segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Depois do tudo ou nada, a glória: Rams vira no último minuto, e vence o Super Bowl LVI


Time de Los Angeles conquista seu segundo título (foto: Getty Images)


Já dissemos aqui algumas vezes, que na maior parte dos casos, a formação de um time grande na NFL costuma ser um processo longo e trabalhoso, com a aquisição de grandes talentos via Draft, somada às chegadas de alguns craques através de trocas ou entre quem está livre no mercado. Mas há casos em que se tenta encurtar esta trajetória, com ousadas movimentações que almejam o título do Super Bowl em pouco tempo. 

Desde que voltou a jogar em Los Angeles, em 2016, o Rams trocou escolhas altas de Draft, com o objetivo de conquistar o Troféu Vince Lombardi o mais breve possível, unindo atletas jovens de incrível talento a outros veteranos que ainda poderiam mais, e que não estavam rendendo tão bem em seus times anteriores. Em 2019, o titulo da NFL ficou perto de ser alcançado, mas faltava algo a mais para completar este elenco. Com os ajustes feitos, superando adversários mais fortes, e com uma enorme capacidade de recuperação, o "all in", ou o "tudo ou nada", deu certo. Com uma virada no último minuto, o Los Angeles Rams venceu o Cincinnati Bengals por 23 a 20, e levou o Super Bowl LVI.

A partida consagra o fortíssimo elenco de Los Angeles, que coincidentemente jogou a decisão em casa, no SoFi Stadium. Um time formado pelo talentoso quarterback Matthew Stafford, que está na NFL desde 2009, e passou por inúmeros maus bocados enquanto jogava no Detroit Lions, até ser trocado para o Rams e conquistar de cara o título do Super Bowl, passando para 283 jardas, três touchdowns e duas interceptações. É também o Rams do wide receiver Cooper Kupp, que chegou no time via Draft, e hoje é um dos melhores em sua posição em toda a liga, e merecidamente foi eleito o MVP da decisão, com 99 jardas totais, duas recepções para touchdown, incluindo o TD do título. Também lembramos do já lendário defensor Aaron Donald, que fez dois sacks na decisão, e tem seu nome na jogada derradeira. E é o time de outras estrelas que se juntaram nos últimos anos via troca ou contratações de meio de temporada, como a do também wide receiver Odell Beckham Jr, do linebacker Von Miller e do cornerback Jalen Ramsey, e que tem como treinador Sean McVay, o mais jovem a vencer o Super Bowl, com 36 anos. É esta franquia a campeã de 2021/22 da NFL.

É o segundo título de Super Bowl do Rams, o primeiro desde 2000, e o primeiro com a franquia mandando seus jogos em Los Angeles. Além disso, o time é o segundo a vencer o Super Bowl jogando em casa, e repete o feito do Tampa Bay Buccaneers de 2021.  Por outro lado, o Cincinnati Bengals fez um jogo decente, e ameaçou vencer em parte da partida. O quarterback Joe Burrow passou para 263 jardas e um touchdown, mas sofreu sete sacks, um recorde na decisão. O wide receiver Tee Higgins recebeu para 100 jardas e dois TD's (um em passe do running back Joe Mixon), e Ja'Marr Chase recebeu para 89 jardas. O Bengals jogou o terceiro Super Bowl de sua história, e continua sem títulos.

Rams inicia bem

No Super Bowl LVI, as defesas começaram aparecendo nas primeiras posses de bola de Rams e Bengals. Porém, um erro de Cincinnati ao arriscar a quarta descida no meio-campo foi determinante para o placar sair do zero. Matthew Stafford logo conectou um importante passe para Cooper Kupp, e na sequência, fez o lançamento para o wide receiver Odell Beckham Jr anotar o primeiro touchdown do jogo. A reação do Bengals veio logo na sequência, quando Joe Burrow fez um belo passe para Ja'Marr Chase, embora a campanha terminou com um field goal do kicker Evan McPherson.

Entre o final do primeiro período e o início do segundo, o Rams avançou rapidamente pelo campo, até conquistar o seu segundo touchdown, em passe de Stafford para Kupp. A vantagem no placar ficou em 10 pontos, pois houve um fumble na tentativa de extra point. Com a bola nas mãos, o Bengals entrou no jogo com uma campanha bastante demorada, com o running back Joe Mixon sendo mais explorado, alternando com passes curtos de Burrow. Na linha de seis jardas, Cincinnati anotou o seu primeiro TD, mas não com passe do quarterback. Em uma ousada trick play, Burrow entregou para Mixon, que conectou um belo lançamento para Tee Higgins, livre na endzone, marcar o touchdown.  

Pouco antes do intervalo, o jogo parecia mudar de momento, a favor do Bengals, pois Stafford forçou um passe longo, mas acabou interceptado por Jessie Bates. Não houve tempo para que alguém pontuasse e a partida foi para o intervalo com uma curta vantagem do Rams por 13 a 10. Além disso, o time de Los Angeles sofreu uma enorme baixa, já que o wide receiver Odell Beckham Jr machucou o joelho, e não poderia mais continuar em campo.        
Intervalo histórico

Desde que foram reveladas as atrações do Halftime Show do Super Bowl LVI, havia muitas expectativas para a apresentação de Eminem, Snoop Dogg, Dr. Dre, Mary J. Blige e Kendrick Lamar. E todos cumpriram com um dos maiores shows do intervalo de todos os tempos, com diversos clássicos do rap e hip hop apresentados ao vivo. Houve ainda espaço para surpresas, já que 50 Cent também apareceu para a festa. 

Em protesto, Eminem ajoelhou durante o Halftime Show (Foto: Mike Segar/Reuters)


E mesmo que no contrato com a NFL havia uma cláusula proibindo os cantores a fazerem qualquer protesto, teve sim manifestação durante o show. Após cantar "Lose Yourself", ele ajoelhou no palco, em alusão aos protestos antirracistas liderados pelo ex-quarterback Colin Kaepernick. Então jogador do San Francisco 49ers em 2016, ele começou a se ajoelhar no hino americano como forma de se manifestar contra a violência policial contra negros. Após aquela temporada, perdeu seu contrato e nunca mais conseguiu espaço em nenhum time da liga, porém, se tornou símbolo da luta antirracista nos Estados Unidos.

A íntegra do Halftime Show você pode conferir aqui:

Bengals volta com tudo

Quando houve o kickoff de retorno da partida, mal deu tempo dos torcedores se acomodarem no sofá. Na primeira jogada de ataque do Cincinnati Bengals, teve touchdown. Joe Burrow fez um grande lançamento. Tee Higgins se livrou de Jalen Ramsey, e conseguiu um touchdown de 75 jardas – vale ressaltar que deveria ter havido falta na jogada, mas a arbitragem não assinalou. Pela primeira vez, o Bengals liderava no placar, e tinha motivos para comemorar mais, já que Chidobe Awuzie interceptou Matthew Stafford logo na sequência. Apesar do Turnover, o Bengals sofreu com seu setor mais carente, a linha ofensiva, que permitiu cinco sacks em Burrow apenas no terceiro período.

Mesmo com os problemas ofensivos, o Bengals conseguiu pontuar com mais um field goal, ampliando sua vantagem. Porém, o Rams conseguiu reagir, também com um field goal, anotado pelo kicker Matt Gay. A vantagem de Cincinnati era de quatro pontos no momento em que começou o último quarto.

Após várias trocas de posse de bola, enfim, a reação do Rams

Por grande parte do terceiro quarto, e mais da metade do último período, o jogo se resumiu na alternância da posse de bola entre Bengals e Rams, sem grandes avanços nem grandes jogadas. Tudo começou a mudar quando Joe Burrow, ao sofrer o seu sétimo sack na partida, saiu de campo machucado. Ele voltou a jogar, mas não conseguia mais se posicionar para fazer os passes em que fazia ao longo da partida. 

Restando pouco mais de seis minutos para o fim do jogo, o Rams teve a bola mais uma vez. Ainda parecia difícil a reação, pois a defesa do Bengals estava jogando bem. Mas aí a parceria entre Matthew Stafford e Cooper Kupp, que levou este Rams ao Super Bowl, veio para se eternizar na história. Primeiro, apenas com Kupp, que correu com a bola em uma ousada quarta descida arriscada no campo de defesa. Depois, com recepções do camisa 10 após passes precisos do camisa 9. Mas novamente, Cincinnati parecia que daria um freio nesta investida final, até que, o que seria uma quarta descida para o Rams, já a menos de dois minutos para o final, Logan Wilson cometeu falta de interferência de passe, permitindo à Los Angeles a ter mais quatro tentativas para o touchdown. 

Na sequência, veio o TD, mas as faltas de ambos os times anularam o lance. Porém, Eli Apple, do Bengals, fez outra falta. Dado o excesso de erros de Cincinnati, o Rams aproveitou a chance para a virada. Na linha de uma jarda, Stafford passou para Kupp, e foi confirmado o touchdown. Era a virada por 23 a 20, a 1:29 do final da partida.  

Com dois touchdowns, Cooper Kupp foi eleito o MVP da partida


Coube ainda uma última chance para o Bengals. O time até tentou, mas a defesa de Los Angeles, com Von Miller e, principalmente, Aaron Donald, estava sedenta pelo título. Na quarta e última descida de Cincinnati, Joe Burrow estava na iminência de ser derrubado de novo por Donald, jogou a bola fora e errou o passe. Era o fim da festa. O Los Angeles Rams garantia o título do Super Bowl LVI.

Título coroa uma forte geração

Desde 2017, quando Sean McVay virou treinador do Rams, já era nítida a mudança de patamar da franquia. Mas ainda faltava a aquisição de grandes talentos para formar um elenco completo. Desde 2016 que Los Angeles não escolhe na primeira rodada do Draft, e isso seguirá até 2024. Pode não ter sido o caminho normal de evolução de uma equipe, mas valeu a pena. A recompensa foi justa ao vencer um Super Bowl com todos os seus méritos. 

Herói da jogada derradeira, Aaron Donald pode estar se aposentando

Resta agora a dúvida sobre o futuro da equipe. Jogadores como Von Miller e Odell Beckham Jr podem sair, por estarem em final de contrato. Há a possibilidade de Aaron Donald e o offensive tackle Andrew Withworth se aposentarem. Pode ser que haja uma reformulação do elenco para a próxima temporada, ou pode até mesmo ser que os atletas que poderão sair acabem ficando com contratos reestruturados. Mas esta conversa poderá vir mais para frente. Agora, o momento da torcida ainda é de comemoração pelo título da NFL.

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