sábado, 19 de junho de 2021

500 mil vidas perdidas na pandemia, e a importância de se posicionar em meio à barbárie


Quando o Left Tackle Brasil surgiu, em julho de 2016, criei o site com o objetivo de ampliar a cobertura do futebol americano em nosso país. E, de certa forma, sigo fazendo isso. Basta ver nossos últimos textos que dedicam a maior parte do seu tempo à modalidade, com foco principal na NFL. Mas ao longo do tempo, determinados assuntos fora do esporte precisaram aparecer aqui, e aí que decidi que, sempre que houvesse necessidade, o extra-campo viraria pauta neste espaço.

Em março de 2020. no momento em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que a Covid-19 foi declarada como uma pandemia, imediatamente abri o espaço do LT para um histórico Maratona NFL, junto com o amigo Carlos Oliveira, falando principalmente do coronavírus, com informações sobre formas de contágio e medidas de prevenção na época. Sou jornalista, e desde a faculdade, a gente aprende que há coisas que vão além da editoria a qual cobrimos, e que é necessário dar o devido valor. Da mesma forma,  dei um significativo espaço ao importante movimento "Black Lives Matter", na onda de protestos contra o racismo nos Estados Unidos e no mundo, em reação à morte violenta de George Floyd. Essas pautas precisavam ser expressas aqui, e continuarão sendo, sempre que for necessário.

Por falar em pautas fora do esporte, é impossível não mencionar a triste marca de 500 mil vidas perdidas para a pandemia no Brasil. Neste sábado, 19 de junho de 2021, o Brasil se tornou o segundo país do mundo com meio milhão de mortos por Covid, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa. O primeiro foi os Estados Unidos, segundo a Universidade Johns Hopkins. E assim como o povo estadunidense, nós brasileiros também chegamos a este patamar infernal graças ao negacionismo por parte do governo federal.

Mas diferente de lá, em que o presidente negacionista perdeu a eleição, e mesmo ele comprou vacinas para todos os norte-americanos, aqui no Brasil vivemos o infernal calvário proporcionado pelo presidente Jair Bolsonaro. Embora seja louvável o trabalho dos institutos Butantan e Fiocruz no desenvolvimento das vacinas aplicadas nos brasileiros, o fato de seguirmos com duas mil pessoas morrendo diariamente tem como principal responsável o presidente da República. E por causa do negacionismo do presidente, somada a uma imbecil briga política com a China (principal exportador de insumos e doses para a produção das vacinas contra a Covid), temos pouco mais de 11% da população brasileira completamente imunizada agora, enquanto vários outros países já estão voltando à normalidade de antes da pandemia justamente por causa da vacinação em massa.

Esse terrível marco da pandemia no Brasil poderia ter sido evitado, se o governo brasileiro respondesse aos 81 e-mails enviados pela Pfizer desde o início da pandemia. A farmacêutica enviou oferta de vacinas ainda em agosto do ano passado, e todas estas mensagens foram ignoradas, segundo revelações da CPI da Covid, no Senado Federal. A imunização em nosso país poderia começar ainda em dezembro passado se não fosse a tática genocida do governo em ignorar vacinas, apostar em remédios sem eficácia, e  na sabotagem do isolamento social, liderada pelo presidente. 

Há quem diga que esporte e política não se misturam, mas isso não é verdade. Vale lembrar que a Copa América, aquela que já infectou 82 pessoas até o fechamento deste texto, foi trazida para o Brasil com o apoio de Bolsonaro. Responder a oferta de vacinas não era prioridade de meses, mas aceitar um torneio inútil e caça-níquel em meio a maior crise sanitária de nossa história, e ainda não controlada, foi uma decisão tomada em menos de 12 horas. 

Neste momento de dor para as famílias de meio milhão de brasileiros, resta a nossa solidariedade. O Left Tackle Brasil lamenta profundamente por estas vidas perdidas. Sabemos que pessoas que liam este site, ouviam o Maratona NFL, e não perdiam um jogo da NFL, não estão mais aqui porque não houve vacina para elas, e porque o governo não as comprou antecipadamente. Afirmo em meu nome, como fundador e editor-chefe deste site, que continuarei me manifestando contra a barbárie que ainda ocorre em nosso país. Há quem não aprove o que é falado aqui, e deixa de acompanhar o meu trabalho, mas neste espaço não terá local para negacionista. Que em breve, com a ajuda da ciência e da vacina, nós vençamos esta guerra contra a Covid-19. E após vencermos a pandemia, que a justiça seja feita contra os responsáveis pela hecatombe que vivemos há mais de um ano.

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