Na NFL, torcidas de diferentes times convivem harmoniosamente nas arquibancadas |
Com o notório crescimento de fãs de futebol americano em nosso país, principalmente nesta última década, um fenômeno vem acontecendo e infelizmente, a cada dia se torna mais presente. Estão "futebolizando" a NFL.
O verbo "futebolizar" não será encontrado em nenhum dicionário, mas esta palavra e suas derivações estão sendo cada vez mais utilizadas ao identificar fãs de um determinado esporte que carregam a cultura enraizada no nosso futebol de apelar sempre para propagar o ódio. Nesses casos, estas pessoas vivem a fazer argumentos rasos e cornetas que não levam a lugar algum, que motivam a gerar antipatia por algo ou alguém.
Isso infelizmente é prática comum do futebol da bola redonda. Eu já fiz isso e você que lê este texto provavelmente já o fez também. Só que, com o tempo, percebi que este tipo de situação é nada saudável em outros esportes, principalmente em uma modalidade tão legal como o futebol americano, que continua em crescimento de fãs e requer conhecimento e dedicação para entender suas regras, e que quando entendidas, vicia e apaixona de uma forma intensa e emocionante.
A futebolização não é um problema apenas da NFL, e é algo que já vem de tempos no Brasil. Nos anos 80, muitos dos fãs de automobilismo se dividiam entre torcer para Ayrton Senna ou Nelson Piquet, dois excelentes pilotos multi-campeões de Fórmula 1 naquela época. Quem era simpático a um não tinha o mesmo sentimento pelo outro. Em outras modalidades, o sentimento "hater" (termo comum a quem passa a propagar o ódio no mundo virtual) é bem visto atualmente, principalmente no basquete, na NBA, com times como Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers, atuais melhores equipes da liga.
No futebol americano, esta situação desagradável cresceu consideravelmente na mesma proporção do grande "boom" que o esporte teve. Já é comum que argumentos fracos, de ódio e preconceito, apareçam em alguns perfis e nas seções de comentários nas matérias sobre a NFL. "Chupa X", "Time A é modinha", "Time B só sabe ganhar roubado", "Time C não tem Super Bowl" ou "Quem torce pra Time D é gay", são algumas destas opiniões "zueiras" que já são comumente encontradas, e que de engraçadas não tem nada. Qualquer semelhança com opiniões sobre times de futebol não é mera coincidência.
Ao mesmo tempo que esse tipo de opinião fraca vem dominando entre quem acompanha a liga, isso pode afastar um novo fã do esporte. Ou pior, pode inflar esta pessoa a também propagar o ódio contra uma equipe que não gosta. Isso é péssimo para todos.
Que fique claro que não somos contra o bom humor. O que se chama de "corneta saudável". Ou seja, rir de um passe ruim, de um jogador superestimado que continua na liga, de uma jogada bizarramente mal feita (como AQUELA trick play do Indianapolis Colts), ou de um time que tomou uma virada inacreditável (como no Super Bowl LI e as infinitas piadas com os 28 a 3 que o Atlanta Falcons tinha de vantagem). Isso é normal e ajuda a deixar um clima leve, desde que ninguém trate com falta de respeito um adversário. O que é errado é o tipo de zoação que não leva a lugar nenhum, como os exemplos já citados acima. Portanto, é importante deixar bem claro que a "zueira" tem limite sim.
Felizmente minha formação com a NFL foi pelo lado positivo. Comecei a ver a liga em 2011, me apaixonei logo de cara e fiz minha torcida. E todo mundo se ajudava a entender as regras, as posições, os principais jogadores e tudo mais. Esta paixão foi tão boa, que qualquer jogo acaba sendo muito legal de se assistir, independente de ser uma equipe que a gente tenha um carinho maior ou não.
Até hoje sigo fazendo isso, tanto que aqui no Left Tackle Brasil, sempre busco explicar as coisas nos mínimos detalhes, pois alguém que está começando a ver o futebol americano por agora pode não estar a par de tudo. O companheirismo entre quem acompanha a bola oval é o que mais me encanta desde o primeiro momento que parei para acompanhar a modalidade. Temos pouco mais de um ano e somos pouco mais de 1000 pessoas totais que nos acompanham pelo Facebook ou pelo Twitter.
Mas era necessário fazer esse alerta. A futebolização do esporte não é boa para ninguém. Quantas brigas e até mortes já aconteceram no futebol por conta de discussões bobas e que não levam a lugar algum? Muitas! Não precisamos que este tipo de comportamento odioso também seja herdado para o nosso futebol americano. Pois assim, acabará toda a diversão que se dá ao acompanhar o maravilhoso mundo do esporte da bola oval.
Cara, me identifiquei e muito com este texto, tanto nas sensações que fizeram com que eu me apaixonasse pelo esporte quanto pela sensação da "futebolização".
ResponderExcluirE o pior é que até os argumentos para se defender de criticas como a sua está idêntico aos do futebol: HURR DURR QUANTO MIMIMI, HURR DURR O MUNDO TÁ MUITO CHATO, HURR DURR A ZUEIRA FAZ PARTE.
Nego até hoje não aprendeu no Brasil a separar zueira de desrespeito e preconceito.