segunda-feira, 6 de abril de 2020

Como fica a NFL em meio à pandemia da Covid-19?

Draft deste ano será feito online, sem público
Estamos em uma offseason diferente. Em qualquer outro ano, um dia como esta segunda-feira, 6 de abril, seria para lamentar a falta de jogos da NFL, e de ter maiores expectativas quanto ao Draft da liga, já que o auge da free agency se passou. Porém, o que deve estar na mente de muitos torcedores da NFL, inclusive eu, é a resposta para uma simples dúvida, porém necessária, diante desta época em que vivemos uma pandemia. Como será a próxima temporada? O motivo para tanta incerteza é o coronavírus, que já atingiu mais de 1,2 milhão de pessoas, com mais de 75 mil vítimas.

Neste momento, nenhuma grande competição esportiva no mundo está em andamento. Copa Libertadores, UEFA Champions League, Fórmula 1, NBA, NHL, MLB e outros tantos torneios estão suspensos. No Brasil, até mesmo os campeonatos estaduais não estão acontecendo, e provavelmente nem terminarão, pois muitos times contrataram jogadores até o final deste mês, quando as competições terminariam, e não têm dinheiro para a renovação de tais vínculos. E ainda, no meio esportivo, não podemos esquecer que o maior evento programado para ocorrer em 2020 foi transferido para o ano que vem. Os Jogos Olímpicos de Tóquio serão em 2021, em um momento inédito para um evento de 124 anos, que só teve cancelamentos na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. Para não dizer que não tem nada acontecendo, há ainda o campeonato de futebol de Belarus, país onde o seu presidente, Aleksander Lukashenko, minimiza a pandemia, e diz para as pessoas beberem vodca em vez de se isolarem socialmente – medida preventiva que a Organização Mundial da Saúde (OMS), governos nacionais do mundo inteiro e o Ministério da Saúde brasileiro recomendam.

A National Football League ainda não foi duramente castigada pela Covid-19, como os demais eventos acima destacados. Quando o coronavírus teve seus primeiros infectados, em 31 de dezembro de 2019, na China, a temporada passada ainda acontecia normalmente. O vírus chegou nos Estados Unidos em 22 de janeiro, em meio aos Playoffs, permitindo que a competição terminasse sem nenhum problema. Porém, com o contágio rápido, hoje não há um único lugar do mundo em que a situação esteja tranquila. Somente no território norte-americano, mais de 347 mil pessoas estão infectadas, com 10 mil mortes, segundo a Universidade Johns Hopkins informou nesta segunda-feira, 6.

E é por este contágio elevado que, mesmo restando ainda quatro meses para o futebol americano teoricamente voltar (contando pré-temporada), já ficam as incertezas quanto ao seu retorno dentro da normalidade. Por conta de um decreto nacional que determina a quarentena até 30 de abril, o Draft, previsto para de 23 a 25 deste mês, será totalmente virtual, nada comparado com o grande palco, com calouros vestindo terno e expondo as jerseys de suas novas equipes.

Da mesma forma, também pode haver a possibilidade de os estádios da NFL virem a ser usados como hospitais de campanha, como no Brasil com o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, como forma de desafogar o sistema de saúde nas cidades onde há alguma franquia da liga. E também seria uma forma das equipes se mostrarem mais solidárias em um momento tão complicado para o mundo. Já houve algo semelhante em 2005, quando o New Orleans Saints disponibilizou o Mercedes-Benz Superdome para a população de Nova Orleans que ficou desabrigada após o furacão Katrina.

Pela parte social envolvendo os times, de meu conhecimento, há dois grandes momentos. Um deles é o do Green Bay Packers, que doou refeições para os profissionais de saúde que estão atendendo aos pacientes da Covid-19 no estado do Wisconsin. O outro foi feito pelo New England Patriots, em que o dono da equipe, Robert Kraft, disponibilizou o avião que transporta o time para que este fosse até a China buscar 1,2 milhão de máscaras, que foram doadas para as regiões de Boston e Nova York.

Quanto aos jogos, acredito que, mesmo que até setembro a situação se amenize, os respingos na temporada da NFL se darão por uma competição mais reduzida, tanto em público quanto no número de jogos. Talvez até por isso que a liga ainda não divulgou o seu calendário, para esperar dia após dia a evolução de casos e mortes nos Estados Unidos. Claro que não dá para garantir nada, mas torcerei para que tenhamos futebol americano ainda neste ano.

Além desta torcida, a maior delas vai para que logo consigamos vencer a guerra contra o coronavírus. É importante que todos nós mantenhamos a nossa posição de ficar em casa, evitar aglomerações e sair de casa apenas para o essencial – e com máscaras feitas artesanalmente, como recomenda a OMS. Esta é a batalha das nossas vidas. É o nosso Super Bowl! E somente com todos fazendo a sua parte é que vamos conseguir driblar da Covid-19 como Lamar Jackson dribla correndo com a bola dos defensores. Que logo tudo isso passe, para que, quando for possível, a gente consiga pensar no futebol americano com mais certezas do que dúvidas.

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