quinta-feira, 16 de julho de 2020

Ex-funcionárias da franquia de Washington alegam que foram vítimas de assédio sexual



O jornal "The Washington Post" revelou em uma reportagem divulgada nesta quinta-feira, 16 de julho, que 15 ex-funcionárias da franquia da NFL residida em Washington alegam terem sido vítimas de assédio sexual e abuso verbal durante o seu período trabalhado no time, em denúncias de casos ocorridos entre 2014 e 2019. E os abusadores, segundo elas, seriam membros da alta diretoria da equipe de futebol americano, em um escândalo que já tem grandes proporções, mesmo fazendo poucas horas da publicação da reportagem original.

Apenas uma das ex-funcionárias aceitou ter o seu nome revelado: Emily Applegate. As demais 14 preferiram ficar sob anonimato por medo de represálias. Elas acusam executivos próximos ao proprietário da franquia, Dan Snyder, de comportamento inadequado. Entre os principais nomes, estão os de Larry Michael, narrador dos jogos da equipe no estádio, e o de Alex Santos, então diretor de pessoal.

Entre as acusações, sete ex-funcionárias disseram ao "The Post" que Michael discutia com outros funcionários sobre a "aparência física das colegas mulheres", com falas depreciativas de cunho sexual – inclusive, registradas em áudio. Larry Michael não quis comentar o caso ao jornal norte-americano, e deixou a franquia há poucos dias. Já Santos tem como acusações de seis ex-funcionárias, e de duas repórteres setoristas de Washington, de fazer comentários inadequados de seus corpos, e de questionar se estas mulheres tinham interesse nele. A repórter do "The Ringer", Norah Princiotti, disse em entrevista ter sido assediada pelo dirigente. Alex Santos se recusou a responder às perguntas do jornal que trouxe a denúncia, e foi demitido também recentemente.

Também surge nas denúncias o nome do diretor-assistente de profissionais, Richard Mann II. O "The Post" identificou uma mensagem do dirigente relatando a uma ex-funcionária sobre os seus seios. E em outra mensagem, Mann II falou que esta deveria receber um "abraço inapropriado". Assim como os demais nomes citados até aqui, ele não quis falar com o jornal, e também foi demitido.

Dennis Greene, ex-presidente de operações de negócios, é outro envolvido no escândalo. Segundo cinco ex-funcionárias incluindo Emily Applegate, Greene ordenava que o time de vendas feminino de Washington usasse blusas decotadas, saias curtas e flertasse com os clientes. Ele deixou a franquia em 2017, após as cheerleaders da equipe terem sido forçadas a posar com os seios à mostra durante a sessão de fotos para o calendário anual de 2013. Este caso ocorreu na Costa Rica. Greene não quis comentar as acusações.

Outro citado foi o ex-chefe do escritório de operações, Mitch Gershmann, que Applegate relatou que ele comumente se aproveitava para elogiar seu corpo enquanto ela tentava resolver problemas como uma impressora com defeito. Ele deixou Washington em 2015, e foi o único dos acusados que aceitou falar com o "The Washington Post", e negou as acusações.

Applegate declarou ao jornal que trabalhar na franquia de Washington foi a experiência mais miserável de sua vida. Ela deixou a equipe em 2015, após ter sido a coordenadora de marketing da equipe. "Nós todas toleramos isso, porque sabíamos que, se reclamássemos, eles nos lembravam que 'havia 1000 pessoas lá fora que topariam nossos trabalhos rapidamente'", lamenta.

Nenhuma das mulheres denunciantes acusou o dono da franquia de Washington, Dan Snyder, ou o ex-presidente, Bruce Allen, de comportamento inadequado. Porém, todas elas lembraram do ceticismo de ambos pelo fato de não saberem de nada da situação, pelo fato de que os envolvidos eram "membros do seu círculo. "Eu assumiria que Bruce (Allen), porque ele sentava perto de mim, e me via chorando frequentemente na minha mesa", conta Applegate.

O que diz Washington

Procurado pela reportagem, Snyder declinou a todos os pedidos de entrevista ao "The Washington Post". Apenas o time da NFL se manifestou sob o ocorrido, e apenas por nota enviada ao jornal. "A equipe do Washington Redskins leva a sério as questões de conduta dos funcionários. Embora não falemos publicamente sobre situações específicas de funcionários, quando são apresentadas novas alegações de conduta contrárias a essas políticas, as abordamos prontamente", disse a franquia.

Crise de imagem

Este fato é mais um agravante na crise de imagem que envolve o nome da equipe nos últimos dias. Recentemente, empresas anunciantes do time exigiram que Washington retirasse o seu apelido, Redskins, pois a palavra (peles vermelhas, em inglês) é pejorativa contra os indígenas norte-americanos. Na segunda-feira, 13, a equipe confirmou oficialmente a sua retirada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário