quinta-feira, 4 de junho de 2020

Jogadores e ex-jogadores da NFL se manifestam contra o racismo

Ex-jogador da NFL, Brandon Marshall foi um dos primeiros a protestar contra o racismo, em 2016 (foto: Getty Images)
Desde que o segurança George Floyd morreu asfixiado por um policial em uma abordagem em Minneapolis, no dia 25 de maio, protestos contra a repressão policial contra negros eclodiram por todo o território dos Estados Unidos. Em dez dias, até esta quinta-feira, 4 de junho, já foram mais de 10 mil pessoas presas nas manifestações, segundo a agência de notícias Associated Press. Por conta destes fatos, os debates sobre a importância da igualdade racial estão cada vez mais presentes, e isso se inclui também no universo da NFL, entre jogadores, técnicos e dirigentes.

A primeira notícia sobre o caso George Floyd citada por aqui no Left Tackle Brasil foi no último domingo, quando o ex-quarterback Colin Kaepernick anunciou a criação de um fundo para pagar os custos com advogados de defesa dos manifestantes presos. Desde então, mais manifestações passaram a ser vistas entre atletas e ex-atletas profissionais do futebol americano.

Um dos depoimentos vem do ex-defensor do Denver Broncos, Brandon Marshall. Em 2016, ele também se ajoelhou durante o hino norte-americano em protesto contra a violência policial a pessoas negras, assim como Kaepernick. Ambos foram colegas na universidade de Nevada, antes de chegarem na NFL. Em entrevista à ESPN dos Estados Unidos, Marshall relatou que, naquela época, ele e Kaepernick foram chamados de bandidos, e que mereciam perder seus empregos. "Acho que as pessoas estão olhando para Kaepernick agora como 'OK, talvez ele soubesse'. As pessoas não queriam ouvir a mensagem depois de 'Oh, estavam ajoelhados'. Eles não queriam essa mensagem, não estavam prontos para isso, não ouviram. Espero que as pessoas estejam prontas para a mensagem agora. Realmente espero que estejam prontas para a mudança", relatou.

Mesmo tendo protestado em 2016, Marshall seguiu no Denver Broncos até 2018, quando se aposentou. Já Kaepernick, líder dos protestos, foi dispensado pelo San Francisco 49ers ao fim da temporada de 2016, e nunca mais foi contratado por nenhum outro time.

Já o quarterback Deshaun Watson, do Houston Texans, resolveu estar na linha de frente do combate ao racismo. Na terça-feira, 2, ele esteve presente nas manifestações ocorridas em Houston em memória de George Floyd. Em sua conta no Twitter, ele disse que a ida ao ato foi "pela família Floyd".

Em sua conta no Instagram, o quarterback do Dallas Cowboys, Dak Prescott, anunciou que doará US$ 1 milhão para financiar o treinamento de policiais para que tenham uma educação anti-racista. Na sua publicação, o jogador disse que o objetivo é de garantir a melhoria do treinamento policial e abordar sobre o racismo sistêmico por meio da educação e da advocacia. "Limparemos nossas ruas e nossas comunidades, não apenas dos saques e da violência, mas, o mais importante, [do] racismo, perfil racial e do ódio", disse em comunicado.

Drew Brees critica manifestações, é criticado, e se desculpa

Em meio a tantas ações e depoimentos de quem luta por mais igualdade racial dentro e fora do esporte, o quarterback do New Orleans Saints, Drew Brees, tomou caminho contrário e criticou as manifestações. Na quarta-feira, 3, em entrevista para o site Yahoo Finance, Brees disse: "eu nunca concordarei com qualquer um que desrespeitar a bandeira dos Estados Unidos da América ou outro país", ao ser questionado sobre a possibilidade de os protestos de 2016 na NFL voltarem em 2020.

Como reação, o quarterback foi duramente criticado, inclusive por companheiros de time, como Cameron Jordan, Malcolm Jenkins, Emmanuel Sanders e Michael Thomas. As críticas se estenderam também entre atletas de outros times da NFL. O quarterback Aaron Rodgers, do Green Bay Packers, respondeu pelo Instagram que os atos nunca foram por causa da bandeira norte-americana. "Alguns anos atrás nós fomos criticados por dar os braços em solidariedade antes do jogo. Nunca foi sobre o hino ou a bandeira. Não foi. Não é. Escute de coração aberto, vamos nos educar e então transformar palavras e pensamentos em ação".

Na manhã desta quinta-feira, 4 de junho, Brees pediu desculpas, também em comunicado pelo Instagram. Disse que "gostaria de pedir desculpas aos meus amigos, parceiros de time, a cidade de Nova Orleans, a comunidade negra, a comunidade da NFL, e qualquer um que eu ofendi com meus comentários ontem".

Protestos contra a violência policial na NFL

As primeiras manifestações contra a repressão da polícia aos negros nos Estados Unidos, como relatado anteriormente, começaram em 2016, com Colin Kaepernick, quando ele ajoelhou durante o hino antes de um jogo da pré-temporada. O movimento continuou, mesmo com o atleta perdendo espaço na liga. Em 2017, uma nova onda de manifestações se intensificou, principalmente após o discurso do presidente norte-americano, Donald Trump, que declarou que a NFL deveria banir quem ajoelhasse durante o hino de seu país, usando palavrões no seu discurso. Em reação, na rodada seguinte da liga após à fala do presidente, centenas de jogadores e dirigentes se ajoelharam ou deram as mãos antes das partidas.

George Floyd

Os atuais protestos nos Estados Unidos são por causa da morte do segurança George Floyd, em 25 de maio. Ele foi acusado de tentar fazer um pagamento com uma nota falsa de US$ 20, e foi rendido pela policia. Um vídeo mostra o oficial Derek Chauvin apertou o pescoço de Floyd com o joelho por mais de oito minutos, até que o segurança ficasse inconsciente. Ele foi levado ao hospital mas não resistiu.

Com os crescentes atos em defesa da igualdade racial, houve diversos confrontos entre manifestantes e a polícia. Mais de 40 cidades dos Estados Unidos declararam toque de recolher, ao qual continua a ser desafiado por quem pede por direitos iguais.

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