sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

De rejeitados a finalistas de conferência – a história dos quarterbacks sobreviventes na NFL

Nick Foles, Case Keenum, Tom Brady e Blake Bortles: os QB's finalistas de conferência na NFL

Neste domingo (21) vamos conhecer os dois times participantes do Super Bowl LII, isso porque teremos as Finais de Conferência. Ou seja, apenas quatro equipes continuam na temporada da NFL.

Estamos em 2018, mas continuamos na temporada de 2017 da NFL. E neste ano, um  fator curioso envolve a posição mais importante do futebol americano, a de quarterback. Três dos quatro finalistas de conferência nunca venceram o Super Bowl. Ou melhor, sequer chegaram a grande decisão da NFL, nem como titulares e muito menos como reservas. 

Se voltássemos no tempo, e disséssemos lá em 2016 a algum torcedor que Nick Foles, Case Keenum e Blake Bortles estariam entre os quatro QB’s que sobreviveram aos Playoffs até agora, certamente este torcedor diria que estamos loucos. Estes três tiveram carreiras complicadas, sem conseguir uma afirmação em nenhuma equipe. Eram considerados atletas que teriam vida curta na NFL. Até chegarmos a esta temporada, em que, alçados a titularidade sob os mais diversos motivos, deixam seus times a um passo da grande decisão.

A exceção entre os finalistas é Tom Brady, o quarterback do New England Patriots. Brady é um dos maiores da história, o único a conquistar cinco títulos de Super Bowl. Mas até ele já viveu este momento em que seus concorrentes atuais estão passando.

Em 2000, Brady chegou a NFL praticamente como anônimo, na sexta rodada do Draft, precisamente na escolha 199. Ele só estreou de fato em 2001, quando seu antecessor, Drew Bledsoe, se lesionou. De contestado, o quarterback conseguiu o título logo em sua primeira temporada como titular. É o único dos jogadores que estão nas finais de conferência que já levou o Troféu Vince Lombardi. Com 40 anos, Brady continua jogando em alto nível, e tem contrato com New England até 2019.

Agora, falaremos do ponto semelhante que envolve os outros três titulares. Começamos por Blake Bortles, do Jacksonville Jaguars. Apesar de só ter jogado profissionalmente na franquia da Florida, sua titularidade nunca foi uma unanimidade. Bortles foi o primeiro QB escolhido no Draft de 2014, com a terceira escolha geral. Virou titular na semana 3 da sua temporada de estreia, e não foi reserva em nenhum jogo desde então. Porém, sua carreira em Jacksonville é marcada por muitas interceptações lançadas (64 no total).

Antes desta temporada 2017-2018, não era nenhuma certeza de que começaria jogando na semana 1, e só se garantiu em campo porque os reservas não foram bem na pré-temporada. Mesmo sem ter tido números tão expressivos neste ano, enfim conseguiu levar o Jaguars aos Playoffs, tendo algumas boas atuações quando o jogo terrestre não foi tão prolífico no ataque. Por levar sua franquia a final da AFC, Bortles pode pelo menos ter garantido sua permanência por mais alguns anos.

Já os dois quarterbacks finalistas da NFC têm em comum o fato de já terem jogado em três times diferentes – e já foram colegas. Quem está há mais tempo na NFL entre estes é Nick Foles, do Eagles. Sua carreira profissional curiosamente começou na franquia da Philadelphia, selecionado na terceira rodda do Draft, em 2012, jogando em sete partidas. Em 2013, seu segundo ano, Foles teve uma temporada monumental, lançando 27 passes para touchdown e apenas duas interceptações, em números inflacionados por um inovador sistema ofensivo proposto pelo então técnico Chip Kelly. O QB levou o Eagles aos Playoffs daquela temporada. Dali em diante, sua carreira entrou em declínio.

As defesas adversárias se adaptaram a forma como o Eagles de Chip Kelly jogava, e em 2014, suas estatísticas foram reduzidas drasticamente – além de ter jogado apenas oito das 16 partidas naquela temporada. No ano seguinte, Foles foi trocado para o então St Louis Rams, onde lançou mais interceptações que touchdowns, e também não foi titular em todos os jogos. Em 2016, veio a dispensa, e diante da falta de opções no mercado, foi para o Kansas City Chiefs para ser o reserva de Alex Smith. Nesta atual temporada, coube a Foles voltar para o Philadelphia Eagles, mas agora sob a condição de reserva de Carson Wentz. Só foi alçado a titularidade na semana 14, porque Wentz rompeu os ligamentos do joelho. Nick Foles não comprometeu under center, e já classificado, encaminhou o time para a primeira posição da NFC. Agora, finalista da Conferência Nacional, ele pode levar sua franquia ao Super Bowl. Porém, para 2018, o camisa 9 voltará para a reserva, ou então terá de procurar por alguma outra equipe.

Já Case Keenum, o quarterback do Minnesota Vikings, teve uma vida ainda mais difícil na NFL. Nas suas quatro primeiras temporadas como profissional, ele participou de apenas 26 partidas, como titular ou reserva – isso dá menos que duas temporadas completas. O jogador não foi escolhido no Draft, e foi contratado para jogar pelo Houston Texans em 2013, como calouro não-draftado. Ele participou de oito jogos naquele ano, quando a franquia teve a pior campanha de toda a liga. Em 2014, Keenum teve ainda menos oportunidades em campo, em dois jogos, e foi cortado ao final daquela temporada.

O 2015 de Keenum foi semelhante ao de Nick Foles. Ambos foram para o St Louis Rams. Assim, Foles seria o titular, e Keenum o reserva. Naquela época, a franquia tinha Jeff Fischer de treinador, um head coach que teve um trabalho longo mas que envolveu o legado de não contribuir para a evolução de um quarterback. Voltando a Case Keenum, ele foi a campo menos vezes que Foles, mas ficou na franquia após aquele ano. Em 2016, no modificado Los Angeles Rams, ele iniciou o ano como titular – mesmo com a escolha de Jared Goff na primeira posição geral do Draft. Após lançar mais interceptações que touchdowns em 10 jogos, Keenum virou reserva de Goff, e cortado na offseason.

A redenção veio agora, em 2017-2018, pelo Minnesota Vikings. Sua chegada foi para ser reserva de Sam Bradford, mas este se lesionou. Em 14 jogos como titular, Keenum lançou para 22 touchdowns e apenas sete interceptações. Nos Playoffs, após a virada memorável sobre o New Orleans Saints, Case Keenum é o QB que poderá levar o Vikings ao Super Bowl depois de muitos anos. Quanto ao futuro, não há uma ideia sobre o que irá acontecer ao jogador, mas sua carreira na NFL terá agora uma duração um tanto mais longa devido ao excelente ano de 2017.


Os quatro quarterbacks titulares que estão nas Finais de Conferência tiveram caminhadas com muitos obstáculos para chegar até aqui. Brady já é um consagrado, mas também teve um começo difícil, e que cabe ser lembrado. Bortles, enfim, pode se garantir como um franchise quarterback. E Foles e Keenum, de reservas para compor elenco, agora podem ter a chance de se consagrar em equipes que ainda estão atrás de um título nacional. Os jogos deste domingo têm tudo para contar com excelentes histórias. 

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