quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Times da NFL cancelam treinos em reação à violência policial contra negros

Oito times aderiram aos protestos iniciados na NBA (foto: AP)

Após os  jogadores da NBA boicotarem os jogos dos Playoffs marcados para esta quarta-feira, 26 de agosto, oito times da NFL cancelaram os seus treinos preparatórios para a temporada de 2020 nesta quinta-feira, 27. A reação deste movimento iniciado pela liga de basquete veio em protesto pelo ataque à tiros de policiais em Jacob Blake, na cidade de Kenosha, estado norte-americano do Wisconsin, no último domingo, 23, em mais um caso de violência policial contra negros no País.

Equipes como o Green Bay Packers, Indianapolis Colts, Los Angeles Chargers, Chicago Bears, Tennessee Titans e New York Jets cancelaram os treinos da quinta-feira. O Arizona Cardinals não havia agendado treinos para hoje, mas também anunciou que não iria realizar nenhuma atividade em grupo. Enquanto isso, o elenco do Denver Broncos chegou a se reunir, mas também decidiu por não treinar em protesto. A primeira equipe da National Football League a anunciar que não iria à campo foi o Washington Football Team, que ainda na quarta-feira, disse que não iria treinar.

A reação do Cleveland Browns foi diferente. A franquia da NFL se uniu ao Cleveland Cavaliers (NBA) e Cleveland Indians (MLB) para criar uma associação que combata a injustiça social na cidade de Cleveland e na região nordeste do estado de Ohio, onde jogam. 

Este movimento faz voltar à tona o debate sobre a violência policial contra cidadãos negros nos Estados Unidos. Em maio, o país inteiro foi tomado por protestos após o ex-segurança George Floyd ser asfixiado até a morte por um oficial durante uma abordagem. O assunto gerou grandes discussões em vários países e movimentos como o "Black Lives Matter" chegaram ao esporte como um todo, com atletas protestando ajoelhados, como Colin Kaepernick fez em 2016, ao se ajoelhar durante o hino dos Estados Unidos antes de uma partida da pré-temporada da NFL. 

Voltando para o caso recente. Os boicotes e cancelamentos no esporte nos Estados Unidos começaram pela NBA. O primeiro movimento foi do Milwaukee Bucks (time do Wisconsin), que abriu mão de jogar contra o Orlando Magic, pelo jogo 5 dos Playoffs. O Magic apoiou a causa e também boicotou. Nas horas seguintes, jogadores como LeBron James, astro da liga e atleta do Los Angeles Lakers, protestaram cobrando uma postura maior do governo dos Estados Unidos contra a violência da polícia com pessoas negras. Logo na sequência, a NBA decidiu cancelar todos os jogos marcados para a quarta-feira, 26. Aliada aos atletas, a liga também adiou os jogos marcados para a quinta-feira, 27, e quer manter um diálogo com eles para ver como entidade e jogadores podem contribuir para acabar com o racismo nos Estados Unidos.

NBA adia jogos depois de atletas anunciarem boicote (foto: Sports Illustrated)

Depois do que houve com a NBA, também foram cancelados alguns jogos da WNBA (a liga de basquete feminino dos Estados Unidos), da Major League Baseball (MLB) e Major League Soccer (MLS). Além disso, a tenista japonesa Naomi Osaka, que estava na semifinal do Aberto de Cincinnati – um dos principais da modalidade – aderiu também ao movimento e boicotou sua participação do torneio.

O caso Jacob Blake

No domingo, 23, policiais atendiam uma ocorrência doméstica na cidade de Kenosha, Wisconsin. Blake, homem negro, se dirigia ao seu carro, onde também estavam os seus filhos, e não tinha nada a ver com a ocorrência. Um vídeo flagra os policiais o acompanhando até o veículo, e na hora em que o homem abre a porta, é alvejado por sete tiros nas costas. Ele está vivo, mas sem o movimento das pernas.

Depois disso, Kenosha virou o centro das atenções por múltiplos protestos contra o ataque. Duas pessoas foram mortas e a suspeita é de que um homem branco de 17 anos, portando um fuzil, teria sido o autor dos disparos, o qual a polícia não o prendeu em flagrante, mesmo com vídeos mostrando ele com a arma na frente dos oficiais, que o ignoraram.

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