown e 14 interceptações.

Em 2017, o sonho de Philadelphia de levar o primeiro título de Super Bowl se tornou possível. A cada semana, o Eagles mostrava que era o melhor time da NFL. Carson Wentz fez a temporada da sua vida, lançando para 3296 jardas, 33 touchdowns e sete interceptações. Era o favorito para ser o MVP, com o time encaminhando à classificação aos Playoffs com a melhor campanha da NFC. Até que, na semana 14, o quarterback rompeu os ligamentos do joelho durante a partida contra o Los Angeles Rams. A temporada dele acabou naquele momento. 

O Eagles seguiu sem Wentz, e com Nick Foles, o time surpreendeu todo mundo e foi o campeão do Super Bowl LII. 

A vida após a primeira grande lesão

Lesionado, Wentz foi campeão do Super Bowl ao lado de Nick Foles, titular na decisão (foto: Timothy A. Clary/AFP)

Por mais lindo que foi o restante da temporada do Eagles sem Wentz, com o primeiro título de Super Bowl da história da franquia, o ano seguinte seria com o camisa 11 de titular. O Eagles pagou caro por ele, e vale lembrar que, se este quarterback não tivesse jogado de maneira excelente em 2017, as possibilidades de título seriam menores. 

Nick Foles, o titular e MVP do Super Bowl LII, até recebeu sondagens para ir para outras equipes, mas nenhuma oferta se concretizou e ele ficou no Eagles em 2018, sendo o titular nas duas primeiras partidas. Wentz, enfim recuperado da lesão no joelho, voltou na semana 3, e novamente fazia uma boa temporada, passando para 21 touchdowns e sete interceptações. Mas no final do ano, novamente se lesionou, desta vez nas costas. O time se classificou aos Playoffs mais uma vez, mas com Nick Foles representando a equipe, que caiu no Divisional Round naquele ano.

Em 2019, finalmente Carson Wentz recuperou o físico. O quarterback renovou o seu contrato com o Eagles, em um vínculo de quatro anos, válidos a partir de 2021, e US$ 128 milhões em salários, sendo US$ 70 milhões garantidos. Até este ano, ele era a aposta incontestável para a titularidade futura da franquia, e Nick Foles não estava mais lá à sua sombra. 

O desempenho no ano do quarterback foi de 4039 jardas lançadas, 27 touchdowns e nove interceptações, mas o Eagles de 2019 não era mais o mesmo que foi campeão do Super Bowl. A classificação aos Playoffs foi sofrida, com campanha em 9-7, mas mesmo assim, era o terceiro título consecutivo da NFC Leste. Tudo parecia bem para Wentz até o jogo de Wildcard contra o Seattle Seahawks, quando ele foi atingido pelo defensor Jadaveon Clowney e entrou para o protocolo de concussão. Wentz não voltou mais para o jogo e o Eagles foi eliminado.

2020 de calvário

Neste ano, Wentz sofreu com atuações ruins e diversas interceptações (foto: Derik Hamilton/AP)

É fato que este ano não está sendo fácil para ninguém, pois estamos enfrentando uma pandemia. O psicológico de muitas pessoas está abalado, assim como o de Carson Wentz. Ele não testou positivo para a Covid-19, mas vale lembrar que Wentz já carregava um longo histórico de lesões com apenas quatro temporadas profissionais. E mais: ele passou a ser pressionado, pois no Draft, o Eagles selecionou na segunda rodada Jalen Hurts, quarterback que teve uma boa passagem no College por Alabama, e encerrou a vida universitária jogando por Oklahoma.

A carreira de Carson Wentz, que estava tão sólida, de repente ficou ameaçada. A cada partida, uma coleção de interceptações evitáveis, complicando de vez a vida do Eagles. Para acrescentar, Doug Pederson escalava Hurts para fazer algumas jogadas durante o jogo, como se fossem pequenos testes ao calouro, pelo fato de não ter havido a pré-temporada para testá-lo em um confronto. 

Em 12 jogos, Wentz passou para 2620 jardas, 16 touchdowns e 15 interceptações. Ou seja, a média de passes para adversários nas partidas era maior que uma interceptação por jogo. Carson Wentz atualmente lidera a estatística de mais interceptações lançadas na temporada 2020. Contra o Green Bay Packers, no domingo, 6, foi a gota d´água. Com o jogo já perdido, Pederson tirou Wentz de campo para nunca mais deixá-lo voltar. Foi Hurts quem comandou o time nos minutos finais da derrota por 30 a 16.

Qual será o seu destino

Fica claro que não há mais clima para que Carson Wentz fique no Eagles em 2021. As lesões e o psicológico o abalaram a ponto de que a solução seja jogar em outra equipe. Por mais que o ano de 2020 dele seja muito ruim, não dá para imaginar que o quarterback virará um andarilho, ou que só será contratado para ser um mero QB reserva. 

Para a equipe da Philadelphia, neste caso, restam duas opções. A menos dolorosa, considerando o teto salarial, seria trocá-lo com algum time que necessite de um QB para o ano que vem, e que, via Draft, tenha dificuldades para encontrar um bom nome. Neste caso, o time que receberia Wentz herdaria todo o valor em salários que o jogador teria para receber com o Eagles. O problema é: quem vai desejar comprometer US$ 128 milhões de seu teto salarial com ele após o mau desempenho em 2020?

A outra opção seria cortar o jogador. Uma decisão que pesa bastante no teto salarial de Philadelphia, já que, ao renovar o contrato com Wentz no ano passado, o Eagles já se comprometeu a pagar US$ 70 milhões à ele. Um corte neste final de temporada impactaria em US$ 59 milhões no teto salarial, e este dinheiro faria muita falta aos cofres do time para contratar reforços. Se Carson Wentz ficar como reserva, o comprometimento do limite de gastos em salários seria menor, de "apenas" US$ 35 milhões. Vale lembrar que não é comum que uma equipe mantenha um quarterback reserva pagando por um alto salário, até porque com este dinheiro gasto, a franquia poderia investir em pagar por reforços em outras posições. O Eagles terá um enorme dilema para resolver ao final desta temporada se não trocar Carson Wentz.

Se o destino do camisa 11 for mesmo a saída do Eagles, há opções para ele retomar sua carreira, em times que estão a um quarterback de um melhor desempenho na NFL, e que não estão nas piores posições na temporada atual (o que permitiria mais chances de encontrar um bom QB via Draft), casos de Indianapolis Colts, Denver Broncos, Chicago Bears ou Atlanta Falcons – há a possibilidade de o veterano Matt Ryan deixar a equipe em 2021. Será uma história bem interessante para acompanhar!

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